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A dedicação das pessoas que fazem da Académica de Santarém um clube com história
Dirigentes e atletas da Académica de Santarém reuniram-se no dia em que o clube comemorou o 90º aniversário junto à nova sede (foto DR)

A dedicação das pessoas que fazem da Académica de Santarém um clube com história

Clube celebrou 90º aniversário a 5 de Outubro e inaugurou a nova sede

João Amaral e Fernando Santos são dois dos treinadores da Académica de Santarém

Treinadores e dirigentes salientam dedicação ao clube para manter a Académica de Santarém como uma máquina oleada que tem cerca de meio milhar de atletas divididos pelo futebol de formação, ginástica acrobática e ju-jitsu. Inauguração da nova sede era um momento há muito aguardado e vem dar outra dimensão ao clube.

O campo de futebol da Escola Superior Agrária de Santarém divide-se em três campos mais pequenos para todas as equipas da Académica de Santarém treinarem. As primeiras equipas começam às 18h00 e vão trocando. De segunda a sexta-feira é um rebuliço com crianças e jovens a entrar e sair. Na quinta-feira, 7 de Outubro, foram os sub10, sub11 e sub12 que deram o pontapé de saída em mais um dia de treino.

Às 19h00 já o treinador Fernando Santos, de 45 anos, está com a sua equipa, de Sub15, em círculo, no campo, perto das bancadas. Transmite-lhes o que pretende para aquele treino e os jovens escutam-no atentamente. Fernando Santos é professor no Politécnico de Setúbal e na Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa. Também é investigador na área do desporto. Percorre todos os dias muitos quilómetros para conseguir estar presente em todos os compromissos.

Treina três vezes por semana a sua equipa mas como também é o coordenador do futebol juvenil da Académica está todos os dias no recinto da Escola Agrária. E aos fins-de-semana acompanha a sua equipa nos jogos. “Nada se faz sem algum esforço e este é um trabalho que exige muito de nós, todas as equipas técnicas e direcção do clube, porque queremos fazer um trabalho de excelência. Para isso é fundamental a entrega e dedicação a esta paixão”, explica Fernando Santos a O MIRANTE.

Natural do Porto mas a viver em Santarém desde criança, pratica futebol desde os seis anos. Começou na União de Santarém, onde fez a formação. Jogava a defesa direito. Enquanto sénior passou por equipas como o SL Cartaxo, Alcanenense, Ouriquense. Treinou o União de Leiria, Grupo Desportivo de Monsanto, Águias de Alpiarça, União de Santarém, SL Cartaxo e está há sete anos na Académica, onde também é um dos vice-presidentes.

Os seus filhos, de 17 e 11 anos, também são atletas do clube mas o treinador garante que nunca os pressionou para jogarem futebol. “O que sempre quis é que eles estivessem envolvidos no desporto, porque ensina muitas coisas. Começaram na natação e na ginástica. Vieram para o futebol por vontade própria, nunca os pressionei”, afirma.

“QUEM NÃO TREINA NÃO JOGA”

Um dos lemas do clube para motivar os atletas é que quem não treina não joga. E tem dado bons resultados porque a grande maioria está sempre motivada para treinar, mesmo no Inverno e à chuva. A Académica de Santarém foi dos poucos clubes que tentou não fechar totalmente durante a pandemia. Sempre que havia oportunidade levavam os atletas para o campo, nem que fosse para fazer treino individual. “Chegamos a ter o campo marcado só com quadrados, onde cada jogador ficava no seu próprio quadrado e uma bola de futebol. Jogavam sozinhos, fazíamos actividade física ou fortalecimento muscular. Não os queríamos parados”, refere Fernando Santos.

No entanto, como conta o treinador João Amaral, alguns atletas regressaram com peso a mais e alguns deles perderam alguma coordenação motora por terem estado tanto tempo sem correr. Uma situação já ultrapassada.

João Amaral tem 25 anos e, à semelhança de Fernando Santos, tem na Académica a sua segunda casa. Actualmente é treinador das equipas de sub12, iniciados e é adjunto de Fernando Santos na equipa de sub15.

O jovem, que trabalha numa empresa na Zona Industrial de Santarém, começou a jogar futebol na Académica aos 14 anos e quando terminou a formação começou a treinar. Já lá vão sete anos. Assim que sai do trabalho vai directamente para os treinos, onde fica até às 21h00. Os fins-de-semana são ocupados com os jogos. É a grande paixão pela Académica de Santarém que o leva a uma dedicação total ao clube. “O que me move é poder estar com as crianças, ensiná-las e ver a sua evolução. A Académica tem um forte espírito de união e companheirismo entre todos, incluindo os pais dos atletas, o que faz com que o clube se consiga superar ano após ano e querer sempre mais”, destaca.

João Amaral e Fernando Santos admitem que o dinheiro que ganham enquanto treinadores não é o que os move porque financeiramente não compensa. “É mesmo o amor ao futebol, ao clube e a carolice de fazermos algo que adoramos que nos faz passar tanto tempo neste clube”, acrescenta João Amaral.

Ambos os treinadores concordam que as crianças e jovens de hoje são diferentes de há dez anos. São mais protegidos pelos pais, estão mais fechados em casa e mantê-los no desporto é mais difícil porque existem os jogos virtuais e é mais fácil ficar no sofá. Na Académica ensinam-nos a serem mais pró-activos. “No final da época desportiva algumas equipas participam em torneios longe de casa e normalmente os atletas ficam sozinhos com os treinadores durante o tempo do torneio. Isso faz com que eles cresçam e se tornem mais independentes dos pais”, reforça Fernando Santos.

A Académica de Santarém tem o sonho de ter uma equipa de futebol feminino. Há algumas meninas, poucas, que jogam integradas nas equipas masculinas e uma delas já está a treinar no Sporting. Esperam um dia conseguir alcançar esse objectivo.

Tânia Carapeta (ao centro) é professora e responsável da secção de ginástica acrobática da Académica de Santarém (foto DR)

Ginástica acrobática precisa de rapazes

A secção de ginástica acrobática da Académica de Santarém nasceu em Novembro de 2017 depois de Tânia Carapeta, 26 anos, ter constatado essa lacuna na cidade. Licenciada em Treino Desportivo e especialização em Ginástica, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, sempre quis ser professora de ginástica acrobática. Apresentou o seu projecto à Académica, que aceitou o desafio.

Começaram com cinco alunas e actualmente são 155 atletas. No total há apenas cinco rapazes. Uma situação que Tânia Carapeta pretende ultrapassar, porque a ginástica acrobática não é um desporto feminino. “Não podemos achar, por exemplo, que o futebol é só para rapazes e a ginástica só para raparigas. Este é um desporto para todos e precisamos de rapazes para fazer par com as meninas. Tentamos esbater essa barreira ao máximo mas não é fácil”, explica a professora.

Os treinos decorrem num pavilhão da Escola Superior de Gestão, que foi alugado à secção de ginástica acrobática da Académica. Aos 3 anos podem começar os treinos e aos 6 anos passam para a classe de formação. Depois segue-se a competição A e competição nacional. Este é o nível mais alto e o que treina mais vezes (quatros vezes por semana, três horas por dia). Há ainda as classes Acro Mums, para as mulheres mais velhas ou que já são mães, e a Acro Teens, uma classe para ex-ginastas que deixaram de parte a competição mas querem continuar a treinar.

A ginástica acrobática da Académica só iniciou a competição em 2019 e apenas a nível distrital, tendo alcançado alguns pódios. Em 2020 e 2021 não houve competição por causa da pandemia. Apesar de tudo conseguiram ter um par campeão nacional, no escalão de iniciados. A prova foi gravada no ginásio da Académica e enviaram o vídeo para os juízes.

Natural de Benavente, Tânia Carapeta foi ginasta acrobática do Clube União Artística Benaventense dos três aos 17 anos. Foi campeã distrital durante vários anos e participou em diversas competições internacionais.

Carlos Esteves é presidente da Académica há três anos e meio

Construção de novo campo é fundamental para aumentar número de equipas

A Académica de Santarém celebrou o 90º aniversário a 5 de Outubro e a data foi assinalada com a inauguração da nova sede, no Campo Emílio Infante da Câmara, perto da Casa do Campino, no centro da cidade. Esta era uma ambição da actual direcção liderada por Carlos Esteves, presidente do clube há três anos e meio. A Câmara de Santarém cedeu o espaço, que recebeu obras de reabilitação feitas pelo clube.

O clube tem 320 atletas nas equipas de futebol e o campo de jogos já é pequeno para tantas equipas. Carlos Esteves explicou a O MIRANTE que o clube espera que o município cumpra a promessa de iniciar obras no campo em terra batida da Escola Agrária ainda este ano. “Com o novo campo vamos ter muito mais espaço para podermos ter mais atletas e mais equipas”, afirma.

Os próximos objectivos do clube é colocar as equipas de futebol 11 nos campeonatos nacionais. Os sub15 e sub19 já conseguiram. Falta a equipa de sub17 alcançar esse patamar. O clube continua a apostar só na formação mas estavam preparados para iniciar um projecto de criar uma equipa de sub23. Esperam que a Associação de Futebol de Santarém consiga concluir o processo para que na próxima temporada desportiva esse projecto possa ser uma realidade.

A Académica de Santarém tem cerca de meio milhar de atletas entre futebol, ginástica acrobática e ju-jitsu. Também tem uma secção de Petanca. O orçamento de 2021 é de 169 mil euros. As contas estão em ordem, sendo que a principal fonte de rendimento é o apoio camarário, cerca de 45 mil euros. Cada atleta paga a anuidade e os patrocinadores são outro grande apoio. O clube está já a preparar a organização de mais uma edição do Santarém Cup, que não se realizou em 2020 e 2021 devido à pandemia.

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