uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Sara Carreira morre em acidente na A1 junto a Santarém
foto DR Sara Carreira faleceu num trágico acidente que ocorreu na A1 entre os nós de Santarém e Cartaxo

Sara Carreira morre em acidente na A1 junto a Santarém

Cristina Branco e filha de 10 anos circulavam na estrada na altura do acidente mas sofreram apenas ferimentos ligeiros.

Filha de Tony Carreira, de 21 anos, perdeu a vida num acidente de viação na A1, na zona de Santarém, que envolveu quatro viaturas, entre as quais a da cantora de Almeirim.

O acidente que vitimou a cantora Sara Carreira, filha de Tony Carreira, também atingiu a cantora de Almeirim Cristina Branco que, por coincidência, circulava com a filha na mesma altura na Auto-Estrada nº1 (Porto-Lisboa), na zona de Póvoa da Isenta (Santarém). O carro onde seguia mãe e filha, que sofreram ferimentos ligeiros, foi atingido pelo Land Rover onde seguia a filha do popular cantor.
O acidente ocorreu no sábado, 5 de Dezembro, e a viatura onde Sara Carreira, 21 anos, seguia com o namorado, Ivo Lucas, que sofreu uma fractura exposta num braço, embateu numa carrinha, despistou-se e atingiu mais dois veículos, entre os quais o de Cristina Branco. A colisão, no sentido norte-sul, aconteceu às 19h00 e a auto-estrada esteve cortada ao trânsito duarante mais de duas horas.
Familiares e amigos de Sara Carreira estiveram nessa noite no Hospital de Santarém para onde a vítima e os feridos foram transportados. O ex-marido de Cristina Branco escreveu na sua página do Facebook que a sua filha mais nova e a sua mãe podiam ter morrido neste acidente tendo sofrido “apenas fracturas ósseas”. E desabafou que “não há nenhum medo que me assole como o de perder um filho ou quem amo”, concluindo que “só de saber do acidente já foi o suficiente para me sentir como quem choca num paredão”.

Crónica

A morte na A1 está sempre à espreita

Fui um dos condutores que no final da tarde de sábado, 5 de Dezembro, poucos quilómetros depois de entrar na Auto-Estrada nº1 em direcção a Lisboa, esperou mais de duas horas para seguir caminho. Cheguei ao local do acidente, em que morreu Sara Carreira, poucos minutos depois. Parei ao sinal do funcionário da Brisa atrás de meia dúzia de carros que minutos antes circulavam à minha frente. Saí e fui ver o que se passava. A cerca de 50 metros vi um carro que era um amontoado de destroços e recuei. Comentei com o funcionário da Brisa o aparato do acidente, que já deixava adivinhar uma tragédia. “Parece impossível, mas não é, infelizmente”, comentou, de cara fechada, enquanto continuava a espalhar os pinos para controlar os automóveis que iam chegando.
Tinha trabalho no carro. Sentei-me a rever provas de um livro e vi chegar a primeira ambulância, depois a segunda, a terceira e outras mais. Quando vi chegar os Bombeiros de Santarém voltei a sair do carro e aproximei-me. Um deles perguntou a um colega: “Há alguém vivo?”. Voltei para dentro do carro depois de ter espreitado mais uma vez os destroços. A chegada de mais ambulâncias obrigava alguns carros a recuarem quase para junto do meu. Durante mais de duas horas, enquanto via passar carros da polícia e ambulâncias, as luzes azuis e vermelhas ali a poucos metros anunciavam os sinais da tragédia.
Quando chegou a ordem para avançarmos, e fui dos primeiros, fomos mais de uma centena de metros a ouvir debaixo dos carros o estilhaçar dos destroços dos veículos acidentados. Devagar, diziam os bombeiros para os condutores, que usavam apenas uma faixa de rodagem da A1 durante os cem metros de estrada em que tudo aconteceu.
Cheguei a casa pouco mais de meia hora depois. Comi uma sopa e fui ver a RTP2 que transmitia um bailado. Perto da meia-noite, quando ia começar um dos filmes portugueses mais premiados dos últimos anos, Zeus, ligaram-me a perguntar se podiam actualizar a notícia do acidente, já que a morte que eu tinha anunciado pelo telefone, com a ajuda da informação dos bombeiros, era uma figura conhecida. Mudei de canal e percebi que o assunto já era conhecido em todo o país.
Há poucos anos, num final de tarde de chuva como o do passado sábado, também estive envolvido num acidente do género na A1, a poucos quilómetros do local onde estava, mas fui a única vítima. O que mais recordo foi a conversa do taxista de Aveiras de Cima que me levou para casa enquanto a polícia, que passou por acaso, e sorte minha, ficou a guardar o carro enquanto não chegava o reboque: “Assim que começa a chover parecem tordos a cair”. Depois contou-me os pontos fracos da A1 onde acontecem mais acidentes.
Esta crónica serve para contar que ainda há poucos dias tentei pela enésima vez saber quantos pontos fracos tem a A1 desde Santarém até Lisboa. Quantos acidentes se dão por dia quando chove? Por que razão as autoridades não sinalizam os locais onde a circulação com chuva deve ser mais cuidadosa por causa do aquaplaning? Por que não há campanhas nacionais de prevenção de acidentes nos dias de chuva, em que a grande maioria das estradas, incluindo a A1, é uma ratoeira para os condutores irresponsáveis, e também para os responsáveis que se deixam levar pela pressa de chegarem ao seu destino ignorando os avisos de que com chuva a velocidade tem que ser reduzida?
Todos os dias utilizo a A1, e todos os dias, mesmo sem chuva, lembro-me do taxista de Aveiras de Cima que me disse que há automobilistas que “caem como tordos”. Como eu caí um dia, sem mal maior que perder o carro, mas com a sorte, que às vezes nos protege, de não circularem carros atrás do meu, o que fez com que não tivesse desgraçado a vida de outros. JAE.

Sara Carreira morre em acidente na A1 junto a Santarém

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido