Três Dimensões | 09-05-2023 07:00

“Na gestão da saúde o foco nunca pode estar no lucro mas no serviço de qualidade”

“Na gestão da saúde o foco nunca pode estar no lucro mas no serviço de qualidade”
TRÊS DIMENSÕES
Mário Ribeiro é o director do Hospital CUF Santarém

Mário Ribeiro tem 35 anos e é director do Hospital CUF Santarém. Nascido no norte do país, está ligado à cidade ribatejana desde os tempos de estudante.

Vive em Vila Franca de Xira e diz que para se ter acesso à cultura não é preciso viver em grandes centros urbanos. Valoriza o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e defende que se tomam melhores decisões em equipa. Gerir um hospital é um desafio mas, garante, a qualidade do serviço que se presta traduz-se em unidades de saúde sustentáveis.

A massificação tecnológica dentro das relações humanas é algo que me assusta. Não é raro chegarmos a um restaurante e vermos pessoas à mesa com o telemóvel na mão sem comunicarem directamente entre si. Temos necessidade de estar sempre ligados, com o telemóvel na mão. Acho que começa a haver um exagero e gostava que houvesse uma forma de reverter isso.
Se fossemos mais honestos conseguiríamos entender-nos muito melhor. A honestidade é o que mais valorizo no outro. Sou uma pessoa que exige muito de si própria, que faz por ser justa. Também sou teimoso, mas dou o braço a torcer se estiver errado. Quando erro não me custa pedir desculpa. Digo tudo o que penso, mas penso na forma como o digo porque não há necessidade de sermos brutos a passar a nossa mensagem.
Vivi uma infância com muita liberdade, ar livre e espaço para poder brincar. São boas as memórias que guardo. As minhas raízes são do Norte, da zona de Lamego, mas aos seis meses de vida fui viver para Cascais, onde me mantive até ao momento em que ingressei no ensino superior, em Santarém.
Escolher Santarém para estudar teve uma intenção: sair da alçada dos meus pais. Se tivesse estudado em Lisboa não teria tido essa oportunidade. Ter mais liberdade trouxe-me responsabilidade acrescida. Nos primeiros tempos foi um grande desafio viver sozinho e foi aí que percebi a importância de saber cozinhar. Licenciei-me em Gestão de Empresas no Instituto Politécnico de Santarém e além do bom ambiente académico que vivi e dos amigos que fiz, ao nível do ensino não tenho nada de mal a apontar. Noto que o Politécnico se tem vindo a reestruturar continuamente e que se tem tornado, cada vez mais, num ponto de referência para Santarém.
Já conhecia bem a casa e já era parte da família CUF quando há cerca de um ano aceitei as funções de director do Hospital CUF Santarém. Outro factor que me levou a aceitar o desafio foi já ter, a nível de gestão, um conhecimento e capacidade para assumir esta função. Iniciei o meu percurso no Grupo José de Mello Saúde nos serviços centrais, em Carnaxide e em 2016 fui para a CUF Santarém.
Gerir um hospital é um grande desafio. No Hospital CUF a gestão é partilhada, todos trabalham em conjunto com um mesmo propósito, o que nos dá uma grande segurança. Cerca de 150 mil clientes únicos já vieram a este hospital desde 2015 e isso é motivo de orgulho. Ter este crescimento sustentado permite investir e capacitar as instalações para podermos receber mais pessoas e melhorar o nível de qualidade dos serviços, ou seja, dar mais saúde a quem nos procura.
Somos um país onde claramente se prestam cuidados de saúde com qualidade, onde existe uma oferta muito boa no âmbito da saúde e onde há possibilidade de escolha. No entanto há zonas que estão menos salvaguardadas e os grandes desafios passam por garantir que os cuidados chegam a todos. Há também especialidades médicas para as quais a produção de médicos é curta para as necessidades, como é o caso da dermatologia. Na CUF temos, felizmente, equipas coesas que nos ajudam a crescer e isso dá-nos segurança de não termos médicos a querer mudar para outras unidades.
Na gestão da Saúde o foco nunca pode estar no lucro mas no serviço de qualidade que se quer para a população. A CUF trabalha no propósito da qualidade, da melhoria contínua e da aposta em mais serviços e cada vez mais especializados. Existir qualidade no serviço traduz-se em hospitais sustentáveis e é isso que se pretende. Temos inquéritos feitos a uma grande amostra dos nossos clientes para percebermos o que podemos melhorar e que nos revelam excelentes indicadores de qualidade.
O serviço privado é um parceiro do Serviço Nacional de Saúde. A CUF teve três experiências em Parcerias Público Privadas e, em qualquer uma, os indicadores de serviço foram bastante bons. Actualmente o foco está nos nossos hospitais, mas existem áreas em que continuamos a trabalhar com o SNS. Um exemplo é no apoio às listas do sistema integrado de gestão de inscritos para cirurgia em que as pessoas que estão há mais de seis meses à espera para serem operadas no hospital público recebem um vale cirurgia para o poderem fazer em hospitais com convenção no privado; o Hospital CUF Santarém é um deles.
Para se ter acesso à cultura não é preciso viver em grandes centros urbanos. Vivo em Vila Franca de Xira e posso dizer que a cidade tem muitos eventos culturais durante todo o ano. Sou um adepto do passeio ribeirinho ao longo do rio Tejo e sinto um ganho tremendo em qualidade de vida por não viver numa grande cidade.
Ser pai foi o caminho normal da vida, não um objectivo. Tenho duas filhas e um terceiro filho a caminho. Sei que sou exigente enquanto pai no que toca aos valores e à educação que lhes quero transmitir, sempre na base do respeito pelo outro. Mas também sou um pai brincalhão. As crianças têm que ser crianças e ter liberdade para errar e fazer asneiras.
Usar fato e gravata no trabalho é muito facilitador na hora de me vestir. Fora do trabalho visto-me de forma mais desportiva. Gosto de fazer caminhadas ao ar livre e o Médio Tejo tem excelentes destinos para isso, com zonas calmas e paisagens bonitas. Tenho casa de família em Salvaterra de Magos onde, com as minhas filhas e a minha mulher, cuido de uma pequena horta. Nem sempre corre bem, mas acho importante perceberem de onde vem o que comem.
É-me fácil desligar do trabalho porque não está exclusivamente dependente de mim. Tranquiliza-me saber que conto com uma equipa bastante alargada e que sabe como agir. Sá vejo uma forma de se poder trabalhar que é fazê-lo em equipa. No Hospital CUF Santarém temos muito esse foco e isso permite-nos ter um equilíbro entre o que é a nossa vida pessoal e profissional, algo que é importante para mim.

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