Após ataque 130 alunos recusaram voltar às aulas em Azambuja
Silêncio da direcção do agrupamento está a gerar críticas e revolta em vários pais, que consideram demasiado cedo reabrir a escola no dia a seguir ao ataque que espalhou o terror nos corredores da Escola Básica de Azambuja.
A Escola Básica 1, 2 e 3 de Azambuja onde um aluno de 12 alunos esfaqueou violentamente seis colegas reabriu hoje como se nada tivesse acontecido e com as aulas que estavam programadas, mas pelo menos 130 alunos não voltaram às aulas com medo e porque as crianças ainda se sentem traumatizadas com tudo o que aconteceu.
Vários pais e até alguns funcionários, ouvidos por O MIRANTE, não calam a sua revolta contra a decisão do Ministério da Educação, agrupamento e da direcção regional de educação de mandar reabrir hoje o estabelecimento de ensino normalmente. Vários pais recusaram levar os filhos à escola mesmo estando já o agressor afastado e sob custódia policial. “Estive na escola às 08h25 desta manhã e vi muitos pais a entregar os meninos normalmente e vi outros a chegar nos transportes como seria expectável. Mas há 130 meninos que não foram por opção dos pais. Concerteza amanhã estarão mais serenos e mandarão os filhos à escola”, refere o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio a O MIRANTE.
O autarca reage às críticas da comunidade dizendo compreender a posição da escola e refuta a ideia desta ter ficado fechada, pelo menos, até segunda-feira. “A decisão de abrir a escola é do ministério, não é da câmara”, afiança, esclarecendo que a câmara não tem qualquer influência na parte pedagógica. “Apenas intervimos no equipamento, na estrutura da escola e nos assistentes operacionais. Na parte do ensino não temos nada a ver com isso. Eles têm autonomia para fazerem o que entenderem”, explica o autarca a O MIRANTE. Para Silvino Lúcio, não faz sentido não se voltar à normalidade rapidamente. "Tem de se incutir um espírito de confiança na escola e na segurança das crianças. Não é nada precoce ter aberto a escola hoje”, defende.
Entretanto a directora do agrupamento de escolas, Madalena Tavares, foi impedida pelo Ministério da Educação de falar com a imprensa e a falta de uma palavra para com os encarregados de educação está a revoltar a comunidade. “Não se percebe como a directora, que devia ter pulso firme, não é capaz de tomar o partido dos pais e vir a público explicar porque não decidiu recusar abrir a porta da escola hoje. O ministério pode proibi-la de falar mas isso não a deve impedir pelo menos de garantir que tudo está calmo”, critica uma das funcionárias, ouvidas pelo nosso jornal, que quis manter o anonimato com medo de represálias. Segundo ela, “há medo nos corredores” e o ambiente não está a ser fácil, em particular nos locais onde houve o ataque. Na manhã desta quarta-feira, soube O MIRANTE, uma delegação do ministério esteve reunida com a direcção da escola durante a manhã.
Recorde-se que ontem, terça-feira, 17 de Setembro, um aluno de 12 anos esfaqueou seis colegas e foi detido em flagrante delito e levado para um hospital para avaliação psicológica. Após o crime foi mantido numa sala de aula e ficou à guarda de elementos da GNR até ser interrogado pela Polícia Judiciária, que também realizou perícias no local. O agressor entrou na escola básica de Azambuja e esfaqueou os seis colegas com uma faca de cozinha. Os alunos feridos foram reencaminhados para o hospital mas estão livres de perigo e o agressor, por ser menor de idade, encontra-se sob custódia policial.