Três Dimensões | 30-04-2025 15:00

“Gerir um negócio de saúde tem responsabilidade acrescida”

“Gerir um negócio de saúde tem responsabilidade acrescida”
TRÊS DIMENSÕES
Henrique Henriques é o administrador do Grupo H Saúde

Henrique Henriques é CEO do Grupo H Saúde, um projecto global de saúde com unidades nos concelhos de Leiria, Alcobaça e Rio Maior. Filho dos fundadores, decidiu abraçar o negócio da família que abrange mais de 40 especialidades médicas. Emprega pessoas de várias nacionalidades e lamenta que haja comentários xenófobos ao trabalhador imigrante. Pragmático e alérgico a pessoas que só vêem problemas, ambiciona o crescimento do grupo.

Sou natural de Alcobaça, onde cresci e sempre vivi. É lá que tenho os meus amigos. Tive uma infância feliz da qual guardo boas memórias. Fui pai há um ano e sou muito orgulhoso do meu filho. O Sebastião tem a sorte de estar ao cuidado dos avós maternos e paternos. Foi assim também que fui criado até aos três anos.
Na vida nem tudo pode ser trabalho. Não podemos ser nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Temos de fazer um equilíbrio entre a vida profissional, familiar e os momentos de lazer. Nem sempre é possível, claro, mas embora a minha vida profissional me ocupe cada vez mais tempo tento guardar algum para estar com a família e os amigos. É o meu escape. Gosto de estar rodeado de amigos, à mesa, numa boa conversa. Esses momentos também me trazem energia e motivação.
Quando acabei o secundário tive uma conversa séria com os meus pais e disse-lhes que queria trabalhar. Muitas das minhas tardes livres já eram passadas nas empresas dos meus pais. Cresci num laboratório de análises clínicas que era propriedade do grupo, onde brincava com o que havia. Na adolescência trabalhei no armazém da farmácia do grupo, na recepção da medicação e acompanhava um estafeta na entrega dos medicamentos ao domicílio.
Percebi desde muito cedo que o meu futuro iria passar pelo negócio da família, porque sou uma pessoa de trabalho e acção. Gosto de concretizar ideias. Além disso, desde muito cedo acompanhei os meus pais, António José Henriques e Manuela Alves, e vejo o trabalho árduo e difícil que tiveram para poderem proporcionar uma vida melhor à nossa família. Vimos de uma família pobre e humilde, e admiro muito os meus pais pela resiliência, pela força, o querer e a vontade de fazer mais. Construíram o Grupo H Saúde e são um exemplo para mim.
Actualmente o Grupo tem cinco clínicas, uma farmácia comunitária na Benedita e serviços que abrangem 45 especialidades médicas. Temos médico e centro de enfermagem todos os dias, incluindo domingos e feriados, sem necessidade de marcação. Temos serviço de hemodiálise, que era uma lacuna na região; serviço de imagiologia recentemente em Rio Maior, uma unidade que tem surpreendido e na qual se fazem exames de ressonância magnética, TAC, raio-x, mamografia, todo tipo de ecografias; consultas de especialidade e análises clínicas. A ressonância magnética não há na região. Foi um investimento grande por ser uma necessidade e um complemento de diagnóstico mais preciso.
Estamos aqui para servir as pessoas com trabalho de qualidade, que também é de proximidade e que tem um lado muito emotivo. Somos da terra e as pessoas conhecem-nos. Temos afecto para com os utentes. No Grupo H Saúde os utentes são vistos como pessoas e não como números. Apoiamos muito as instituições, desde as creches, aos bombeiros, às forças de segurança... Temos uma responsabilidade social grande e estamos sempre de portas abertas para servir quem nos procura.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma mais-valia que nunca deve deixar de existir. Foi uma conquista, mas, claro, tem lacunas. O privado também as tem. Estamos a atravessar um período de falta de profissionais de saúde e as entidades competentes têm de ter uma postura mais activa. Têm de abrir mais vagas e abri-las também a candidatos que possam vir de outros países. Os profissionais de saúde do SNS deviam ser melhor remunerados para que fiquem lá. Os privados existem como complemento e numa falha a que o SNS não consegue dar resposta. Vemos os grandes crescer, mas nem toda a gente tem acesso ao privado. É por isso que nós também lutamos pelas convenções com o SNS. Temos várias unidades convencionadas. Por exemplo, para fazer exames de imagiologia, raio-X, ecografias, análises clínicas, o utente não paga.
Tentamos escolher os melhores e temos uma equipa magnífica. Gerir um negócio de saúde tem responsabilidade acrescida e ao seu lado não podem faltar bons profissionais desde o corpo clínico, aos enfermeiros e auxiliares. A inovação e a aquisição de equipamentos de alta tecnologia é também uma aposta. Temos um lado forte de investimento e de acompanhamento das novas tecnologias, algumas que já funcionam com inteligência artificial.
Sou divertido, simpático e gosto de ajudar. Sou pragmático, gosto de resolver problemas, sobretudo no trabalho, porque estamos a falar da saúde das pessoas. O que temos de mais importante na vida é a saúde e o tempo. E no tempo em que vivemos temos que servir e ser ajudados. O meu avô, dizia muitas vezes: quanto mais dás, mais recebes. Levo essa premissa comigo. Sou ambicioso. Quero continuar a concretizar os meus sonhos e os sonhos do Grupo, criando mais emprego e mais ofertas para a população.
Não gosto de burocracias, quando complicam sem necessidade. Não gosto de falsidades e não perdoo uma mentira. Valorizo a humildade, a frontalidade e a honestidade. A minha companheira, Vanessa Passarinho, trabalha no Grupo mas em casa não se fala de trabalho. Na casa dos meus pais só se falava de trabalho e eu sofria com isso, porque também queria ter o meu tempo e espaço.
Durante muitos anos fiz parte do Secretariado do Partido Socialista da Distrital de Leiria. Fui também presidente da Juventude Socialista de Alcobaça e, em 2009, candidato a deputado nacional. Afastei-me, dadas as minhas responsabilidades e aquilo que quis abraçar: o negócio familiar. Esse é que é o meu ganha-pão.
Portugal está a passar uma fase difícil de mão-de-obra em várias áreas, não só na da saúde. Em muitos casos são os imigrantes que fazem o trabalho que os portugueses não têm vontade de fazer. Mas depois ainda ouvimos comentários xenófobos ou racistas. No total, entre médicos, farmacêuticos, auxiliares, enfermeiros, recepcionistas, trabalham no Grupo à volta de 400 pessoas de várias nacionalidades.

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