Sociedade | 10-04-2023 18:00

Ponte da Chamusca é um funil

Ponte da Chamusca é um funil
Retorno dos semáforos gerou filas de vários quilómetros entre a Chamusca e a Golegã

Presidente do Conselho Superior de Obras Públicas, em entrevista recente a O MIRANTE, afirma que a ponte da Chamusca está obsoleta e é um funil que entope. Infraestruturas de Portugal voltou a ligar os semáforos à entrada da travessia e o caos instalou-se durante três dias.

A Infraestruturas de Portugal (IP) voltou a ligar os semáforos da Ponte Dr. João Joaquim Isidro dos Reis, vulgo ponte da Chamusca, e o caos instalou-se durante três dias. As redes sociais foram inundadas de fotos e comentários de utilizadores que esperaram horas em filas que chegaram a ter distâncias de cerca de cinco quilómetros. Algumas das partilhas mostram que as filas chegaram ao centro das duas vilas ribatejanas, Chamusca e Golegã, tanto no período da manhã como no final do dia.
A empresa do Estado voltou, mais de um ano depois, a proceder ao condicionamento de trânsito, com circulação alternada regulada por semáforos, para avaliação do comportamento da circulação rodoviária. O objectivo foi perceber mais uma vez se este mecanismo é a solução para os problemas de constrangimento que acontecem, sobretudo, quando dois veículos pesados se cruzam a meio do tabuleiro e ficam encalacrados. O resultado revelou que foi pior a emenda que o soneto. Embora os constrangimentos sejam diários, conclui-se que a gestão de tráfego realizada pelos próprios condutores, como tem sido habitual nos últimos anos, tem menos impacto na circulação do que com a sinalização luminosa.
Uma das últimas vezes que os semáforos estiveram em funcionamento foi em 2021. Nessa altura aconteceu o roubo da câmara de detecção de viaturas pesadas instalada do lado da Golegã, tornando o sistema de sinalização luminosa ineficaz. A partir daí nunca mais funcionou, embora a empresa, quando questionada pelo nosso jornal sobre o facto do sistema estar constantemente desligado, tenha afirmado que esse “sistema semafórico, no seu funcionamento normal, está desligado, só sendo activado na presença de más condições de visibilidade relacionadas com a presença de nevoeiro”. A empresa pública disse estarem “em estudo soluções alternativas à actual, cujo propósito é a melhoria das condições de circulação no tabuleiro da ponte da Chamusca, no entanto ainda não consolidadas”.
O presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado (PS), tem sido criticado pela oposição no executivo devido à passividade com que tem encarado um problema que se tem agravado nos últimos anos. O autarca tem dito que foram já apresentadas muitas medidas e propostas à Infraestruturas de Portugal, mas que nenhuma foi tida em conta. O autarca refere que o problema da ponte “está muito centralizado” e que “Lisboa não o quer resolver”.
Nos últimos meses vários munícipes partilharam nas redes sociais a sua revolta pela situação, nomeadamente quando os camiões ficam presos a meio da ponte, impedindo a circulação, e a GNR demora uma eternidade a chegar para ajudar a desbloquear a situação. A maioria dos utilizadores que mostram indignação são pessoas que utilizam a ponte para se deslocarem para o trabalho.

Utentes exigem solução de futuro

O grupo coordenador do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos do Distrito de Santarém escreveu ao ministro das Infraestruturas denunciando a “situação caótica” gerada pelo reinício do funcionamento dos semáforos na ponte da Chamusca e pede uma “solução de futuro”. Os utentes sublinham que “este novo teste” ao comportamento da circulação naquela travessia “acarreta novos sacrifícios e prejuízos para todos aqueles que pretendem atravessar a ponte”.
“O MUSP do Distrito de Santarém tem vindo, há largo tempo, a manifestar a sua preocupação pela situação de manifesto conflito no tráfego automóvel que ali se verifica e a exigir que o Governo se decida pela construção de uma nova ponte de travessia do Tejo, solução que estará sempre ligada à conclusão do troço do IC3 ligando a A13, no concelho de Almeirim e a A13 e a A23, no concelho de Vila Nova da Barquinha”, salienta.
O grupo tem a correr, nos concelhos da Chamusca, Golegã, Alpiarça, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha e Entroncamento a recolha de assinaturas para a petição “Nova ponte da Chamusca e conclusão do IC3”, estando a programar iniciativas de contacto com as populações até ao final de Abril.

A opinião de Carlos Mineiro Aires

Carlos Mineiro Aires considera que “a ponte da Chamusca está obsoleta e é um funil que entope”. O MIRANTE entrevistou recentemente o presidente do conselho superior de Obras Públicas, que também lidera a comissão técnica que vai estudar as opções para a localização do novo aeroporto. Na conversa, Carlos Mineiro Aires afirma que é do conhecimento público, principalmente da Infraestruturas de Portugal, responsável pela gestão da travessia, que “os cidadãos estão a ser mal servidos. É uma ponte muito bonita, que teve a sua época, foi bem feita e é resistente, mas a longevidade tem destes problemas pois foi dimensionada para outra procura”, sublinhou.

Falta de iluminação e arcos partidos

Os problemas com a Ponte da Chamusca são muitos e têm sido motivo de discussão nas reuniões de executivo. Gisela Matias, vereadora da CDU, tem questionado a maioria socialista sobre os “timings” para resolver os problemas com a falta de iluminação, que é quase nula, com arcos de ferro partidos e limpeza de sumidouros. O executivo tem sido incapaz de fazer ouvir a sua voz junto do Governo e não há solução à vista para um problema que recentemente voltou a ser falado nas Jornadas Parlamentares do PS, que se realizaram em Tomar, a reboque da intervenção do deputado Hugo Costa.

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