Atletas profissionais da região montaram ginásios em casa
Inês Henriques, Patrícia Sampaio e Miguel Arraiolos são atletas de Alto Rendimento que, por causa da pandemia, foram obrigados a fazer pela vida. O MIRANTE falou com eles e encontrou uma ideia comum: o importante é manter o optimismo e treinar em casa e sem descanso.
Inês Henriques estava a preparar-se para mais um treino quando atendeu a chamada de O MIRANTE. “Rápido que tenho de ir correr. Treinar é o meu trabalho e não gosto de chegar atrasada”, avisou. As restrições por causa da pandemia da Covid-19 alteraram as rotinas da atleta olímpica de Rio Maior.
Inês Henriques todas as manhãs faz um treino de marcha que dura cerca de duas horas, sozinha, num circuito isolado. Diz que neste momento está a treinar como se estivesse a iniciar a época. Ao final da tarde vai para um pinhal para um treino curto só para “esticar as pernas”. As massagens acabaram e a sala de estar, ou o quintal da sua casa, são agora ginásios improvisados.
“Tenho aproveitado o isolamento para cuidar do jardim e remexer nos baús”. Uma vez por semana recebe a visita da irmã e dos sobrinhos seguindo todas as cautelas. Inês Henriques reconhece que vê poucas notícias e que não se sente afectada pelo adiamento dos Jogos Olímpicos do Japão. Embora com 39 anos de idade, acredita que ainda pode dar provas do seu valor como atleta campeã.
Patrícia Sampaio está de quarentena
A judoca Patrícia Sampaio, atleta da Sociedade Filarmónica Gualdim de Pais, em Tomar, é uma das grandes promessas da modalidade em Portugal e no mundo. A jovem tomarense admite que a pandemia “trocou as voltas” a toda a gente. As rotinas que tinha em Lisboa, que incluíam as aulas na universidade, ficaram para trás com o regresso a Tomar.
“Decidi entrar em quarentena voluntária para me proteger a mim e aos meus”, revelou a jovem de 20 anos, que se considera uma privilegiada por ter meios para fazer da sua casa um “centro de treino”. Patrícia Sampaio continua a contar com o apoio do irmão e treinador, Igor Sampaio. Desta forma tem conseguido manter o treino físico com vista à preparação das próximas competições, “sejam elas quando forem”.
Para matar o tempo em que não está a treinar, Patrícia Sampaio convive com a família e continua a estudar jornalismo à distância. Para a atleta o importante é não estar doente e ter condições para treinar.
Miguel Arraiolos treina no quintal de casa
Miguel Arraiolos, 31 anos, faz triatlo desde os 16 anos. O atleta de Alpiarça estava a trabalhar para a Taça da Europa e o Europeu de Longa Distância mas o surto criou uma nova realidade na sua vida desportiva que acredita que vai ser passageira. Por isso mantém-se optimista para retirar o máximo proveito dos treinos. “Mantenho a rotina excepto na natação”, explica. O quintal da sua casa é o único ginásio que frequenta. É lá que compensa a falta dos treinos de natação com exercícios funcionais e de mobilidade.
Psicologicamente não se sente desmotivado. Quando não está a treinar ocupa o tempo a ver filmes e a ler. Tendo em conta que este ano as idas à praia são uma miragem, o triatleta já arranjou uma solução: “Estico uma toalha no chão do quintal, ao sol, e vou tomando banhos de mangueira”, conclui em jeito de brincadeira.