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“Em Inglaterra as pessoas são mais frias mas tudo se resolve com uma chávena de chá”
Flávio Gonçalves trabalha em Boston, cidade a 160 km a norte de Londres

“Em Inglaterra as pessoas são mais frias mas tudo se resolve com uma chávena de chá”

Flávio Gonçalves trabalha em Inglaterra como técnico de radiologia e é por lá que quer continuar. Apesar das diferenças culturais o jovem da Golegã conseguiu adaptar-se facilmente ao país que decidiu deixar a União Europeia.


Flávio Gonçalves é técnico de radiologia no Pilgrim Hospital Boston, em Inglaterra. O jovem, natural da Golegã, decidiu largar tudo em Setembro de 2009 para partir sozinho para uma grande aventura por terras de sua majestade.
“Já queria emigrar desde que estava a tirar o curso de Radiologia em Lisboa. Optar pelo país foi fácil, pois Inglaterra além de contar com uma economia melhor que Portugal, tem uma língua oficial conhecida de todos e a profissão de técnico de radiologia é valorizada”, confessa o jovem de 33 anos, admitindo que se adaptou facilmente ao novo país e à cidade de Grantham.
Flávio Gonçalves explica que existem algumas diferenças entre Portugal e Inglaterra. E não é só pela condução à esquerda. Começa logo pela forma de relacionamento. Enquanto os portugueses são conhecidos por abrirem a porta a toda a gente, com os ingleses não acontece o mesmo. “Aqui as pessoas são mais frias mas tudo se resolve com uma chávena de chá”, adianta o técnico de radiologia.
Depois, o respeito entre as pessoas é muito maior. De tal forma que nos hospitais não têm seguranças à porta como acontece em Portugal. Outra diferença é a nível da gastronomia. Além de consumirem pouco peixe, por ser um alimento muito caro, muita alimentação é à base de fritos. “Chegam mesmo ao ponto de venderem nas pequenas ‘fish shops’ barras de chocolate panadas e fritas”, conta.

Saudades da família, do sol e da comida da mãe
Flávio vive sozinho e para já não tem namorada. Apaixonado pelo seu país, o jovem confessa que do que sente mais saudades de Portugal é da família, dos amigos, do sol e da comida portuguesa, principalmente a feita pela sua mãe. Felizmente, adianta, vive-se numa era em que a tecnologia ajuda a encurtar distâncias, graças às vídeo-chamadas, mensagens e emails.
Nos tempos livres, além de ir ao ginásio, sai com os amigos e viaja para conhecer o país e, claro, tenta sempre arranjar um tempinho para falar via Skype com os amigos e a família que se encontram em Portugal.
O dia de Flávio Gonçalves começa cedo, entrando ao serviço pelas oito da manhã. Segue-se um longo dia de trabalho com uma hora de pausa para almoçar. Quando não faz turnos extra é pelas 18h30 que sai do hospital e ruma a casa ou ao ginásio. É quando aproveita para descansar e ir para o fogão. “Normalmente, aventuro-me a confeccionar comida portuguesa que é a que gosto mais”, revela.
O técnico de radiologia, especializado em tomografias computorizadas ao cérebro, não tem dúvidas que o atendimento nos hospitais ingleses é muito melhor que nos hospitais portugueses. Começa logo pelo tempo de espera depois da triagem. “Em Inglaterra, se um doente esperar mais de quatro horas para ser atendido, o hospital pode ser multado”, conta, revelando que isso acontece muito raramente e normalmente são doentes menos urgentes e que requerem uma determinada especialidade.
O jovem diz ainda que também os exames são gratuitos e a medicação é bastante barata, tendo sempre um custo de cerca de nove libras, apesar do seu preço original ser maior. “Ou seja, se tiver três medicamentos caríssimos, paga-se só 27 libras”, explica o emigrante.
Flávio conta que já lhe passaram doentes de todo o tipo pelas mãos desde o politraumatizado ao que sofreu um simples acidente de trabalho. Garante ainda que os mais queixosos são os mais novos e também são os que, por norma, têm as situações mais simples de resolver. Sem ver com bons olhos o futuro da sua profissão e do país, e apesar do Brexit, Flávio diz que pretende continuar a viver em Inglaterra e constituir família ali. “Talvez quando me reformar volte para Portugal, mas até lá vou-me mantendo aqui, onde as condições são muito melhores”, afirma.

“Em Inglaterra as pessoas são mais frias mas tudo se resolve com uma chávena de chá”

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