Três Dimensões | 26-12-2023 12:00

“Faltam indústrias e postos de trabalho em Santarém”

“Faltam indústrias e postos de trabalho em Santarém”
TRÊS DIMENSÕES
Filipe Alves é director comercial da Garval - Sociedade de Garantia Mútua - em Santarém

Filipe Alves, 41 anos, é director comercial da Garval – Sociedade de Garantia Mútua com área de abrangência em Santarém, Leiria e Coimbra. Natural de Almeirim, valoriza o sentido de responsabilidade.

Na infância e adolescência praticou andebol, futebol e karaté onde aprendeu o sentido de responsabilidade, confiança e controlo emocional. Gostava que o aeroporto fosse construído em Santarém e considera que seria uma vantagem enorme para toda a região.

Os meus pais sempre me incutiram o sentido de responsabilidade e o valor do dinheiro. Desde cedo que quis seguir a área de economia e gestão. Tirei o curso de Economia na Universidade de Évora, de onde guardo muito boas memórias. Sempre tive noção que queria conquistar uma vida confortável e felizmente consegui ter condições financeiras para mim e para os meus filhos. Fico um pouco mais descansado por isso. Adoraria ter tido uma experiência profissional internacional. Houve uma oportunidade mas optei pela segurança e não consegui sair da minha zona de conforto. Se voltasse atrás teria feito diferente.
Cresci num ambiente muito familiar. Tive o privilégio de viver, até aos dez anos de idade, na Quinta da Alorna, onde havia várias casas ao lado umas das outras para trabalhadores da quinta. O meu pai era camionista e fiz muitas viagens de trabalho com ele. Fiquei com a certeza de que não queria ser camionista. Lembro-me de ir com o meu pai para o Minho em viagens que duravam mais de cinco horas. É um trabalho muito exigente física e mentalmente. A minha mãe trabalhava na parte administrativa de uma fábrica de costura em Almeirim, onde trabalhavam 300 mulheres. Ia para lá muitas vezes e era muito acarinhado por todas.
Fui campeão regional de karaté algumas vezes. Sempre pratiquei muito desporto na infância e juventude. Comecei no andebol mas depois passei para o karaté onde estive mais tempo. Era um ambiente muito acolhedor e de entreajuda. O karaté ensina-nos a ter responsabilidade, confiança e controlo emocional. É uma escola de vida. Saí porque era apaixonado por futebol. Joguei no União de Almeirim mas o ambiente era diferente do karaté. No futebol havia maior competitividade entre os atletas. Agora já não pratico desporto. Não tenho tempo.
Cozinhar é uma terapia. Sou muito de molhos e adoro molhar o pão no molho da comida. Gosto de cozinhar arroz de tomate com peixe, peixe grelhado, frango no forno e massas. Gosto de cozinhar com tempo. Não gosto de desarrumação e quando estou a cozinhar vou lavando o que sujo. Detesto ver o lava-loiça sujo. Também gosto de chegar a casa e ter a comida feita.
Deixei o primeiro emprego quando o carro se avariou. Quando saí da universidade estive três meses a vender seguros de uma empresa norte-americana, na Batalha (distrito de Leiria). Ia e vinha todos os dias para Almeirim, onde morava na altura. Era uma viagem longa e o que ganhava não compensava para as despesas que tinha. Quando o carro avariou despedi-me porque era incomportável trabalhar sem carro. Depois entrei na Garval onde comecei como gestor de cliente. Nessa altura a Garval estava em crescimento e foi um desafio enorme para mim, um miúdo de 25 anos, lidar e contactar com empresários com idade para serem meus avós e parceiros de banca com idade para serem meus pais. Ganhei muita estaleca e sobretudo experiência. Gosto muito do que faço.
A minha vida mudou com o nascimento dos meus filhos. As prioridades passaram a ser outras e tudo é feito consoante as suas necessidades. Tenho que agradecer à mãe dos meus filhos que foi sempre incansável e uma mãe muito extremosa e disponível porque foram poucas as noites que tive que me levantar para cuidar das crianças. Faço por ter mais tempo disponível para os meus filhos. Tenho que arranjar tempo porque eles são a prioridade e o mais importante da minha vida.
Faltam fábricas e postos de trabalho em Santarém. Falta indústria que traga postos de trabalho qualificado. O facto de Santarém estar perto de Lisboa e ter boas acessibilidades tem o reverso da medalha porque há muita gente a trabalhar fora, o que faz com que não haja muitos postos de trabalho. Muitos dos jovens que vão estudar para Lisboa depois ficam a trabalhar e viver na capital. A zona industrial de Santarém não tem muita indústria, tem sobretudo o sector automóvel, que é sempre uma mais-valia, mas falta diversidade de trabalho. Deve apostar-se em trabalho qualificado porque só assim as pessoas conseguem também ter melhores salários.
Toda a região iria beneficiar muito com o aeroporto em Santarém. Gostava muito que o aeroporto viesse para Santarém mas também não sei até que ponto, a nível ambiental e de poluição, teria impacto nas nossas vidas. Com certeza que haveria maior especulação imobiliária porque todos os terrenos e casas iriam valorizar. Também a nível turístico seria muito bom, com toda a região Centro a evoluir e a crescer exponencialmente. Temos que ver que não somos um país rico por isso temos que pensar qual é a melhor localização para o aeroporto. No campo de tiro são necessárias uma nova travessia sobre o Tejo, além de uma ferrovia. Temos que escolher consoante as capacidades financeiras do país.
Há muito consumismo na época do Natal. Natal é sinónimo de família e nesses dias aproveito para estar com a minha, todos à volta da mesa, com serenidade. Há uma preocupação grande com as prendas quando o mais importante é estarmos presentes. É desmesurada a quantidade de brinquedos que as crianças têm e por isso não dão tanto valor ao que têm. É importante que percebam que o amor e estar em família é muito mais importante do que a quantidade de brinquedos que recebem.

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