Escutismo reinventa-se e propõe acampamento em casa
O Agrupamento 773 do CNE em Póvoa de Santa Iria e o Grupo 66 da AEP de Benavente são dois movimentos escutistas ou escotistas, já que as duas organizações usam designações diferentes, que estão a tentar manter o espírito do movimento vivo. Tentando reinventar o método do aprender fazendo e do contacto pessoal e com a natureza.
O sistema de aprendizagem do movimento escutista é aprender fazendo, mas com o confinamento a tarefa não é fácil e tenta-se fazer actividades em casa e até acampamentos no quarto com construções como se estivessem na natureza. Dois movimentos na Póvoa de Santa Iria e em Benavente, de duas estruturas diferentes, estão a tentar reinventar-se para que as crianças e jovens não percam o interesse. Mas como diz Bruno Gomes, chefe de Agrupamento 773 da Póvoa de Santa Iria do Corpo Nacional de Escutas (CNE), de base católica, os encontros online não são a mesma coisa que o método educativo que se faz muito pelo contacto pessoal. Para Ivete Mateus, chefe do Grupo 66 de Benavente da Associação de Escoteiros de Portugal (AEP), que aceita todas as religiões, é difícil manter e dinamizar o escotismo sentado numa secretária.
O agrupamento da Póvoa de Santa Iria, com 35 anos de existência e um dos maiores da região de Lisboa, com 140 crianças e jovens e 30 adultos, ainda conseguiu em Outubro do ano passado fazer a cerimónia das promessas, ou investidura de novos elementos ou dos que passaram de secção, presencialmente, mas sem as famílias. Isto porque tem um delegado da protecção civil no CNE e alguns enfermeiros no grupo. Bruno Gomes diz que os dirigentes têm feito um esforço para manterem reuniões semanais ou quinzenais através das plataformas digitais e vão propondo actividades caseira, para que os membros mantenham “o bichinho e a chama activa”.
A reinvenção passa, por exemplo, por “digi-acampamentos”, que têm sido experimentados pelos Grupo 66 de Benavente, que existe há 39 anos. Cada um tenta recriar um acampamento em casa, montando um abrigo como se estivesse na floresta, confeccionando a sua comida e fazendo a animação dos acampamentos, chamados de “fogo-conselho”, procurando-se envolver as famílias. Mas nada substitui o contacto entre elementos, o estar em actividades conjuntas ao ar livre. Para Bruno Gomes há alguma frustração perante a impotência de não se poder fazer mais. Sentimento que tenta contrariar passando uma mensagem de esperança e apelando à criatividade.
Aposta nas iniciativas de solidariedade
As duas organizações têm também tentado incrementar o espírito solidário, que é uma das marcas do movimento mundial fundado por Baden Powell. Os escuteiros da Póvoa de Santa Iria promoveram em Dezembro uma recolha de alimentos, com cada membro do agrupamento a colocar uma caixa no prédio onde habita para que os vizinhos deixassem os bens de primeira necessidade. A iniciativa foi um sucesso e permitiu apoiar 70 famílias através dos Companheiros da Noite, a quem foram entregues os produtos para distribuição. O projecto, a que deram o nome de “773 Dar+” tem pernas para andar e evoluir. Está ainda prevista uma recolha de sangue para ajudar os hospitais.
Os escoteiros de Benavente costumam fazer recolhas de mantimentos e de roupas, que antes do Natal entregaram à Cáritas de Benavente. Também têm por hábito entregar cabazes alimentares a famílias carenciadas, bem como louças, móveis e outros bens que vão recolhendo.