A companhia de teatro Cegada, de Alverca do Ribatejo, celebrou o Dia Mundial do Teatro, 27 de Março, com conteúdos e espectáculos nas plataformas digitais devido à pandemia de coronavírus. Uma forma de contribuir para a melhoria do tempo passado pelas famílias em isolamento, resultante do Estado de Emergência decretado pelo Governo.
Em Março o Cegada celebrou 34 anos de actividade. Nos conteúdos disponibilizados a partir do Youtube encontram-se as peças “Casal Aberto”, de Dario Fo e Franca Rame, e “Fronteira Fechada”, de Alves Redol, a par com espectáculos destinados à infância com textos como “O Gigante Egoísta” ou “O Príncipe Feliz”, a partir de Oscar Wilde, ou ainda “Dom Quixote de La Mancha”, a partir de Miguel de Cervantes.
“Esta é uma demonstração de boa vontade porque sabemos que há um grupo enorme de pessoas que não conseguiu ver estas peças. Ninguém se sente confortável a fazer isto mas são tempos de excepção”, explica Rui Dionísio, director artístico daquela companhia.
Os vídeos resultam de uma mescla de capturas de “memórias de cena”, um conjunto de vídeos que guardam as peças para memória futura. Em condições normais nunca seriam mostrados ao público. “O que queremos é mostrar que mesmo não podendo celebrar o teatro iremos evocá-lo esperando por um futuro melhor”, refere.

Companhias com actividades suspensas
O grupo Fatias de Cá, de Tomar, coloca à disposição de quem o solicite as peças que filmaram e que já não estão em exibição. “Como se trata de ficheiros pesados o envio é feito a quem o solicitar via email”, adianta Carlos Carvalheiro, encenador e director artístico do grupo.
Agora parada, a companhia está a aproveitar o tempo para fazer arranjos e pinturas na Destilaria da Brogueira, no concelho de Torres Novas, onde apresentava a peça “Os Relvas” (segundo Alves Redol) todos os domingos, até à obrigação de suspensão. Em Tomar alguns elementos da companhia aproveitam para pôr em dia papelada e burocracias como o tratamento de inquéritos. Tarefas que, segundo Carlos Carvalheiro, acabavam sempre por ficar para trás por falta de tempo.
Em Abrantes, o grupo de teatro Palha de Abrantes suspendeu todas as actividades e pretende regressar em Setembro ou Outubro, altura em que se espera que a pandemia provocada pela Covid-19 esteja ultrapassada. A presidente da direcção da colectividade, Helena Bandos, disse a O MIRANTE que optaram por suspender tudo o que tinham programado para esta Primavera e Verão. O grupo estava a ensaiar duas peças de teatro: “Nunca nada de ninguém”, de Luísa Costa Gomes, e “O fim do mundo é ficar sem telemóvel”, do encenador do Palha de Abrantes, Delano Valentim. Esta última peça tinha estreia marcada para 21 de Março.
O grupo tinha também previsto apresentar um espectáculo de música, poesia e vídeo, criado por Delano Valentim, Paula Vale e Soraia Afonso, a 27 de Março, com o intuito de assinalar o Dia Mundial do Teatro. A Mostra de Teatro que o Palha de Abrantes organiza todos os anos durante o mês de Maio, que junta várias companhias de teatro amador do país, foi adiada para Outubro. “Optámos por parar porque não existem condições de saúde pública para trabalharmos. Quando regressarmos vai ser com muito mais força e uma maior dinâmica”, garante Helena Bandos.