Três Dimensões | 09-07-2025 07:00

Simone Lopes dá a conhecer Portugal através da Quinta Nere Maitia no Vale de Santarém

Simone Lopes dá a conhecer Portugal através da Quinta Nere Maitia no Vale de Santarém
TRÊS DIMENSÕES
Simone Lopes, proprietária do Refúgio da Quinta Nere Maitia, no Vale de Santarém - foto O MIRANTE

O Refúgio da Quinta Nere Maitia, no Vale de Santarém, é a escapadinha perfeita para adultos, constituído por 10 bungalows num terreno com sete hectares e uma piscina natural. Fomos conhecer a proprietária, Simone Lopes, que realizou o sonho de uma vida em Portugal ao lado do marido Patrick Gilbert.

Nasci em França, filha de pais portugueses. Tinha cinco anos quando fui viver com os meus pais para norte de Toronto, no Canadá, onde trabalhei para o Governo na parte da emigração. Aos 19 anos os meus pais mandaram-me estudar em Coimbra e quase não falava português. Foi como uma reconfirmação do amor que tenho pelo país, porque ajudava sempre as pessoas que queriam visitar Portugal e fiz a promessa de que um dia vinha viver para cá. Depois, casei-me com o Patrick e fomos viver para o Arizona. Gostei do Vale de Santarém porque estamos perto do aeroporto e das autoestradas. Os meus pais vão estando em Portugal e no Canadá. Sou a mais velha de dois irmãos. O meu pai é de Trás-os-Montes, a minha mãe de Guimarães. Fugimos do Trump, já não aguentava mais.
Desde jovem entendi o sacrifício dos meus pais e a sorte que tinha. Comecei a trabalhar aos seis anos em casa, o meu pai iniciou a empresa de ar-condicionado na garagem. Fazia os desenhos e eu tinha de traçar no metal e ajudar com as máquinas, limpar ferramentas, organizar. A minha mãe trabalhava a limpar casas e escolas e ia sempre com ela. Lembro-me de ir dormir a casa da minha avó a Trás-os-Montes, numa cama de palha. Tinha de me lavar no rio, não havia casa de banho. Estava a viver numa casa simples no Canadá, mas era um palácio em comparação. É difícil emigrar, deixar as filhas. Temos de nos ajudar, o mundo está a ficar demasiado individualista.
Chegámos a Portugal no confinamento, começámos a construção em Janeiro de 2023 e abrimos em Agosto de 2024. As maiores barreiras foram o português, entender a burocracia que é muito complicada e fazer entender que somos pessoas simples, humildes, com a missão de fazer a diferença. A missão foi sempre trabalhar com empresas portuguesas, na calçada, nos móveis, nas pedras que são a base das casas, toldos, mosquiteiros. Os meus pais deram-nos esse orgulho da herança portuguesa, da cultura e da história. Quando vivia no Canadá e Estados Unidos da América fazia sempre eventos para introduzir a gastronomia, os vinhos. Questionei-me do que iria fazer aos 56 anos, com um português não bem estudado, e disse ao meu marido: “vamos converter esse passatempo de receber num negócio”. O nosso desafio agora é ter fundos do PT2030 para focarmos no marketing internacional.
É um refúgio para adultos descansarem num terreno com sete hectares e piscina natural. São 10 bungalows que representam dez regiões: Sado, Lisboa, Minho, Douro, Alentejo, Ribatejo, Beira Interior, Trás-os-Montes, Madeira e Açores. Têm acesso a uma biblioteca, jogos, livros para pintar, produtos típicos da região ou do país. São cozinhas bem equipadas, quartos com colchões e almofadas ortopédicas. Vamos ter também tablets que explicam sobre a região, onde é que podem comer, o que podem fazer, os festivais. Temos um centro multiusos com capacidade para 36 pessoas e dois chefes de cozinha quando necessário. As pessoas chegam cansadas, irritadas, zangadas, entram e a energia muda. No dia seguinte estão com um sorriso.
Sou forte, debato-me pela justiça, pelos jovens, organizada e exigente. Somos membros do Rotary Atlântico e estamos a organizar uma campanha para Novembro, um fim-de-semana a tentar educar as pessoas e empresas que temos de diminuir a utilização de plástico porque os nossos oceanos estão a sofrer. Estamos a começar a organizar quem é que vai substituir a nossa funcionária Mafalda, porque vai ser difícil com o português perfeito que ela tem. Queremos mais duas pessoas de confiança porque há anos que não temos férias, estamos casados há 33 e sempre em negócio, como melhores amigos. Já tentei ajudar jovens e alguns empresários questionaram-me o porquê se não têm experiência. Temos de os ajudar, como é que vão ter experiência? Não vou chamar todos, chamo quando vejo capacidades. Adoro passear de mota, cozinhar, lemos, descansamos, mas queremos ter mais tempo para descobrir o nosso país.

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