Burlas com perfis falsos na Internet são uma ameaça cada vez maior
Dia da Internet Segura assinala-se esta terça-feira, 7 de Fevereiro.
Numa altura em que utilizamos cada vez mais a internet e as redes sociais, também pelo facto desta se ter tornado, na maioria dos casos, numa ferramenta de trabalho, aumentam as burlas através da internet. O MIRANTE tem denunciado vários casos de burlas ocorridas através da rede social Facebook ou pelo Whatsapp. As burlas com perfis falsos são cada vez mais uma ameaça a quem não está tão atento para esta realidade.
O MIRANTE recorda o caso de Joana Silva, uma jovem de Tomar, que denunciou uma tentativa de burla que tem vindo a ser cada vez mais frequente. Burlões utilizaram uma foto sua e, através do WhatsApp, pediram dinheiro a um familiar que, por não reconhecer o número, não caiu na armadilha. “Tio, estás aí? Preciso de falar contigo urgente”. Foi com esta mensagem que se iniciou uma tentativa de burla a um familiar de Joana Silva, jovem natural de Tomar, que denunciou a situação nas suas redes sociais. Os burlões utilizaram uma foto sua e, através da aplicação WhatsApp, entraram em contacto com o seu tio pedindo-lhe com urgência uma transferência monetária para realizar um pagamento uma vez que esta não tinha o cartão multibanco consigo.
Por não reconhecer o número da sobrinha o tio não caiu na armadilha, mesmo depois de várias insistências dos burlões, e ameaçou recorrer à polícia. Depois da ameaça os burlões não voltaram a contactar a vítima. Joana Silva partilhou a situação nas redes sociais tendo a mesma sido partilhada por mais de uma centena de utilizadores. Alguns deles também partilharam que o mesmo lhes aconteceu, embora com conteúdos e intervenientes diferentes.
As burlas com recurso a perfis falsos começaram a propagar-se nos últimos meses de 2022 sendo que a GNR e a PSP emitiram vários alertas.
Em Dezembro de 2022, 18 pessoas foram acusadas por burla informática e nas comunicações, branqueamento de capitais e associação criminosa por uso fraudulento da aplicação MBWay na sequência de uma investigação da PJ e do Departamento de Investigação e Ação Penal de Santarém. Em comunicado, a Procuradoria da Comarca de Santarém afirmou que foi deduzida acusação para julgamento em tribunal colectivo pela prática de crimes de burla informática e nas comunicações, crimes de burla informática e nas comunicações na forma qualificada, e crimes de falsidade informática, de branqueamento de capitais e de associação criminosa.
O Ministério Público (MP) concluiu existirem forte indícios de que, a partir de Outubro de 2019 e ao longo dos anos de 2020 e 2021, “os arguidos constituíram um grupo que, actuando concertadamente e em comunhão de esforços e intentos, gizou um plano para se apropriar de quantias em dinheiro que sabiam não lhes pertencer, através do uso fraudulento da aplicação MBWay, com aproveitamento da inexperiência e do desconhecimento do modo de operar daquela aplicação dos indivíduos que contactavam”.
Os suspeitos “consultavam as páginas da internet que tinham listado artigos usados para venda, daí retirando os contactos telefónicos dos anunciantes”, os quais contactavam, dando instruções que lhes permitiam ter “acesso aos meios de pagamento desses indivíduos”, acrescenta a nota. Depois, “realizavam transferências ou levantamentos em benefício próprio”. A sua actuação permitiu que se apropriassem de quantias que somam 214.178,51 euros.