Rui Gonçalves: um presidente de junta que é “pau para toda a obra”
Rui Gonçalves, 57 anos, presidente da Junta de Freguesia da Carregueira
Nascido no Arripiado, concelho da Chamusca, Rui Gonçalves cresceu a cruzar a nado as margens do Tejo e a construir cabanas nas árvores. Atirou-se ao trabalho na adolescência, exerceu o primeiro cargo político há 13 anos e é presidente de Junta de Freguesia da Carregueira há dois. Diz-se tolerante à crítica e afirma estar na política para dar resposta às necessidades da população. Defende que as juntas de freguesia deviam ser dotadas de maior apoio financeiro e lamenta que tenham que resolver problemas que não são da sua competência.
Nasci e cresci no Arripiado, um lugar da freguesia da Carregueira. As minhas melhores memórias são aquelas passadas na rua. Guardo recordações das brincadeiras pensadas no momento, como construir uma cabana em cima da árvore do quintal do vizinho, as travessias a nado da margem do Tejo ao castelo de Almourol. Durante a adolescência fui escuteiro do agrupamento da aldeia, onde me ensinaram os princípios da vida. Comecei a trabalhar aos 16 anos numa oficina de fabrico de portas de fole no Arripiado, até ingressar voluntariamente no serviço militar aos 17 anos. Há 33 anos que trabalho numa empresa de indústria e comércio de mármores e granitos onde sou operador de máquinas de corte.
A minha vida efectiva na política iniciou-se em 2009, mas anteriormente já fazia parte das listas do partido que represento hoje. Em 2009 fui convidado pelo Joel Marques, ex-presidente de Junta da Carregueira, a integrar a equipa do PS candidata a essa autarquia. Fui tesoureiro até ser presidente de junta pela primeira vez em 2020.
Ser político é servir bem a comunidade. A minha forma de estar na política é simples, mas com muita ambição de proteger e dar resposta às necessidades da população. Considero ter uma muito boa relação com os fregueses, uma ligação de empatia e proximidade. A política não me trouxe inimizades porque sou bastante tolerante à crítica, mas o desacordo faz parte.
Considero-me um presidente de junta de rua e pau para toda a obra. É assim que melhor me identifico. Todos os dias vou à junta, falo com o executivo e com os funcionários. Mas é certo que é na rua que sou mais assiduamente abordado. As juntas de freguesia têm de ser vistas como o elo mais importante entre a população e o poder, por isso deviam ser dotadas de maior apoio financeiro. Muitas vezes a junta de freguesia resolve problemas que não são da sua competência. Considero a transferência de competências da câmara para a junta um processo bem dirigido, nomeadamente a nível financeiro, tornando-se um facto que dá mais autonomia à junta.
Sou um homem que cumpre as suas promessas. Ser autarca ainda veio reforçar mais o meu dever de cumprir ao que me propus perante os fregueses. Se abrirmos o programa eleitoral de 2020 e o compararmos com a actualidade constatamos que no que se refere ao ambiente, espaços públicos e jardins, educação e juventude, actividades económicas, protecção civil, segurança e trânsito, acção social, saúde, solidariedade, associativismo, cultura, desporto, património, administração e comunicação, muito já foi concretizado, ambicionando que até ao próximo acto eleitoral esteja tudo conforme proposto.
O concelho da Chamusca tem um grande senão: os acessos ao concelho e para fora dele são insuficientes. Temos a ponte da Chamusca com grandes dificuldades de circulação de trânsito e as alternativas são a mais de uma a duas dezenas de quilómetros. O Eco Parque do Relvão, instalado na freguesia da Carregueira, não tem acessibilidades adequadas às necessidades.
Na Carregueira a maior dificuldade talvez seja a falta de habitação. Há pessoas que se querem fixar na freguesia em modo de arrendamento e não há resposta. A junta de freguesia tem o programa “Natalidade +” que consiste em dar apoio à natalidade. O impacto da inflação não se vê apenas nos preços do supermercado, reflecte-se em tudo do dia-a-dia, desde as necessidades primárias até ao lazer e à cultura.
Simplicidade é o que me define enquanto pessoa. Ser dedicado é a minha maior virtude e ser teimoso o maior defeito. Perdoo facilmente mas não peço desculpa com facilidade. No outro o que mais valorizo é a lealdade e a inteligência. Sou casado e tenho duas filhas. Elas dizem que eu sou o melhor pai do mundo. Independentemente do modo e da forma como se cresce e se vive há sempre uma figura permanente na nossa vida: o nosso pai. Agora as minhas filhas são quem me faz empenhar a cada dia. Os nascimentos delas foram dos momentos mais marcantes da minha vida.
Na vida falta-me fazer muita coisa e vai sempre faltar, jamais se faz tudo numa vida. Em 2023 quero continuar a contribuir para que cada vez mais a freguesia da Carregueira seja um bom sítio para viver e que as crianças e jovens se orgulhem da sua terra.