PS cede pelouros à CDU na Câmara de Azambuja em nome da estabilidade
Sem maioria absoluta os socialistas viram-se obrigados a dar contrapartidas aos comunistas para assegurarem a sua cooperação na governação da autarquia.
O PS passou a contar com a colaboração da CDU para garantir estabilidade governativa na Câmara de Azambuja, onde os socialistas deixaram de ter maioria absoluta. Essa aliança traduz-se na atribuição de pelouros à vereadora da CDU, Mara Oliveira, que passa também a exercer funções a tempo inteiro na autarquia, à semelhança dos três eleitos socialistas.
A proposta para fixação de mais dois vereadores a tempo inteiro com pelouros, que se juntam ao presidente Silvino Lúcio (PS) e ao número 2 do executivo, António José Matos (PS), foi aprovada na reunião extraordinária de 26 de Outubro. Durante a discussão do ponto, estranhamente, o presidente da câmara nunca mencionou o nome das duas vereadoras objecto da proposta – Ana Coelho (PS) e Mara Oliveira - como aliás, mais à frente referiu o vereador do PSD, Rui Corça. “A seu tempo saberá quem são essas pessoas e quais os pelouros”, respondeu Silvino Lúcio. A proposta foi aprovada com 3 votos do PS e um da CDU. Os dois vereadores do PSD e a vereadora do Chega votaram contra.
Rui Corça explicou que o PSD votou contra por não lhe terem sido dadas justificações objectivas sobre a necessidade de se nomearem mais dois vereadores a tempo inteiro para o executivo. Também Inês Louro, vereadora do Chega, expressou as suas reservas quanto a essa proposta questionando se a mesma se prendia com a eficiência da gestão autárquica ou se decorria de uma questão de eficiência política.
Os vereadores do PSD e do Chega votaram também contra a delegação de competências da câmara no seu presidente, que, entre outras prerrogativas, possibilita a Silvino Lúcio autorizar despesas até ao valor de 748 mil euros sem ter de as submeter à apreciação do executivo. O que, no entender da oposição, diminui a sua capacidade de escrutínio. Tanto Rui Corça como Inês Louro contestaram esse ponto da proposta, mas a aliança PS/CDU viabilizou-a.
Foi também a esquerda que aprovou o novo regimento, onde se inclui a proposta de realização das reuniões de câmara, quinzenalmente, às terças-feiras pelas 09h30. Inês Louro e Rui Corça referiram que a realização de reuniões em horário laboral prejudica muitas vezes os vereadores da oposição em termos profissionais sublinhando que têm o direito de exercer as suas funções autárquicas sem constrangimentos dessa espécie. Silvino Lúcio não atendeu às observações da oposição e manteve a sua proposta.