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O rock ‘progadélico’ e descomplicado dos “Conjunto!Evite”
Banda Conjunto!Evite nasceu em Rio Maior e andam há 11 anos na estrada, em estúdio e em palco a tentar vingar no panorama do rock nacional

O rock ‘progadélico’ e descomplicado dos “Conjunto!Evite”

A banda Conjunto!Evite lançou o seu terceiro álbum intitulado “Penso, logo desisto”. Este trabalho do grupo nascido em Rio Maior vai ser apresentado no final de Novembro numa transmissão online. Tocam em qualquer sítio onde haja electricidade e dizem-se uma banda de rock progadélico, seja lá o que isso for.

Andam há cerca de 11 anos na estrada, em estúdio e em palco para tentar vingar no panorama do rock nacional. Nasceram em Rio Maior, de é oriunda a maioria dos elementos, em 2010, pelas mãos de Sebastião Santos, Fábio Neves e Zé Devesa. Adoptaram o estranho nome de Conjunto!Evite, sugerido por Vicente Santos, inspirado no facto de os elementos da banda na altura “verem mal e terem sempre os olhos muito vermelhos”.

O terceiro álbum, “Penso, logo desisto”, está prestes a sair e O MIRANTE foi ao BKK, quartel general da banda em Lisboa, conhecer o colectivo composto por Sebastião Santos, 32 anos (bateria e voz), Vicente Santos, 28 anos (teclado e voz), Manuel Belo, 29 anos (guitarra), Zé Devesa, 32 anos (baixo) e Fábio Neves, 34 anos (guitarra e voz).

A banda nasceu em Rio Maior, em 2010, pelas mãos de Sebastião Santos, Fábio Neves e Zé Devesa. Os três músicos tocavam versões de outros autores e foram surgindo os temas originais que criam a identidade da banda. Quando conseguiram agendar o primeiro concerto foi necessário oficializar a banda e surgiram os Conjunto!Evite.

Consideram-se músicos profissionais mas nem todos vivem exclusivamente da música. Sebastião Santos, Vicente Santos e Manuel Belo são também técnicos de som, Zé Devesa é engenheiro agrónomo e Fábio Neves encontra-se “entre trabalhos” e considera que a sua carreira mais longa tem sido como guitarrista da banda. Todos estão ligados à música desde jovens e caracterizam-se como uma banda de rock progadélico. “Ouvimos muita coisa, ser só rock não faz sentido. Assim é progadélico porque ninguém sabe o que significa, pode ser o que nós quisermos”, diz Manuel Belo. Vicente Santos acrescenta que é um som de fusão.

Escolheram cantar em português porque não lhes fazia sentido cantar noutra língua. Sebastião Santos revela que nunca se sentiu confortável sem ser com o português para escrever letras ou cantar. “Parte da piada de escrever uma letra é poder brincar com as palavras. A tua língua é o teu património”, vinca.

“Tocamos onde nos quiserem desde que haja electricidade”

Já tocaram em variados palcos, de festivais a bares, ou casas ocupadas, como a Tertúlia do Deboche, em Santarém, onde, segundo Vicente Santos, viveram um dos episódios mais bizarros, quando após o concerto se deu um incêndio dentro de uma das casas de banho.

Do concerto nos jardins da Amadora para cerca de 12 mil pessoas até a um concerto para 20 pessoas numa república universitária em Coimbra, às quatro da madrugada, já percorreram o país quase de lés a lés. Falta o Algarve. A estreia internacional foi em Tuy, Galiza, no MUMI - Músicas no Minho. “Tocamos onde nos quiserem, mas num espaço maior, com mais gente, fazemos melhor o nosso trabalho”, explica Vicente Santos. A exigência mínima é haver electricidade, “o resto arranja-se”, acrescenta, entre risos, Sebastião Santos.

“Penso logo desisto” e o princípio da não complicação

O álbum “Penso Logo Desisto” é o terceiro da banda. Começou a ser produzido em 2019 e o objectivo era concluí-lo em três meses mas a pandemia da Covid-19 baralhou as contas. A intenção foi compor músicas através de processos quase automáticos, sem muito pensamento, partindo do “princípio não complicação”. Sebastião Santos conta a O MIRANTE que o disco teve a participação directa de Rodrigo Alexandre, que é quase um sexto elemento da banda e que os auxilia na parte da produção. O álbum foi composto de ideias que cada um trazia para cima da mesa, que Rodrigo Alexandre considerava seguir ou deitar fora. “Ele era o juiz do processo”, afirma. Vicente Santos explica que o álbum tenta passar uma mensagem de não complicar a vida. Pensar, mas não demasiado. O concerto de apresentação do álbum será numa transmissão online. Os bilhetes custam 5 euros e Sebastião Santos conta que esteja disponível para assistir após 20 de Novembro. O concerto foi financiado através de uma candidatura ao projecto “Garantir Cultura” da União Europeia.

A banda dos filhos de Tim dos Xutos

Sebastião e Vicente Santos são irmãos e carregam às costas o peso de serem filhos de uma figura do rock nacional, Tim, vocalista e baixista dos míticos Xutos & Pontapés, baptizado António Manuel Lopes dos Santos. Segundo os irmãos e os restantes membros da banda, Tim é um dos maiores apoiantes dos Conjunto!Evite.

Vicente considera o pai um amigo, um crítico e um impulsionador. Critica sempre de forma construtiva e ajuda-os a evoluir com a sua vastíssima experiência no mundo da música. Sebastião não considera que este legado seja um peso enorme. É algo a que se habituaram desde sempre. E desde que começaram a tocar com o pai, em 2013, que passou a ser uma referência para ambos.

Sebastião Santos deixa algumas considerações relativas aos apoios à cultura em Portugal. Sente que há um vazio muito grande na percepção técnica do mundo do espectáculo por parte das entidades. Considera que o actual estatuto dos trabalhadores da cultura precisa de ser melhorado e que a fatia do Orçamento de Estado para a cultura é pequena. Reconhece ainda o papel das autarquias como agentes impulsionadores da cultura no pós-pandemia. “O apoio não é só dar dinheiro, é o estado de espírito e a vontade de fazer a cultura chegar a todos”, vinca o baterista.

O rock ‘progadélico’ e descomplicado dos “Conjunto!Evite”

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