Sociedade | 01-12-2022 12:00

Aeroporto em Santarém, Alverca ou Benavente vai mexer sempre com a região

Aeroporto em Santarém, Alverca ou Benavente vai mexer sempre com a região
Debate sobre a localização do novo aeroporto juntou presidentes de câmara de Lisboa e do Porto e o ex-ministro João Cravinho que defendeu abertamente o aeroporto a norte do Tejo ao contrário dos dois autarcas que defenderam o Montijo

Magellan 500 é o nome do projecto do novo aeroporto para Santarém. A novidade foi partilhada por Carlos Brazão, empresário e gestor que dá a cara pelo projecto, durante uma conferência em Lisboa que juntou responsáveis por cinco projectos em cinco localizações diferentes: Santarém, Benavente, Alverca do Ribatejo, Montijo e Ota. Excluindo os dois últimos, qualquer um dos outros três iria ter um impacto imenso na região ribatejana, estimando-se a possível criação de 170 mil postos de trabalho.

O projecto para o novo aeroporto em Santarém foi apresentado na terça-feira, 29 de Novembro, na Fundação Oriente, numa iniciativa do Conselho Económico e Social com o apoio do jornal Público. A iniciativa juntou responsáveis dos cinco projectos que foram ao auditório da fundação apresentar o que de mais significativo tinham para dizer em favor das suas soluções. Montijo, Benavente, Alverca, Ota e Santarém tiveram tempo de antena suficiente para passarem a sua mensagem que, em alguns casos, como o Montijo e Benavente, por serem os mais conhecidos, mais se digladiaram enquanto duraram as apresentações. Carlos Lopes responsável pelo projecto do Montijo diz que não compreende como é que esta solução ainda não foi implementada e Carlos Matias Ramos, que falou logo a seguir defendendo a solução Benavente, no Campo de Tiro da Força Aérea, questionou várias vezes Carlos Lopes tentando desmontar aquilo a que chamou uma solução pior do que o actual aeroporto na Portela, já que no Montijo o aeroporto também vai ficar num local estrangulado, sem possibilidade de crescimento e de investimento. A opção pelo Montijo vai ainda aumentar o número de pessoas na Área Metropolitana de Lisboa que sofrem os efeitos do ruído, fazendo subir para um número acima das 100 mil pessoas afectadas, acusou.
Tanto Carlos Lopes como Matias Ramos desvalorizaram a aparecimento do projecto do aeroporto em Santarém e disseram não acreditar em estações aeroportuárias a mais de três dezenas de quilómetros das principais cidades. Matias Ramos repetiu sobre Benavente aquilo que já é do conhecimento público, mas passou boa parte do seu tempo a dar exemplos dos erros e das mentiras e omissões da solução Montijo.
Rui Sérgio, ex-presidente da NAER, apresentou a solução Ota e foi sem dúvida o que mais criticou indirectamente os políticos e os agentes decisores. O empresário alinhou com o discurso de Matias Ramos, nomeadamente quanto à fraca solução dual apontada para a resolução do problema do Aeroporto Humberto Delgado, defendendo a sua solução ao lado da de Benavente. Foi ainda o único a dar conta que o presidente da Câmara de Lisboa tinha abanado a cabeça de forma afirmativa ao projecto do Montijo, o que lhe mereceu uma grande exclamação já que a solução não resolve o problema aos lisboetas.
Carmona Rodrigues apresentou o projecto de Alverca do Ribatejo que passa pela utilização do Mouchão da Póvoa, que nesta altura está ao abandono. Disse, no entanto, que o terreno pode ser recuperado, que o investimento vale a pena, que Alverca é servida por quatro linhas de caminho de ferro, que é o melhor local para complementar o aeroporto de Lisboa e que se tudo der certo é a solução mais barata, já que não precisa de investimento em pontes nem em vias de comunicação. Considerou ainda que é a melhor solução pela ligação em minutos às estações do Oriente e de Santa Apolónia, que ligam Lisboa a vários destinos, seja de comboio ou de carro.
O Megallem 500, como se denomina o projecto apresentado por Carlos Brazão para Santarém, foi antecedido de um filme promocional da região de Santarém, que mostrou o espaço e a arquitectura do projecto, à medida que for avançando na construção de novas pistas, primeiro como um aeroporto complementar e depois como o principal aeroporto da Área Metropolitana de Lisboa.

João Cravinho diz que novo aeroporto tem de ser a norte de Lisboa

João Cravinho quer o novo aeroporto a norte de Lisboa. Carlos Moedas e Rui Moreira são pelo Montijo. O debate sobre a localização do futuro aeroporto de Lisboa teve lugar no Museu do Oriente, durou um dia, foi animado e chegou a ser polémico.

João Cravinho, ex-ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território do XIII Governo, animou o debate sobre o novo aeroporto de Lisboa. João Cravinho acusou os governantes de seguirem as estratégias do tempo de Marcelo Caetano, criticou de forma veemente a possibilidade de o aeroporto vir a ser localizado do lado sul do Tejo, Benavente ou Montijo, e disse ficar com pena dos portugueses se tiverem que ficar sujeitos a este tipo de solução para o futuro aeroporto de Lisboa.
Pelo meio João Cravinho deu algumas ferroadas no ex-primeiro ministro José Sócrates, que acusou de irresponsável e de tomar decisões ao pequeno-almoço, assim como os responsáveis do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que, na altura em que foi preciso, não tomaram as decisões certas e assim colaboraram para o atraso na decisão e na escolha de um local para a construção da nova estrutura aeroportuária.
Matias Ramos, o ex bastonário dos engenheiros, que é a favor do futuro aeroporto em Benavente, ainda tentou ripostar da plateia mas João Cravinho avivou-lhe a memória, remeteu-o para o que ele tentou ignorar, e disse que respeitava muito o LNEC mas o que estava em causa era um estudo mal conduzido e não a instituição.
O debate foi moderado pelo director adjunto do jornal Público e contou com a participação de Rui Moreira e Carlos Moedas, presidentas das câmaras do Porto e Lisboa, respectivamente. Os dois autarcas pareceram alinhados na escolha do Montijo para complementar o actual aeroporto de Lisboa. Moedas repetiu várias vezes que não queria tomar posição, mas Rui Moreira foi mais longe e ameaçou que se a escolha for Santarém “não contem com o Porto para apoiar”. Rui Moreira defendeu abertamente a solução Montijo porque, disse, é a que fica mais perto de Lisboa e a que resolve o problema das pessoas de forma mais rápida.
Enquanto Rui Moreira foi criticando a possibilidade do aeroporto ficar a cerca de 80 quilómetros de Lisboa, encostado a Santarém, e defendia o Montijo como única solução, João Cravinho exclamou um “Deus proteja os portugueses, ainda vamos ouvir dizer que o céu pode ser uma boa alternativa para o novo aeroporto de Lisboa”, recordando, agora mais a sério, que todos os planos para as grandes obras para o país obrigam a servir os interesses de todos os portugueses e não de uma minoria dos seus habitantes.

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