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Grupo Herêra é exemplo de amor à comunidade do Cartaxo
Grupo Herêra nasceu em 2009 na Ereira, concelho do Cartaxo, pelas mãos de Carlos Silva, Olga Silva, Ana Bernardino e Carlos Lima

Grupo Herêra é exemplo de amor à comunidade do Cartaxo

O Grupo Herêra nasceu em 2009 na Ereira pelas mãos de Ana Bernardino, Olga Silva, Carlos Silva e Carlos Lima. Tem como missão proporcionar à população do concelho do Cartaxo actividades culturais, desportivas e de lazer que não se encontram facilmente nas redondezas. A associação vive sem sede nem subsídios públicos, mas conta com o apoio precioso de muitos voluntários.

Foi o gosto pelos livros e pela leitura que levou quatro habitantes de Ereira a juntarem-se para organizar uma feira do livro nessa aldeia do concelho do Cartaxo, intitulada “Livr’eira”. Foi há uma dúzia de anos e dessa iniciativa germinou a Herêra, uma associação sem fins lucrativos que tem organizado diversas actividades culturais, desportivas e de lazer no concelho do Cartaxo.

Os pais e mães da ‘criança’ são Ana Bernardino, 45 anos, jornalista e presidente do grupo Herêra; Olga Silva, 59 anos, auxiliar de educação e secretária; Carlos Lima, 51 anos, coordenador pedagógico e tesoureiro do grupo; Carlos Silva, 68 anos, reformado, presidente do conselho fiscal. Na conversa com O MIRANTE vincam que os cargos são apenas burocracias necessárias para enquadrar a associação dentro dos trâmites legais e que não dão muita atenção a isso, pois todos trabalham com o mesmo objectivo e de igual forma.

O Grupo Herêra nasceu em 2009 de uma feira do livro e a partir daí mais iniciativas surgiram, como as feiras de livros usados ou a Feira do Adro, que se realiza no adro da igreja da Ereira, com outras associações, produtores de vinho e artesãos para promover o comércio e a cultura locais. Algumas das suas iniciativas têm também um objectivo de intervenção directa na comunidade e no seu património.

Foi o que aconteceu quando deitaram mãos à obra para preservar a torre sineira da igreja da Ereira, que estava em risco de ruir. Empregaram algum do lucro apurado em actividades anteriores e mobilizaram a comunidade para contribuir para a recuperação desse património conseguindo fazê-lo antes que o sino deixasse de tocar na aldeia.

Outra das iniciativas que a associação promove é a doação de livros com vista ao seu reaproveitamento. É com esses livros que organizam a “Feira dos Livros Esquecidos” onde os exemplares em vez de serem vendidos são trocados. Contam a O MIRANTE que recebem centenas de livros de romance e de ficção, sendo que os mais doados são “Equador”, de Miguel Sousa Tavares, e “O Segredo”, de Rhonda Byrne. Recebem também manuais escolares, enciclopédias e alguns livros técnicos.

Uma associação sem sede nem subsídios públicos

O “Grupo Herêra” não usufrui de qualquer tipo de financiamento público ou privado. É apoiado apenas a nível logístico pela Câmara do Cartaxo, pela Junta de Freguesia de Ereira e pelos voluntários que ajudam nas iniciativas. Carlos Silva conta a O MIRANTE que os voluntários constituem uma ajuda preciosa e que, sem eles, a associação teria uma vida mais complicada.

As actividades são financiadas com o lucro obtido na actividade anterior. Não o conseguem fazer em todas, porque, explica o tesoureiro Carlos Lima, há actividades que dão prejuízo, mas até essas são pensadas e preparadas com a consciência que não vão proporcionar qualquer proveito financeiro. “Nessas actividades o que importa é o divertimento dos participantes e a felicidade que podemos proporcionar”, afirma.

A associação não tem uma sede, reúne-se nos jardins ou nos cafés de Ereira. Ana Bernardino confessa que gostava de ter apoios financeiros para poderem expandir as iniciativas que organizam. “Em vez de fazermos as feiras do livro para dez mil, fazíamos para vinte mil”, confessa.

Outro dos desafios com que se debatem é o facto de não terem uma sede física. As reuniões são feitas em mesas de café ou bancos de jardim. Carlos Silva relembra que há uma promessa feita pela Junta de Freguesia de Ereira para o grupo ter uma sala onde possa fazer as suas reuniões e guardar os mais de cinco mil livros que se encontram encaixotados numa sala de difícil acesso na Escola Primária do Cartaxo e que é dividida com um curso de formação em agricultura.

O facto de não ter despesas fixas proporcionou algum descanso ao Grupo Herêra durante os tempos de confinamento em que toda a actividade cultural presencial parou. Nesses períodos a associação facilmente transportou as suas actividades para as redes sociais. Reuniu voluntários e alguns autores literários que contaram histórias numa altura em que o público se encontrava enclausurado devido às medidas sanitárias.

Retoma da actividade em 2022

No que toca a actividades futuras o grupo decidiu deixar o restante de 2021 em suspenso e preparar já o ano de 2022. Ana Bernardino justifica esta decisão pelo facto de sentir que ainda não se encontram reunidas todas as condições de segurança apesar de a situação pandémica ter abrandado. Preferiram focar as atenções no planeamento das actividades do próximo ano. A “Livr’eira” e a “Feira dos Livros Usados” vão voltar, bem como algumas iniciativas ligadas ao desporto e à actividade física.

Ler muito mas com qualidade

Para Carlos Lima a leitura é cada vez mais comum e considera que cada vez se lê mais. O que para ele e para os outros elementos do grupo não é algo muito positivo. O tesoureiro considera que ler é importante mas é necessário ler com qualidade. É aí que considera que os livros são importantes porque são leituras de qualidade. A presidente Ana Bernardino considera que o Grupo Herêra tem uma intervenção importante na comunidade pois possibilita que os livros cheguem a um preço reduzido ou até mesmo pela troca com outros livros.

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