Sagaz Manuel Serra d’Aire

Esta história da vacinação abusiva, de que muito bem falas no teu último email, dos fura-filas e dos incontornáveis activistas da chico-espertice que aproveitam a primeira oportunidade para passar à frente de quem não devem, vem reforçar a ideia de que a natureza humana não é tão boa como alguns a querem pintar; e também comprovar que um povo pode mudar de Governo, mas um Governo não pode mudar de povo. E este é o povo que temos, pelo que não me surpreende nada.
Sinceramente, não consigo entrar na cabeça dessa malta. É preciso ter uma grande lata e até uma certa coragem para alguém se arriscar ao enxovalho público e até a sanções penais por causa de uma pica que mais mês menos mês vai calhar a todos. Já para não falar do risco de se ser fustigado nos jornais e nas redes sociais pela esbelta moçoila que é bastonária da Ordem dos Enfermeiros e que não grama gente gorda nem com molho de tomate. Livra!!!!
Falando agora de coisas sérias, tenho de louvar a iniciativa da Câmara de Almeirim que, em parceria com outras entidades, vai levar à exposição mundial do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a lenda do frade bonacheirão que pede uma panela emprestada para confeccionar uma sopa com uma pedra. A história, em livro, da sopa da pedra foi adaptada para inglês e conta com desenhos inéditos da ilustradora Mariana Mattos, segundo diz o presidente da Câmara de Almeirim no seu Facebook.
A iniciativa é meritória mas tenho dúvidas se o local escolhido - em pleno Médio Oriente, instável zona do mundo de forte implantação islâmica - é o mais adequado para ir vender uma história sobre um frade católico que, graças ao seu engenho, consegue encher uma panela e inventar uma receita que tem entre os ingredientes carne e enchidos de porco. Não sei se estão a ver, mas carne de porco e Islão na mesma frase não faz muito sentido, digo eu armado em preconceituoso...
Igualmente arrojados na acção, os vereadores do PS na Câmara de Alpiarça, preocupados com a propagação da Covid-19, sugeriram à maioria comunista que governa o município uma medida brilhante: a distribuição de folhetos em papel à população a reforçar as recomendações da Direcção-Geral de Saúde, como distanciamento social, uso de máscara e desinfecção de mãos. Uma preocupação que faz todo o sentido, pois só passou um ano sobre o início da pandemia e ninguém faz a mínima ideia que cuidados ter para evitar o contágio.
E não venham embirrar dizendo que o recurso a folhetos de papel é coisa da Pré-História digital, pois faz também todo o sentido. Como se sabe, a população de Alpiarça é maioritariamente envelhecida e comunista ferrenha, forjada na leitura de panfletos clandestinos contra a ditadura. Está pois mais afeita a essa forma comunicacional, agora com outra luta no horizonte (porque comunista que se preze está sempre em luta). Por tudo isto, considero que a proposta socialista é um avanço civilizacional e fico à espera das próximas e originais sugestões do PS de Alpiarça, especialmente as que forem redigidas com uma pena de pato, à luz da vela ou do candeeiro a petróleo.
Saudações pré-históricas do
Serafim das Neves