Feira Nacional do Cavalo com perto de um milhão de visitantes quer ser Património da Humanidade
Ao longo de 10 dias a Golegã recebeu cerca de um milhão de visitantes na Feira Nacional do Cavalo. Organização já pensa na classificação do certame como Património da Humanidade da UNESCO.
Mesmo com as condições climatéricas adversas, a edição deste ano da Feira Nacional do Cavalo, realizada anualmente na Golegã, contou com a presença de cerca de um milhão de visitantes ao longo de toda a semana de certame. Outro dos pontos altos da feira foi a formalização da candidatura do certame ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com o objectivo de, futuramente, avançar para uma classificação como Património da Humanidade pela UNESCO.
A candidatura foi formalmente entregue ao Ministério da Cultura em Setembro e está em fase de apreciação. O processo, que reúne cerca de duas mil páginas, inclui documentação histórica, testemunhos e um vasto acervo fotográfico, com registos que remontam ao século XIX, explicou à Lusa José de Castro Canelas, director da Feira Nacional do Cavalo. “É uma candidatura muito rica e bem fundamentada. Temos documentos desde a instituição da feira por D. Sebastião, referências ao Marquês de Pombal e concursos promovidos por D. Luís, além de fotografias e publicações de jornais dos séculos XIX e XX”, afirmou. Segundo o responsável, o objectivo é que, após a aprovação nacional, Portugal prepare uma candidatura à UNESCO. “Conhecendo outras candidaturas, esta é das mais completas e com maior mérito para obter uma boa classificação”, sublinhou.
A Feira Nacional do Cavalo, que decorreu durante 10 dias, atrai actualmente cerca de um milhão de visitantes à vila da Golegã, que tem pouco mais de três mil habitantes. Durante o evento, circulam cerca de três mil cavalos, todos identificados e sujeitos a regras de bem-estar animal. “O que distingue esta feira é a ligação ao lazer. Ao contrário de outras concentrações equestres, aqui não se trata apenas de competição desportiva. É uma romaria, com trajes tradicionais, convívio, fado e gastronomia”, descreveu José de Castro Canelas. A candidatura destaca também a importância do cavalo lusitano, considerado o cavalo de sela mais antigo do mundo e um “embaixador” de Portugal. “É um produto agrícola para a economia nacional e com grande projecção internacional”, referiu.
A origem da Feira remonta a 1571, quando foi instituída por D. Sebastião como espaço de comercialização de cavalos. Ao longo dos séculos a feira evoluiu, tornando-se palco de concursos e competições e afirmando-se como referência na criação de cavalos lusitanos, o cavalo de sela mais antigo do mundo. Segundo o responsável, nos últimos anos, a feira tem recebido visitantes de todos os continentes e reforçado a internacionalização. “Há décadas que exportamos cavalos para Espanha e para o mundo. Até a guarda real de Marrocos foi equipada com cavalos lusitanos”, recordou. Para além da feira, a Golegã acolhe o Centro de Alto Rendimento Equestre e organiza mais de 20 fins-de-semana anuais com actividades ligadas ao sector. “A expansão tem de ser pensada e controlada, mas há capacidade para crescer”, garante.

