Papelaria Ricardo de portas abertas há quarenta anos em VFX e na Póvoa de Santa Iria
Fátima Pinhal é uma figura conhecida no comércio da Póvoa de Santa Iria e de Vila Franca de Xira.
Em Fevereiro de 2025 celebra 40 anos desde que abriu a Papelaria Ricardo com o marido, um negócio que se transformou num legado que atravessa gerações. Do livro escolar, ao material de papelaria, jornais e revistas, a Papelaria Ricardo tem-se adaptado ao mercado e continua a ter clientes fiéis.
Natural da Póvoa de Santa Iria, onde vive desde sempre, Fátima Pinhal começou a sua vida profissional na Solvay Portugal como escriturária. Trabalhou na empresa logo após o 25 de Abril e viveu o período das grandes greves. Quando terminou o 12º ano ainda se inscreveu no Instituto Superior Técnico mas a independência falou mais alto. Os pais tinham comércio e o desejo de ter o próprio negócio fez com que se despedisse da Solvay. O marido acompanhou-a e deixou o emprego que tinha em Vila Franca de Xira. Na altura em que abriu a Papelaria Ricardo, na Rua 28 de Setembro, praticamente não haviam papelarias na Póvoa de Santa Iria. Quem precisava de livros escolares tinha de se deslocar a Lisboa. Nos primeiros anos o negócio cresceu rapidamente. Sem grandes superfícies comerciais na zona, a papelaria tornou-se indispensável para a comunidade. “No Natal era uma loucura. As pessoas traziam listas enormes de prendas para comprar. São tempos que deixam saudade”, relembra.
Quando abriu o Vila Franca Centro, a Papelaria Ricardo expandiu o negócio e abriu uma loja muito pequena no segundo andar. Mudou-se para uma loja maior e depois para o rés do chão. A loja teve sempre sucesso, mesmo com o centro comercial a entrar em declínio. Após duas décadas, Fátima Pinhal enfrentou o encerramento do espaço. “Custou-me muito sair. Foi degradante ver o centro a esvaziar-se, depois de tantos anos de dedicação”, lamenta. Há 10 anos instalou-se na rua em frente ao antigo Vila Franca Centro e reconstruiu a ligação com os seus clientes habituais. A papelaria conquistou novos públicos, nomeadamente imigrantes e soube adaptar-se ao mercado. Os anos passam mas a Papelaria Ricardo é uma referência, não apenas para material e livros escolares, mas também pelo atendimento próximo e personalizado. “É emocionante ver casais que vinham aqui quando eram pequenos e agora trazem os filhos. É um negócio que atravessa gerações”, diz. Curiosamente alguns artigos resistem às mudanças tecnológicas. “Achei que os postais iam desaparecer com os telemóveis, mas continuam a ser vendidos todo o ano. Também ainda vendemos muitas tabuadas do ratinho”, acrescenta.
Funcionários são o pilar do negócio
A equipa que trabalha com Fátima Pinhal é um dos pilares do negócio. Na loja da Póvoa de Santa Iria são dois funcionários e em Vila Franca de Xira são três, a contar com a gerente. O marido dedica-se às áreas da contabilidade e informática. Com alguns colaboradores há mais de 30 anos, a papelaria funciona como uma pequena família. Durante o início do ano lectivo, o volume de vendas de manuais escolares exige muitas horas de trabalho, mas a equipa mantém o ritmo. Fátima Pinhal não esconde a vontade do negócio ter continuidade pela mão dos funcionários após a reforma. “Não construí a loja sozinha, foi com eles, já estão há muitos anos comigo. São pessoas disciplinadas e que dão o seu melhor. Ficava com pena de encerrar sem ter ninguém para pegar na Papelaria Ricardo”, afirma.
O MIRANTE e os seus leitores de proximidade
Desde que O MIRANTE começou a ser distribuído na zona do Vale do Tejo que a Papelaria Ricardo vende o jornal. Todas as semanas existem clientes certos que compram o semanário. “Às vezes não chegam os jornais. Por exemplo, quando vem uma notícia da Póvoa de Santa Iria tenho de levar O MIRANTE de Vila Franca de Xira para lá. Felizmente ainda há muita gente que gosta do papel e do cheiro dos livros e jornais”, conta Fátima Pinhal.