Sociedade | 17-02-2021 15:00

O mágico é um altruísta que tira a magia de si para dar aos outros

O mágico é um altruísta que tira a magia de si para dar aos outros
SOCIEDADE
Rúben Clara

Na arte do baralhar e voltar a dar o mágico é um actor, um cientista que prova que não há impossíveis.

Na arte do baralhar e voltar a dar o mágico é um actor, um cientista que prova que não há impossíveis e um altruísta, que abdica dos segredos da magia para a poder dar aos outros e provocar-lhes admiração. A convicção é de Rúben Clara, mágico de Vialonga, também conhecido como The Jocker.

Aos 27 anos, Rúben vive apenas da magia e nos últimos anos tem dado que falar com espectáculos que têm tido cada vez mais público. Um dos últimos aconteceu precisamente em Vialonga, em Janeiro do ano passado, na Galeria de Arte Olga Campos, onde mostrou alguns dos seus truques à comunidade. Depois a pandemia atirou-o novamente para casa.

O seu nome profissional deriva da carta com o mesmo nome, que significa trabalhar para os dois lados. “Como gosto de várias actividades ao mesmo tempo é como se na magia fosse diversas pessoas, daí o nome Jocker”, conta a O MIRANTE.

Gosta de viver em Vialonga, terra que diz ser simpática e onde muita gente o conhece desde criança. Muitos mágicos começam desde pequenos a treinar a arte mas Rúben começou tarde, há apenas sete anos e por sua conta e risco. Apaixonou-se ao ver os truques de outros mágicos e um dia no programa de teatro da câmara municipal onde estava inserido, os Aprendizes do Fingir, pediu aos amigos para o acorrentarem com um dos adereços que ali havia. Soltou-se sempre, para espanto de todos.

“Houve um que me chamou exorcista”, recorda com um sorriso. Autodidacta, aprendeu tudo sozinho através de tentativa e erro lendo livros sobre o tema e vendo vídeos de magia. “A magia não é só descobrir a carta, é muito mais do que isso, é a ligação com o público. Não gosto de usar a palavra truque mas sim efeito porque o truque dá a entender que o que fazemos não é real mas isso não é verdade. Tudo o que fazemos é muito real”, assegura.

Os segredos do seu trabalho continuam bem escondidos. Mas garante que o essencial tem a ver com criatividade; empatia com os espectadores e conhecimentos de Matemática e Física.

Acorrentar-se e soltar-se é para ele dos truques mais fáceis de realizar. “Aprimorei e fui sempre melhorando. No mundo da magia é dos efeitos mais difíceis mas depende da forma como é feito”, garante. Setenta por cento da sua magia é feita com cartas. “Foi a primeira ferramenta que comecei a usar. Não foram lenços, esponjas ou bolas. Com cartas consigo fazer muitas coisas”, explica.

Rúben vive com os pais porque os tempos de pandemia não têm sido fáceis. Ainda assim diz que a paragem foi importante para os mágicos aprimorarem conhecimentos e treinarem novos truques. “Aprendi mais o ano passado que em toda a minha vida de mágico”, conta.

Para realçar a importância do público, conta um episódio. “Um dia estava no autocarro e as pessoas de Vialonga que me conheciam desafiaram-me a fazer alguns truques, mesmo ali. Acedi e houve reacção entusiasmada do público. Essa é a nossa maior magia. A história dos mágicos é quase um conto de fadas e gostava que as pessoas conhecessem isso”, refere. Entre os seus mágicos de eleição estão nomes como René Lavant, David Copperfield ou Leonard Green.

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