FENCAÇA diz que caçada na Torre Bela pode estar relacionada com central fotovoltaica
Federação Portuguesa de Caça também repudiou o abate de 540 animais na herdade próxima de Azambuja.
A Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA) repudiou o abate de 540 animais na Herdade Torre Bela, no concelho da Azambuja, adiantando que a montaria terá ocorrido para poder ser construída uma central fotovoltaica no local.
De acordo com a FENCAÇA, existe um projecto de uma “mega central fotovoltaica” com mais de 750 hectares (ha) para aquele local, que se encontra em processo de consulta pública.
“Tomámos conhecimento pelas redes sociais e pela comunicação social de que este fim de semana teriam sido realizadas caçadas na Herdade da Torre Bela, concelho da Azambuja, onde teriam sido abatidos cerca de 540 exemplares de caça maior, naquilo que foi apresentado como um ‘extermínio’, para alegadamente dar lugar a uma central fotovoltaica”, avançou a entidade em comunicado.
Alertando para a polémica em torno do projecto, a FENCAÇA adiantou que a empreitada obrigaria também ao abate de um número elevado de sobreiros, espécie florestal que possuí estatuto de proteção, e pediu ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para investigar esta caçada. Segundo a FENCAÇA, os princípios da caça terão sido violados, bem como os princípios gerais da Lei de Bases Gerais da Caça.
“Apesar de a Herdade da Torre Bela ser uma propriedade murada, nunca aí poderia ocorrer um ‘extermínio’ das populações de caça maior (como noticiado por vários órgãos de comunicação social), excepto no caso de se tratar de uma impreterível medida de emergência sanitária, designadamente para contenção de um surto, o que teria de ser previamente decretado pelo ICNF em conjunto com a DGAV [Direção-Geral de Alimentação e Veterinária], o que não terá sido o caso”, acusou.
A Federação Portuguesa da Caça lamenta ainda a forma como os organizadores do evento reagiram nas redes sociais, vangloriando-se do “abate massivo, contrariando todos os princípios éticos que devem estar subjacentes ao nobre ato de caçar”.
Entretanto, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já fez saber que vai suspender a licença da Zona de Caça de Torre Bela, com efeitos imediatos, e que apresentou ao Ministério Público uma participação de crime contra a preservação da fauna.
Na segunda-feira, 21 de Dezembro, o Instituto da Conservação da Natureza abriu um processo para averiguar junto da Zona de Caça Turística de Torre Bela, concessionada à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG, Lda., “os factos ocorridos e eventuais ilícitos” relacionados com estes abates.