Três Dimensões | 10-12-2023 18:00

“Fico triste por não ver Alverca aproveitar as oportunidades de investimento”

“Fico triste por não ver Alverca aproveitar as oportunidades de investimento”
TRÊS DIMENSÕES
José Luís Rodrigues é um dos sócios da Acessomatic de Alverca

José Luís Rodrigues, 46 anos é sócio-gerente da Acessomatic - Comércio de Componentes Pneumáticos, Hidráulicos e Eléctricos, Alverca do Ribatejo.

Sonhava ser piloto da Força Aérea mas a vida cedo o empurrou para o ramo dos automatismos onde arranjou o seu primeiro emprego. Um dia arriscou com um sócio avançar com a sua própria empresa que tem crescido todos os anos e já conquistou várias distinções de PME Líder. Cresceu na Póvoa de Santa Iria e elege os caminhos ribeirinhos como grandes factores de potencialidade turística e de lazer mas lamenta que a cidade de Alverca não esteja a aproveitar as oportunidades de investimento que vão surgindo. Estar com a família sempre que pode é a maior felicidade que tem na vida.

Todos os anos tento tirar férias mas o último dia de férias gozado a sério foi quando era empregado. Ou então no início da empresa quando os telemóveis ainda não tinham e-mails. Ter acesso ao mail no telefone facilitou a vida nuns aspectos mas noutros acho que vamos sofrer as consequências do desgaste mental que isso provoca. É saturante estar sempre ligado, devíamos descansar mais e conseguir desligar mas é complicado. Estou sempre próximo da empresa.
Passar tempo e aproveitar estar com a família é o que mais prazer me dá na vida. Fui criado na Póvoa de Santa Iria e vim antes de casar para Alverca. Hoje vivo no concelho de Arruda dos Vinhos. Ainda não vi os passeios ribeirinhos de Vila Franca de Xira por falta de tempo. Só me sobram os domingos e o tempo não chega. Mas do que sei são zonas agradáveis para se estar e podem ajudar a potenciar o concelho.
Quando era miúdo sonhava ser piloto da Força Aérea porque gosto muito de aviões. Estou na cidade certa apesar de Alverca já ter sido mais a cidade da aeronáutica do que é hoje. Fico um pouco triste por a cidade não aproveitar melhor as oportunidades, até no tecido empresarial não se vê grande investimento. Tirando a OGMA pouco mais temos. A nível empresarial Alverca está a tornar-se numa cidade de armazéns de logística e grandes superfícies.
O meu primeiro emprego foi numa empresa dentro desta área no Carregado, em 1995. Não entrei para o curso que pretendia na faculdade, tive possibilidade de começar a trabalhar e concorri a uma empresa. Na altura sabia o que era um parafuso porque o meu pai era mecânico e não sabia muito desta área da automação. Acabei por gostar muito disto. Em 1999 o meu sócio, Acácio Sousa, criou a Acessomatic. Tínhamos sido colegas nessa outra empresa onde trabalhei. No início a Acessomatic começou num âmbito meramente de reposição de partes suplentes para a indústria, nas áreas de material eléctrico, ar comprimido e automação. Com o evoluir do negócio gradualmente começaram a pedir-nos para fazer instalações. Depois começámos a fazer projectos mecânicos para fábricas. Hoje, quando os clientes nos chamam é para optimizações de processo, tirar maior rentabilidade, reduzir custos nas linhas de produção e adaptar processos que já tinham.
Fomos PME líder em 2015 e 2021. O nosso forte é a indústria automóvel mas trabalhamos com toda a indústria, desde a vidreira, alimentar, entre outras. Nos últimos três anos duplicámos a facturação que tínhamos. A falta de materiais no mercado foi angustiante. Tivemos máquinas paradas a aguardar automatismos, mas tentámos sempre servir da melhor forma os nossos clientes e encontrar soluções.
Sou uma pessoa que gosta de resolver desafios. Normalmente sou obrigado a resolver no dia-a-dia questões que não deveria já estar a resolver. O nosso maior desafio neste momento é criar uma estrutura que não dependa de nós e seja autónoma. Não tenho a ambição de deixar de trabalhar mas não quero que as coisas dependam sempre de nós. Gostávamos de ter mais tempo para pensar na empresa, procurar outras oportunidades e que as coisas fossem rolando, para que não fosse apenas gerir o dia-a-dia.
Já me passou pela cabeça voltar a ser empregado. Às vezes penso se não valia a pena arranjar outro emprego, trabalhar apenas oito horas e receber um bom ordenado sem nos chatearmos. Mas não temos essa mentalidade e queremos continuar a investir na empresa. Uma das grandes dificuldades das empresas hoje em dia, e fico triste em dizê-lo, é lidar com as pessoas. Fazemos imensas entrevistas, as pessoas aparecem mas não querem trabalhar. Preferem ficar a receber os subsídios do que vir trabalhar. O meu sócio está reformado há quatro anos e continua a fazer oito a dez horas por dia de trabalho e aos sábados também vem cá. Também passo aqui muitas horas quase todos os dias.
Vamos mudar a empresa para o Carregado porque em Alverca os espaços são caros e os mais baratos estão a cair de maduros. Temos muitos armazéns fechados no concelho de VFX mas as pessoas acham-se no direito de pedirem o que acham e não baixam os preços. Iniciámos a construção de novas instalações que nos permitirá passar de 495 m2 para dois pavilhões com mil m2 nos Casais Novos, no Carregado. Sempre reinvestimos na empresa para criar dimensão e capacidade de resposta. Se não fosse assim não teríamos crescido tanto.
A falta de empenho irrita-me. Quando nos esforçamos e damos o exemplo, sendo os primeiros a entrar e os últimos a sair, e vemos que não há um reconhecimento desse empenho é algo que me tira um pouco do sério. Tento não levar as coisas a peito. Lidamos bem com a pressão. A Acessomatic cresceu graças a tentar resolver os problemas do cliente e estar sempre disponível, somos uma empresa de proximidade. Quando um cliente está num aperto e precisa de solução, seja fora de horas ou fins-de-semana, estamos lá.
Não dou passos maiores que a perna. Sou uma pessoa prudente e gosto de jogar pelo seguro. Não entro em loucuras. Temos de ser proactivos, estar atento aos problemas e criar soluções. Para o ano espero que a empresa continue a crescer, com profissionalismo e a responder aos clientes com qualidade. Temos em curso a certificação da empresa pela ISO 9001 que é algo muito importante no nosso sector.

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