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Governo falha apoios e põe em causa  ensino artístico na Gualdim de Pais
Alunos da Sociedade Filarmónica Gualdim de Pais e da Canto Firme num concerto de protesto, em 2014, pela falta de apoios ao ensino artístico

Governo falha apoios e põe em causa  ensino artístico na Gualdim de Pais

Há mais de 20 anos que a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar, tem a funcionar o Centro de Formação Artística nas áreas de música e dança, em articulação com as escolas. O ensino deve ser financiado pelo Estado mas não é o que tem acontecido. Este ano lectivo, oito alunos do secundário ficaram sem apoios e a colectividade não consegue garantir a continuação das aulas.



A Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (SFGP), em Tomar, vive um período conturbado que pode pôr em risco o normal funcionamento da instituição, fundada em 1877. Em causa está a falta de financiamento do Estado a alguns dos alunos que frequentam o Centro de Formação Artística nas áreas da música e dança. Neste ano lectivo ficaram sem apoio oito alunos do secundário e a instituição não tem capacidade financeira para garantir a continuação das aulas. Quem o diz é o presidente da Gualdim Pais, José Pedro Brito, que, assegura, não vai continuar a substituir o Governo no financiamento dos alunos. “Nos últimos 10 anos recorremos a créditos bancários para garantir o ensino aos nossos alunos, endividando a instituição. Não vamos continuar a fazê-lo, correndo o risco de deixar morrer todas as outras vertentes e o trabalho de mais de uma centena de anos”, afirma.
O dirigente explica a O MIRANTE que os cursos básicos e secundários de Música e Dança são uma via do sistema de ensino através da qual o Ministério da Educação permite que os alunos tenham, gratuitamente, aulas simultaneamente numa escola de ensino regular e numa escola de ensino artístico. Em troca, as instituições têm de disponibilizar todos os recursos, materiais e humanos.
“Temos um orçamento anual de cerca de 800 mil euros, para todas as vertentes, ensino, desporto, cultura e social. Um aluno custa, em média, 500 euros por mês. Se fizer as contas percebe quanto é que estes oito alunos custam por ano se não tivermos o apoio do Ministério da Educação”, salienta José Pedro Brito, lamentando “ter de andar a pedir batatinhas aos professores para continuarem a leccionar nestas circunstâncias”.
A SFGP para além da Escola de Música e Dança tem ao dispor várias modalidades desportivas, nomeadamente judo, ginástica e natação, e desempenha um papel muito importante na área social mantendo em actividade um Centro de Actividades de Tempos Livres, creche e jardim-de-infância. A instituição emprega perto de uma centena de funcionários, entre professores e pessoal administrativo e auxiliar. “Há várias centenas de jovens a utilizar diariamente a instituição. Temos cerca de dois mil sócios. Só precisamos que os governantes cumpram o seu dever para continuar a satisfazer as necessidades das famílias que nos procuram”, reforça, o dirigente.

Partidos reclamam medidas ao Governo
A actual situação levou os deputados socialistas, eleitos por Santarém, a enviarem um requerimento ao ministro da Educação dando conta da situação dos oito alunos e das dificuldades financeiras que se colocam à instituição e às famílias. Também o PCP de Tomar afirma que o Governo está aos poucos a acabar com o ensino artístico na Gualdim Pais e noutras escolas do país. “Em Lisboa e no Médio Tejo não foi aberta uma única vaga, continuando muitos alunos de fora do financiamento. Para além disso, o Governo continua a atribuir mais vagas nos grandes centros que no interior” conclui, em nota enviada às redacções.

Um problema que se arrasta há anos

Esta não é a primeira vez que os dirigentes da Gualdim Pais demonstram o seu descontentamento pela falta de financiamento do Ministério da Educação aos alunos do ensino artístico. O MIRANTE noticiou, em Dezembro de 2015, que as aulas tinham sido canceladas por falta de dinheiro. Segundo a colectividade explicou na altura, o Ministério da Educação devia cerca de 150 mil euros ao Centro de Formação Artística, o que levou a que algumas aulas fossem canceladas pois os professores não dispunham de meios financeiros para se deslocarem para a escola.

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