Três Dimensões | 25-12-2021 20:24

“Na política ainda há pessoas que não olham a meios para atingir os fins”

“Na política ainda há pessoas que não olham a meios para atingir os fins”
João Santos é professor universitário e está no seu segundo mandato como presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

João Santos, 45 anos, professor universitário e presidente da Junta de Vila Franca de Xira.

João Santos é um rosto conhecido de Vila Franca de Xira e foi reeleito em Setembro. Estar com a família e aproveitar cada momento é a sua maior aspiração. Doutorado e professor universitário de economia, diz que ser presidente de junta é a maior honra que sentiu na vida. Confessa-se profissional no que faz e gosta de gerir de forma pragmática e utilitarista.

Mais que professor considero-me um funcionário público. Estou desde os 16 anos na Câmara de Vila Franca de Xira, onde entrei como aprendiz de electricista. Ainda não tinha terminado o 12º ano na área da informática e já dizia ao meu pai que queria trabalhar enquanto estudasse. É algo que continuei a fazer até hoje. Coordenei até 2017 o Sistema de Informação Geográfica de Vila Franca de Xira. Fui um jovem feliz. Jogava futebol no Vilafranquense, trabalhava e estudava ao mesmo tempo. Ia namorando e convivendo com os amigos. Os meus pais vêm de famílias humildes mas nunca nos faltou nada.

Comecei a namorar a minha mulher com 21 anos. Aos 22 anos comprei casa na Praia da Areia Branca, concelho da Lourinhã, para onde gosto de ir fazer férias e umas escapadelas. Orientei a minha vida em função do trabalho e dos estudos. Trabalhar e estudar em simultâneo tornou-se normal. Tirei uma licenciatura em geografia e planeamento. Foi esse passo que me levou a fazer o doutoramento em economia. Percebi que tinha apetência para a docência e complementei com dois mestrados.

É mais fácil ser professor que aluno. Desde que o façamos com muita responsabilidade. Sinto-me como peixe na água a leccionar. Não gosto de falhar em nada da minha vida. Gosto de ser profissional. Não tenho a veleidade de ser perfeccionista mas gosto de ser o mais profissional possível. Considero-me uma pessoa bastante pragmática e que cumpre com os objectivos. É uma grande responsabilidade ser professor porque estamos a contribuir para determinar o rumo da vida daqueles alunos. Quanto mais genuínos formos melhores são os resultados.

A inteligência não depende do sucesso escolar. Depende do percurso de vida e das opções que tomamos. É verdade que quando estudamos desenvolvemos a capacidade cognitiva e o pensamento crítico. Mas conheço pessoas muito bem sucedidas do ponto de vista escolar, que fazem mais que uma licenciatura e não deixam de meter o pé na poça e hipotecar as suas vidas. Para mim inteligência é, com poucas palavras, fazer luz face a um problema. Os meus pais são a minha referência e ainda hoje tenho no bairro de Povos pessoas que considero família e que substituíram os avós que nunca tive.

Não sei porque razão em Portugal se assumiu que se chame doutor a quem não é doutorado. Concordo que se possa chamar, não vejo isso como problema, desde que ocorra num sentido positivo. Não me sinto superior aos outros por ser doutorado. Só exijo que não me tratem por tu numa sala de aula. Não me parece bem. De resto dispenso essas classificações porque soa a presunção.

Tenho como máxima gerir conflitos até à exaustão. Quase como um vendedor a retalho, atrás do balcão, sempre com um sorriso a gerir os problemas. Sou uma pessoa calma, racional e profissional. Não retalio. Evito o conflito. Sou ascendente de escorpião e sinto quando me fazem mal, mas não sou capaz de descer ao mesmo nível. Isso permite-me deitar-me tranquilo. Temos de ter uma conduta exemplar. Pugnar pelos valores da fraternidade, igualdade e sentimento de respeito pelo próximo. Na política, infelizmente, ainda há pessoas que não olham a meios para atingir os fins.

Os meus filhos e mulher estão em primeiro lugar. O meu sonho é ser feliz com a família. De Junho até às eleições tive o período mais extenuante da minha vida e percebi que foram eles os mais penalizados. Foi aí que percebi a importância da família. É o que nos preenche. Quando somos novos estamos sujeitos a muitas tentações, como as drogas, e ainda hoje não sei como não as experimentei. À minha volta quase todos os meus amigos experimentaram drogas duras e alguns acabaram mesmo por morrer. Não tenho dúvidas que foi o meu pai a fazer de mim a pessoa que sou. Não sou um político e por isso ponderei seriamente em não me recandidatar para o segundo mandato. Fi-lo pelos meus pais. Sei que têm orgulho no trabalho que fazemos pela cidade.

Ser presidente de junta é a maior honra que senti na vida. Muito superior à de ter conseguido acabar o doutoramento. É a maior honra do mundo estar ao serviço da minha terra. Gosto de manter uma gestão pragmática e utilitarista. É verdade que são funções muitas vezes solitárias e já tive de tomar decisões limite que afectam directamente a vida das pessoas. É exigente. Às vezes até enquanto estou a fazer exercício físico estou ocupado a pensar como vou resolver alguns problemas.

Não tenho medo de andar sozinho à noite em VFX. Somos das cidades mais seguras do mundo. Faço parte do Conselho Municipal de Segurança e mensalmente tenho acesso aos dados de segurança. Os problemas na nossa freguesia são quase nulos. O problema das ruas vazias é comum a toda a sociedade. As dinâmicas mudaram e os territórios não são o que eram há 30 anos.

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