Sociedade | 16-11-2024 12:00
Fábrica poluidora de Parceiros de Igreja diz que ainda não recebeu notificação da câmara de Torres Novas
Câmara de Torres Novas considera que fábrica da Cratoliva não tem condições para laborar e deu 90 dias à empresa para regularizar processos. Gerente da Cratoliva diz que não recebeu qualquer notificação e reconhece problema dos maus cheiros, afirmando, no entanto, que o estão a tentar solucionar.
A Câmara de Torres Novas considera que a fábrica da Cratoliva, instalada em Parceiros de Igreja, não tem condições para continuar a laborar, mas a empresa assegura que está a resolver os problemas. “O que se passa com a Cratoliva é que há queixas da população e queixas do conhecimento geral, porque há maus cheiros […] em várias áreas e aldeias, até nem tão próximas assim, onde os cheiros efectivamente chegavam lá”, afirmou o vice-presidente da Câmara de Torres Novas, Luís Silva. Em declarações à Lusa, Luís Silva, que é também responsável pela área do urbanismo na Câmara de Torres Novas, disse que foi dado um prazo à empresa para regularização e legalização de alguns licenciamentos, após uma vistoria efectuada às instalações da fábrica. “Ao fazer a vistoria para certificar as condições de laboração verificou-se que, de facto, há um conjunto de coisas que estão a funcionar sem os devidos licenciamentos. Estando em actividade, entendemos que teríamos que mandar encerrar a actividade”, afirmou o responsável, acrescentando que a empresa foi notificada da decisão e foi dado um prazo de 90 dias para regularizar os processos em falta.
A fábrica Cratoliva, responsável pelo processamento de bagaço de azeitona, está instalada na aldeia de Parceiros de Igreja, na União das Freguesias de Brogueira, Parceiros de Igreja e Alcorochel. Contactado pela Lusa, o gerente da ratoliva, Carlos Simões, disse não ter recebido “qualquer notificação” por parte do município, mas reconheceu que a actividade da fábrica pode originar “algum mau cheiro” na aldeia, embora tudo esteja a ser feito “para resolver o problema” dos fumos e cheiros. “Estamos a fazer investimentos na ordem dos dois milhões de euros para alterações e algumas correcções numa fábrica que é antiga, já com 90 anos, e a empresa já encomendou um electrofiltro, que será montado até ao final do ano, para evitar os fumos e os cheiros”, referiu. Carlos Simões explicou ainda que a laboração está parada desde Julho e que, até final do ano, conta ter tudo operacional de modo a “reiniciar a laboração em Janeiro”.
“Empresas poluidoras não”
Recorde-se que em Julho deste ano, a fábrica foi alvo de uma operação da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), tendo sido instaurado um processo-crime por suspeita de fraude sobre mercadorias e apreendidos 18.200 litros de óleo alimentar e 177.690 rótulos com menção de azeite. Num comunicado enviado na altura, a ASAE explicou que a apreensão foi feita no âmbito da operação de fiscalização “Oliva” a uma indústria de extracção e refinação de óleos vegetais, com embalamento de óleos e azeites, no concelho de Torres Novas. A ASAE adiantou ainda que foi instaurado um processo de contraordenação por deficiência das condições de higiene e estruturais e determinada a suspensão imediata da atividade. Questionado sobre esta situação, Carlos Simões confirmou a operação da ASAE na Cratoliva, mas negou qualquer intenção de vender óleo alimentar com o rótulo de azeite ou poluição de linhas de água.
Também em Junho, o vereador do Ambiente da Câmara de Torres Novas considerou que as pessoas têm “toda a razão” para estarem “indignadas, insatisfeitas e ansiosas pela resolução de um problema ambiental, mas também de saúde pública”. O vice-presidente da câmara assegurou que o município apoia todos os empresários, mas salientou que o que está em causa é um problema ambiental. “É evidente que nós apoiamos o empreendedorismo, apoiamos as empresas, e estas fazem falta para a criação de postos de trabalho. Agora, empresas poluidoras não. Já tivemos problemas gravíssimos no passado com uma empresa […] e dispensamos as que não cumpram com as normas de segurança e de ambiente necessárias”, disse Luís Silva.
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