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Bielorrussas Viktoryia e Hanna estão a aprender um país diferente em Arrouquelas
Viktoryia e Hanna (ambas de t-shirt branca) com jovens de Arrouquelas, onde foram acolhidas calorosamente

Bielorrussas Viktoryia e Hanna estão a aprender um país diferente em Arrouquelas

Dia Internacional da Juventude da H2O é todos os dias ao longo dos anos.

Alexandre Jacinto, fundador e antigo presidente da associação, e Simone Sécio, actual presidente da H2O

O Dia Internacional da Juventude assinala-se a 12 de Agosto mas em Arrouquelas, pequena aldeia do concelho de Rio Maior, a associação H2O tenta que haja juventude todos os dias através de projectos de intercâmbio jovens apoiados pelo programa europeu Erasmus+.

Natural da Bielorrússia, Viktoria Voinich, de 25 anos, chegou a Arrouquelas, no concelho de Rio Maior, em Dezembro do ano passado. Faz parte do grupo de mais de uma dezena de jovens estrangeiros que estão envolvidos nos programas de intercâmbios internacionais que a associação H2O, daquela aldeia, organiza anualmente no âmbito do Erasmus+.
Até agora participou em diversas actividades. As suas preferidas são as que envolvem crianças uma vez que já foi professora numa escola primária. Diz que Portugal é um país aberto a outras culturas e muito bonito em termos arquitectónicos. Apesar de estar no nosso país há menos de um ano diz que gostaria de começar aqui uma nova vida.
“Depois de acabar o projecto quero trabalhar cá, mas tenho que pensar bem”, confessa a O MIRANTE. Já entende muitas palavras portuguesas mas ainda tem grande dificuldade em falar. A aula semanal de português é uma grande ajuda. Neste momento está à espera da chegada do namorado que já teve aulas de português no seu país.
Com Viktoryia está Hanna Hapanovich, 26 anos, também da Bielorrússia. Apesar de oriundas do mesmo país conheceram-se em Arrouquelas, para onde foram motivadas pelo mesmo desejo de ter uma experiência noutro país. Hanna chegou em Outubro e regressa ao seu país em Agosto. Admite que vai ter saudades dos amigos que fez, das vivências e principalmente do mar. Na Bielorrússia era engenheira energética, mas não está satisfeita com o seu trabalho.
“Na H2O, em poucos meses, melhorei as minhas capacidades de comunicação e fiquei mais confiante”, afirma. Explica que embarcou na aventura de estar em Portugal para quebrar a rotina e descobrir as suas capacidades e competências, longe de qualquer influência. Confessa que a experiência de trabalho no ramo social foi um choque mas sublinha que acabou por ser uma grande bagagem que leva consigo. “Aqui é tudo mais intenso”, garante.

Proporcionar aos jovens experiências de vida
A Associação H2O colocou a aldeia de Arrouquelas no mapa com o trabalho que tem desenvolvido com jovens. Fundada há 23 anos a H2O já acolheu milhares de jovens de vários países europeus e ajudou outros tantos jovens portugueses em intercâmbios internacionais ao abrigo do programa Erasmus+.
O MIRANTE esteve na sede da H2O onde foram apresentados vários projectos desenvolvidos pelos jovens voluntários, portugueses e estrangeiros. Alexandre Jacinto, fundador e antigo presidente da associação, e Simone Sécio, actual presidente da H2O, mostraram os trabalhos que os jovens estão a desenvolver.
A primeira paragem foi junto à fonte da aldeia onde vários jovens fazem a manutenção do espaço. Alexandre Jacinto, coordenador dos projectos de mobilidade internacional, explica que os voluntários da H2O já fizeram muitos projectos na aldeia dos quais a população usufrui.
Fazem vigilância à floresta, ajudam famílias carenciadas, recolhem o lixo dos mais velhos e cuidam dos mais novos no Ateliê de Tempos Livres (ATL), entre outras actividades. “Este programa centra-se mais na experiência de vida do que no trabalho e envolve os jovens na gestão da associação para que, mais tarde, possam dar continuidade ao trabalho”, explica Alexandre Jacinto.

H2O ajuda a fixar pessoas e trava despovoamento da aldeia
Tomás Almeida tem 18 anos, é de Arrouquelas e está na associação desde miúdo. Em 2018 começou o programa Geração Z (acção de voluntariado gerido pelo Instituto Português da Desporto e Juventude) e actualmente é responsável pela parte informática da associação. Gere as páginas das redes sociais, canal no YouTube e o futuro site que está em construção.
Tomás é muito activo. Já participou em mais de uma dezena de projectos, não só na H2O, como também nas escolas. Depois de acabar o 12º ano pretendia fazer um ano de voluntariado em França, mas a pandemia de Covid-19 não deixou. Diz que a H2O é uma associação de referência e que acrescentou mais vida a Arrouquelas. “Há poucas aldeias no país que beneficiam de uma organização como a nossa e que fez tanto pela região”, afirma.
Da experiência que tem conta que os estrangeiros quando chegam à associação não estão habituados a um acolhimento tão caloroso como o que recebem na H2O. “Há culturas que não estão tão ligadas à comunidade e são mais frias. Somos muito acolhedores e calorosos, o que por vezes parece um pouco invasivo para quem não está habituado”, comenta.
Orgulha-se da sua aldeia porque, considera, o associativismo é muito activo. A única desvantagem é não haver muitas alternativas culturais e uma rede de transportes que responda às necessidades.
Tomás sublinha que a H2O ajuda a fixar pessoas na aldeia, o que trava o despovoamento e admite que, sem a associação, viver em Arrouquelas seria muito mais aborrecido. Apesar de querer ingressar na faculdade pretende continuar na associação e ajudar no seu funcionamento sempre que puder. “O Alexandre começou a associação e cabe-nos a nós continuarmos e não deixarmos a H2O morrer”, conclui.

Bielorrussas Viktoryia e Hanna estão a aprender um país diferente em Arrouquelas

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