A necessidade de requalificar as instalações antigas do Centro de Reabilitação e Integração (CIRE) de Tomar, encerradas no mês de Setembro por falta de segurança, suscitou forte discussão política na reunião de câmara de 22 de Outubro, no início do novo mandato autárquico.

Lurdes Ferromau, vereadora do PSD, considera que o facto das instalações pertencerem ao município deve obrigar a câmara a garantir o financiamento das intervenções. A autarca, que cumpre o primeiro mandato como líder da bancada do PSD que faz oposição à maioria socialista, presidida por Anabela Freitas, refere que a câmara deve zelar pela manutenção dos seus edifícios. E sublinhou que, no caso do CIRE, a situação torna-se mais grave pois os utentes são “crianças e adolescentes inseridos na escolaridade obrigatória e com necessidades educativas especiais”.

O vice-presidente da autarquia, o socialista Hugo Cristóvão, embora se tenha mostrado solidário com o assunto, vincou que Lurdes Ferromau foi “abusiva” ao afirmar que cabe ao município manter as instalações acrescentando que isso nunca foi tema de conversa em mais de quatro décadas de existência da instituição.

O autarca referiu ainda que os serviços municipais têm procurado “insistentemente” nos arquivos contratos que comprovem que as instalações são municipais, mas ainda não encontraram qualquer documento. “O que nos interessa é colaborar na medida do possível e dentro das limitações existentes, nomeadamente o facto da instituição ter passado para o domínio privado, embora com características especiais”, disse.

PROBLEMAS ESTRUTURAIS NA ORIGEM DO PROBLEMA

As antigas instalações do CIRE de Tomar, situadas na Rua Dona Maria II, recebiam 15 jovens, a maioria com deficiências profundas, e foram encerradas pela Protecção Civil por falta de segurança. Os utentes foram transferidos para as instalações do antigo Centro de Acolhimento Temporário (CAT), pertença da Misericórdia de Tomar.

Célia Bonet, presidente do CIRE e ex-vereadora do PSD, disse a O MIRANTE que a situação se tem arrastado no tempo e que era expectável que algum dia as instalações cedessem. Foram vários os problemas que saltaram à vista depois das férias escolares, como alguns vidros e paredes rachadas, o chão abatido e uma parte do tecto falso que também cedeu.

Na altura, Célia Bonet disse ao nosso jornal que solicitou um pedido ao município, que não foi aceite, para realizar obras de melhoramento naquelas instalações, uma vez que as mais recentes, onde está o Lar Residencial e o Centro de Actividades Ocupacionais (CAO), não têm capacidade para receber mais utentes.

O MIRANTE também contactou Anabela Freitas, presidente da autarquia, que referiu não ter reconhecido “bom-senso para apoiar a associação naquele momento em detrimento de outras que também estão em lista de espera”.