Faleceu Daniel Claro antigo dirigente do Bloco de Esquerda em Azambuja

Antigo eleito na Assembleia Municipal de Azambuja tinha 66 anos e sofria de artrite reumatoide e doença pulmonar obstrutiva crónica. Na mensagem que pediu à família para partilhar no dia da sua morte pede que aos que com eles se cruzaram que “sejam felizes”.
Daniel Claro, ex-dirigente do Bloco de Esquerda e antigo eleito na Assembleia Municipal de Azambuja, morreu na segunda-feira, 13 de Fevereiro, aos 66 anos. O antigo eleito que também foi dinamizador e secretário-geral da Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja (ACISMA) sofria de artrite reumatoide desde a juventude e por consequência de doença pulmonar obstrutiva crónica.
“Fui...sejam muito felizes”, foi a mensagem que Daniel Claro pediu à família que escrevesse na sua página de Facebook para anunciar a sua morte e “deixar a todos que de uma maneira ou de outra passaram na vida dele”. A notícia foi também confirmada, na manhã de terça-feira, 14 de Fevereiro, pelo presidente do município de Azambuja, Silvino Lúcio, em reunião camarária na qual foi aprovado um voto de pesar, subscrito por todos os partidos do executivo (PS, PSD, CHEGA e CDU), e respeitado um minuto de silêncio.
Na nota de pesar a Câmara de Azambuja refere que se perdeu uma “figura incontornável da história da democracia e da cidadania activa no concelho” agraciada, em 2021, com a medalha de honra, a mais alta distinção do município.
Daniel Claro foi eleito para a Assembleia Municipal de Azambuja pela UDP e mais tarde pelo Bloco de Esquerda, tendo-se destacado, num plano mais abrangente “pela acção de cidadania interventiva na defesa do bem colectivo”, sublinhou a autarquia, endereçando as mais sentidas condolências à família. O dirigente do BE foi também coordenador das actividades locais do dia da criança em 1979, impulsionador da implantação dos cursos de alfabetização de adultos nos Casais da Lagoa e em Azambuja, um dos fundadores da Cerci Flor da Vida e membro do concelho municipal de educação e conselho-geral do Agrupamento de Escolas de Azambuja.
Na última entrevista que deu a O MITANTE, em Abril de 2021, Daniel Claro definia-se como um desassossegado por natureza, defendendo um referendo para a instalação de centrais fotovoltaicas e pedindo à população que fosse mais interventiva. No anterior mandato autárquico chegou a entrar, na qualidade de eleito, em assembleias municipais sentado numa cadeira-de-rodas, empurrado pela esposa. O ar frágil chocou alguns, as suas intervenções incomodaram outros, mas nunca se deixou levar pela apatia que por vezes ataca aqueles que o povo elegeu.
O bloquista terminou a conversa com o nosso jornal a dizer: “Quando se chega ao fim da vida todos temos tendência a pedir desculpa e tenho que o fazer. Por minha culpa as pessoas nunca se sentiram confortáveis comigo. Fui um homem que nunca teve amigos, porque ou queria monopolizar a conversa ou fechar-me nos meus pensamentos”. Devido ao avançar da doença “a perspectiva não é boa, mas não me mato. Se penso que morro um dia destes? Isso penso”.
