uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O gás contrafeito, o Natal sem a sogra  e a lista de espera para a vacina 


Refractário Serafim das Neves
Este ano vou ter uma consoada fantástica. Não vem a minha sogra; não vem o meu tio Januário que é um melga do caraças; não vêm os meus cunhados que, para além de me beberem a garrafeira toda acabam a noite a discutir com as mulheres, e não vêm as criancinhas da família que fazem birras medonhas quando não recebem as prendas que queriam receber.
Quando me falavam em Santo Natal eu não acreditava que tal fosse possível mas agora vou tê-lo, graças ao tal coronavírus. Como diria a minha avó, Deus escreve direito por linhas tortas. E a passagem do ano também vai ser fantástica, sem gajos bêbados a vomitarem-me para os sapatos, nem a minha cunhada a fazer strip-tease na varanda ou a chorar baba e ranho por causa do último namorado que a deixou.
Finalmente este ano celebramos alguma coisa de jeito, para além no nascimento de Jesus Cristo. A pequena vacina já nasceu e demorou apenas nove meses e não os 16 anos que anunciava o nosso amigo catastrofista Miguel Castanho, de Santarém, investigador do Instituto de Medicina Molecular.
Há muita gente que só vai levar a vacina depois de confirmar que não nasceram cornos nem cascos ao vizinho do lado que a tomou. Há outros que passaram os últimos meses a dizer que o vírus não existe, mas que agora querem ser vacinados e logo na primeira leva. Enfim, vá lá a gente perceber estas mudanças de humor.
Eu irei pôr o braço a jeito quando me mandarem, porque nunca fui muito dado a rebeldias e rebaldarias. Entre a senhora da DGS e os especialistas da televisão ou das redes sociais, acabo por optar pela senhora. Mesmo que ela esteja enganada, pelo menos é capaz de reconhecer que errou. E além disso já foi infectada, o que quer dizer que, para além da teoria, também tem prática.
De qualquer modo e como a vacina só vai ser dada pelo Serviço Nacional de Saúde, presumo que só me vão chamar lá para 2022 ou 23, por causa das listas de espera. Para a consulta de dermatologia esperei quatro anos e agora até foi cancelada por causa da Covid-19, porque é que com a vacina iria ser diferente?!
Ainda não fui à câmara buscar os vales de compras de apoio ao comércio local. A gente gasta dez euros, por exemplo, e só paga cinco, O resto é pago com o tal valezinho. Dinheiro dos nossos impostos, claro, porque na câmara não nascem notas.
A autoridade da concorrência já poderia ter explicado se dar dinheiro aos munícipes para que eles o gastem apenas no comércio local, distorce ou não a concorrência, mas acredito que não distorça muito. Pelo menos aqui na terra não distorce porque continua a haver filas à porta dos hipermercados e as pequenas lojas estão às moscas.
Eu adoro o pequeno comércio, principalmente aquelas lojas com mais de cem anos onde tudo funciona como há cem anos. Quando calha estar lá aquela senhora que fala pelos cotovelos, passo lá horas a apreciar a decoração, enquanto espero a minha vez. Aquilo são autênticos museus e se calhar é por isso que o pessoal lá não entra. Falta de cultura, é o que é.
A ASAE apreendeu uma centena de botijas de gás em Alcanede, concelho de Santarém. Pelo que li havia fraude a nível do enchimento. Já tinha ouvido falar em muita coisa falsificada, mas botijas de gás?! Com que gás é que eles as encheriam. E aquecia a água e a comida da mesma maneira que aquele gás caríssimo que nos é vendido ao preço do ouro? Se souberes alguma coisa, diz.
Saudações a todo o gás
Manuel Serra d’Aire

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido