Três Dimensões | 21-05-2024 21:00

Tertúlias tauromáquicas são uma imagem de marca de VFX

Tertúlias tauromáquicas são uma imagem de marca de VFX
TRÊS DIMENSÕES
Guilherme Nunes, 61 anos, é profissional de seguros e lidera a associação de tertúlias de VFX há dois anos. Conversa com O MIRANTE teve lugar na tertúlia O Mata Cavalos de Leonel David

De 3 a 5 de Maio a cidade de Vila Franca de Xira acolhe a quinta edição da Feira das Tertúlias, um momento que no ano passado movimentou mais de 20 mil pessoas e onde estas agremiações se dão a conhecer à cidade e exaltam o espírito taurino das gentes do Ribatejo com um convívio aberto à comunidade.

Um pretexto para O MIRANTE conversar com Guilherme Nunes, presidente da Associação das Tertúlias Tauromáquicas do Concelho de Vila Franca de Xira que representa mais de quatro dezenas de tertúlias da cidade sobre a importância cultural destes espaços, sobre o futuro da tauromaquia e do sonho de ver criado em VFX um museu da tauromaquia.

A Associação das Tertúlias Tauromáquicas do Concelho de Vila Franca de Xira celebrou este ano uma década de existência, primeiro como confederação e depois como associação. Agregamos 43 tertúlias da cidade mas sabemos que algumas ainda não são nossas associadas. É um trabalho que queremos fazer e puxar essas tertúlias para junto de nós. Juntos somos mais fortes. A minha tertúlia chama-se Os Amigos do Dedal e do Tinto. As tertúlias são pequenos grupos que se fala sobre tudo, especialmente sobre tauromaquia.
Quando o espírito é de verdadeira amizade há espaço para tudo. Na minha tertúlia não há temas proibidos e pode falar-se de tudo, da política ao futebol mas especialmente sobre tauromaquia, que é uma das nossas grandes paixões. Nunca me irritei à mesa e consigo ter poder de encaixe (risos). Acredito que as tertúlias são um exemplo de inclusão, todos são bem vindos desde que venham por bem. Tira-me do sério e irrita-me a falta de compromisso. Se assumo um compromisso gosto de honrá-lo e que os outros façam o mesmo. A desonestidade também me irrita.
A criação da confederação das tertúlias, que depois deu origem à associação, foi um passo importante. Estava tudo disperso e cada um para seu lado. Unirmo-nos foi um passo importantíssimo para termos uma voz única que nos represente junto das diferentes entidades. Ganhámos outro peso. Fico feliz por ver uma nova geração de tertulianos a aparecer. Isso é muito importante. As tertúlias estão envelhecidas e há que dar ânimo e condições para irmos buscar gente nova e dar continuidade ao mundo tertuliano de VFX.
As tertúlias são um factor identitário de Vila Franca de Xira. Temos essa especificidade, de sermos museus a céu aberto, cada uma com o seu espólio e a sua decoração. Têm coisas que não se vêem em mais lado nenhum. São museus abertos a quem nos queira visitar. A tauromaquia está no ADN das nossas festas populares. Por isso é importante que as tertúlias mostrem o seu espólio a quem nos visita. Vila Franca de Xira merece as tertúlias que tem e elas fazem tudo o que podem para a engrandecer. Foi um orgulho imenso termos visto o Colete Encarnado ganhar as Sete Maravilhas da Cultura Popular. Agora acreditamos que a festa vai ser elevada ao estatuto de património cultural imaterial.
Para nós, criar um Museu da Tauromaquia em VFX é um assunto que ainda não morreu. Sabemos que inicialmente ninguém se entendeu e o assunto acabou. Mas é algo em que queremos pegar, com calma, com ponderação, para não acontecerem as mesmas coisas do passado. Agora se será para ser feito na actual estação de comboio, caso seja construída uma nova estação, não sei dizer. Mas gostava que houvesse um museu da tauromaquia, moderno e interactivo, que pudesse incluir também algum do espólio das tertúlias.
Nenhuma tertúlia é melhor ou pior que a outra. Cada uma tem as suas especificidades e nessa diferença está a nossa grande força. Tem de haver uma simbiose entre os tertulianos. As tertúlias têm de se visitar umas às outras, participar nos eventos e assim fortalecer todo o movimento. Somos todos vocacionados para conversar, tertuliar, beber um copo, fazer colóquios e conversas, mas todos temos de estar juntos. É esse espírito que tentamos manter. Gosto de uma boa corrida de toiros, seja a cavalo ou a pé, mas uma boa lide a pé enche-me as medidas. É mais genuína e não tem o cavalo como segurança. Não fico preocupado com o futuro da tauromaquia. O que temos visto nos últimos tempos são praças cheias com muita juventude, sabemos que há gente contra e respeitamos, da mesma forma que pedimos para ser respeitados, e acredito que a festa está saudável e tem futuro.
Preocupa-me tudo o que está a acontecer no mundo e sobretudo as guerras na Europa e na Palestina. O mundo está um barril de pólvora e basta um passo mal dado para ficarmos todos reduzidos a pó. Preocupa-me os políticos não se conseguirem entender para tentar resolver essas situações. Tantas posições radicais e não há quem se sente à mesa para conversar. A situação actual preocupa-me, sobretudo, por causa das gerações vindouras. Tenho um filho e preocupo-me por ele e por toda a juventude que está a crescer e não sabe como isto vai acabar.
Em VFX gostamos de falar saudosamente do passado e de como antigamente é que as coisas eram boas. Mas a vida evoluiu e nem sempre o que era bom na altura será bom hoje em dia. Devia haver mais investimento no comércio local para os vilafranquenses poderem comprar na cidade e criar mais condições para as pessoas não terem de sair tantas vezes daqui para terem o que precisam. Sabemos que estamos perto de Lisboa mas podemos criar condições para reter as pessoas.
A feira das tertúlias é o ponto alto da nossa associação. Queremos bater o número de visitantes do ano passado, que rondou os 20 mil. Vamos ter um colóquio internacional sobre tauromaquias populares, largada de toiros, tertúlia infantil para os mais novos brincarem, tasquinhas e muita animação. Vamos também ter uma demonstração da escola de toureio pelos seus 40 anos, um treino do grupo de forcados, vacada dentro da praça e artesanato. Queremos movimentar Vila Franca de Xira nesses dias e acredito que vamos consegui-lo.

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