Três Dimensões | 12-02-2023 07:00

Dificuldades e desafios ajudam jovens a lidar com a frustração

Dificuldades e desafios ajudam jovens a lidar com a frustração
TRÊS DIMENSÕES
Graça Brás está na APAC da Póvoa de Santa Iria há 40 anos

Pelas mãos de Graça Brás passaram nas últimas quatro décadas milhares de crianças da Póvoa de Santa Iria, algumas delas que são hoje pais e já lá estão a colocar os filhos também. A funcionária mais antiga da Associação Popular de Apoio à Criança é mulher apaixonada pela sua profissão e que não se vê a fazer outra coisa.

Lidar com crianças é um trabalho cansativo e por vezes desgastante mas para Graça Brás, auxiliar de educação, de 62 anos, esse é um privilégio que não trocaria por nada deste mundo. É a funcionária mais antiga da Associação Popular de Apoio à Criança (APAC) da Póvoa de Santa Iria, com 40 anos de serviço. É um rosto conhecido na cidade e pelas suas mãos já passaram milhares de crianças, muitas delas hoje já adultas.
“Já vivi momentos felizes e outros mais desafiantes mas todos os dias têm a sua felicidade própria. Lidar com crianças é um privilégio. Elas dão-nos uma alegria especial e imensa felicidade”, confessa a O MIRANTE. Natural de Lisboa, viveu em Santa Iria da Azóia, concelho de Loures, até ao momento em que se casou e passou a viver na Póvoa de Santa Iria, a pouco mais de 15 minutos do trabalho, o que lhe permite ir a pé todos os dias para o emprego. “Gosto de viver aqui. É uma cidade calma e temos a zona ribeirinha arranjada, que é muito bonita, embora raramente a visite”, brinca.
A sua vida profissional começou num escritório de contabilidade mas como não se adaptou ao ambiente decidiu arriscar e candidatar-se a uma posição na APAC. Já trazia consigo a experiência de lidar com crianças enquanto catequista e monitora de colónias de férias. “Quando vim experimentar comecei a apaixonar-me pela profissão e fui estando. Afinal fiquei até hoje. Quando era pequena nunca tive uma profissão de sonho. Nunca pensei numa determinada profissão”, conta.
Graça Brás trabalha nas primeiras instalações da APAC, na Quinta da Piedade, perto do centro de saúde. “Foi aqui que tudo começou, na altura só existiam estes pavilhões”, recorda. Além das respostas de berçário e pré-escolar as instalações têm também salas para actividades de tempos livres. Actualmente dão resposta a mais de cinco centenas de crianças diariamente.
“A APAC tem uma grande importância na cidade embora hoje já existam outras respostas semelhantes a nível privado. Fomos a primeira Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) a existir na cidade nesta área. Temos essa história e legado que não se apagam de um dia para o outro”, refere.

Saber lidar com a frustração
A auxiliar de educação diz notar diferenças entre os jovens de hoje e os de antigamente. Hoje, admite, os mais pequenos fazem mais birras. “É tudo mais difícil que antigamente na educação. Os meninos fazem o que querem, não são contrariados e aqui temos de saber gerir as birras. Antigamente havia algum respeito e os pais davam-nos maior autoridade”, defende.
A profissional admite ter “algumas dúvidas” sobre as futuras gerações. “Não sabem lidar com a frustração porque têm tudo o que querem. Isso é bom por um lado mas por outro gera problemas. Também é desafiante esforçarmo-nos para termos as coisas. As dificuldades deram-nos um calo que as novas gerações não vão ter. Pelo menos a saber lidar com essas frustrações de nem sempre termos o que queremos”, defende.
No seu dia-a-dia o que mais gosta é de fazer actividades com os mais pequenos e passar tempo de qualidade no exterior das salas de aula. O seu sonho de vida é ver crescer os netos, estar com a família e viajar. Sonha que a APAC continue também a crescer e que tenha um grande futuro pela frente. “Queremos sempre mais e melhor para a APAC. É a minha casa, passo aqui mais horas do que em casa”, admite a mulher para quem a honestidade, perfeccionismo e profissionalismo são os valores fundamentais a ter no trabalho. “Não trocava o que faço por nada deste mundo”, conclui.

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