Incerteza condiciona investimentos na Rodoviária do Tejo
Sónia Ferreira, administradora da Rodoviária do Tejo, considera que a criação de uma empresa intermunicipal de transportes rodoviários representa um elevado custo para o erário público.
Caso a CIMLT opte por criar uma empresa de transporte público a operação da Rodoviária do Tejo deixa de existir nos municípios da Lezíria do Tejo. Uma situação que para a administradora da empresa, Sónia Ferreira, é legítima e tem de ser respeitada. “Mas a questão que se coloca é a que preço para o erário público e para a população. O investimento em frota é brutal porque é feito do zero. Como exemplo, para uma frota com a idade média de dez anos tínhamos de investir dez milhões de euros. O erário público sofria com dois aspectos: a gestão e o investimento em frota”, disse a O MIRANTE.
As declarações da administradora da Rodoviária do Tejo foram feitas à margem do seminário Mobilidade Mais que decorreu em Lisboa, dias antes da CIMLT agendar a reunião extraordinária para oficializar a decisão de criar uma empresa intermunicipal de transportes. A sustentabilidade do sistema e dos operadores de transporte público foi um dos temas abordados no seminário. Sónia Ferreira foi uma das oradoras convidadas e considerou que só é possível prestar um bom serviço à população se as empresas forem auto-suficientes.
A responsável explicou a O MIRANTE que a Rodoviária do Tejo investia todos os anos entre quatro a cinco milhões de euros mas a situação alterou-se nos dois anos de pandemia. “Foram dois anos sem grande investimento por causa da dúvida quanto ao futuro. Neste momento, independentemente do que possa acontecer, continuamos a investir, inclusive na CIMLT. Não com tanto potencial porque não sabemos como vai ser a dinâmica no futuro”, afirma.
A Rodoviária do Tejo debate-se com a dificuldade em contratar motoristas e pessoal para fazer a manutenção da frota que conta com 600 viaturas. Para Sónia Ferreira, apesar das dificuldades, as empresas privadas têm capacidade de prestar melhor serviço à população. “Temos de olhar para a história e tudo o que é operador público no passado tem avultados prejuízos. Os custos são cobertos em 40% pelas receitas e apresentam resultados positivos porque têm subsídios à exploração na casa dos 60%”, reiterou.