Três Dimensões | 23-07-2025 07:00

Paulo Ribeiro aposta numa liderança que assenta na proximidade com os atletas

Paulo Ribeiro aposta numa liderança que assenta na proximidade com os atletas
TRÊS DIMENSÕES
Treinador de futsal Paulo Ribeiro vive na Póvoa de Santa Iria e conseguiu levar os sub-17 do Sporting ao título nacional (Taça e medalha na Fotografia) - foto O MIRANTE

Licenciado em Educação Física e Desporto, Paulo Ribeiro, 29 anos, começou cedo no futsal, primeiro como jogador e, desde há nove anos, como treinador. Após sete épocas como adjunto no Sporting, assumiu o comando dos sub-17, que levou ao título nacional invicto. A residir há dez anos na Póvoa de Santa Iria, frequenta o curso de treinador de nível dois e exerce a sua actividade profissional como técnico de planeamento na Portway.

Cresci e estudei em Vialonga, mas na última década mudei-me para a Póvoa de Santa Iria. Licenciei-me em Educação Física e Desporto, mas já estava ligado ao futsal desde os 11 anos. Joguei no Clube Académico de Desportos (CAD), no São Julião do Tojal, Benfica, Bons Dias e Belenenses, onde joguei um ano na primeira divisão. O percurso de treinador de futsal começou no terceiro ano da faculdade, quando fui estagiar para o Sporting Clube de Portugal (SCP). Fui treinador adjunto sete anos e desde há dois anos passei para treinador principal da equipa de Juniores B Sub-17, que se sagrou campeã nacional de futsal. Em paralelo, sou técnico de planeamento na Portway, mas a ambição é viver profissionalmente do futsal.
Estou a tirar o curso de treinador de nível 2, no Forte da Casa, para aumentar o nível. Este ano saí do Sporting para a 2.ª divisão nacional de seniores, na Associação de Moradores de Santo António dos Cavaleiros (AMSAC). A oportunidade surgiu e quis dar o salto. Saí com chave de ouro. Já tinha ganho quatro títulos, mas enquanto treinador principal este foi o maior. Sabíamos de antemão que tínhamos uma boa posição para vencer o campeonato. Ao longo da época, o meu maior desafio foi mantê-los focados e não facilitarem nos jogos. O meu percurso ideal é, agora, passar para a 2.ª divisão, porque acho importante passarmos por todos os patamares e, um dia, chegar à 1.ª divisão.
Gostava de treinar os seniores do Sporting. É o meu clube e seria o culminar de um trajecto. E, quem sabe, no futuro, dar um passo internacional. Seria óptimo. Para já vai ser diferente treinar atletas seniores que têm uma ocupação durante o dia, o que influencia o processo de treino e a questão psicológica. Aos 17 anos os problemas são diferentes. Os jogadores passam o dia todo na escola e, ao final do dia, treinam duas horas. Tomar banho e ir para casa são pelo menos três horas. Nos seniores, alguns trabalham em part-time e, dentro do mesmo plantel, há muitas situações diversas.
Há diferentes tipos de liderança e eu gosto de estar muito perto dos atletas. Gosto que eles tenham confiança para dizer tudo o que pensam, conhecer as suas ambições e tratá-los de forma individual, e não tratar o grupo como um todo. Na formação, é gasto muito tempo nesse aspecto. Nos seniores, vou tentar perceber, na pré-época, os estilos de vida de cada um e adaptar ao treino ainda antes de entrar em velocidade cruzeiro.
Tenho de lidar com o erro de forma diferente. É isso que estou a trabalhar. O erro pode e deve ser encarado de forma diferente no treino e no jogo. Por vezes sou um pouco avesso ao erro. Evito dizer asneiras e ando de um lado para o outro no banco. Às vezes, na brincadeira, até digo que me canso mais do que eles no jogo. Andar de um lado para o outro ajuda-me a pensar. Tenho tiques, como usar a garrafa de água para me obrigar a parar para beber.
Sou casado e ainda não tenho filhos. A minha esposa compreende as minhas ausências, mas é a mais prejudicada. Quero dar-lhe uma palavra depois do que se passou o ano passado, em que não conseguimos ganhar o título nacional no último jogo. Gosto muito de ver desporto. Na televisão vejo ténis, futsal e desportos individuais. Não tenho hábito de ver futebol. Quando posso, pratico padel e jogo PlayStation com os miúdos (jogadores) para descontrair. Consigo ter férias e um mês em que não toco no futsal.
Costumamos fazer uma actividade que é o “porquê” de eles quererem ser campeões. Vai sempre para o lado pessoal e emocional. Este ano fizemos antes das finais. É marcante para o grupo. Fazemos a pergunta e as respostas são variadas. Há histórias que nos marcam, desde miúdos que têm pais com cancro e nós não sabíamos, a avós que não conseguiram ver os netos a tempo de serem campeões.
Na minha carreira curta como treinador principal, é apenas a segunda vez que alguém consegue ser campeão nacional invicto. Aconteceu duas vezes na história dos campeonatos e eu tive a felicidade de estar nos dois momentos. Ao longo do ano, trabalhámos a violência no desporto e incluímos os pais. É um trabalho importante e que os clubes devem fazer na sua formação. Em paralelo, trabalhámos o assédio no desporto, e o Sporting tem capacidade de fornecer aos atletas esta abordagem, mas sei que nem todos os clubes têm capacidade de o fazer.
O futsal cresceu muito nos últimos anos, com um trabalho excelente da Federação Portuguesa de Futebol. Não sou das pessoas que costuma dizer muito que o futebol é o mais privilegiado, porque tem os apoios daquilo que gera. É difícil para as outras modalidades ouvir isso, mas no nosso mundo, o que gera dinheiro é o mercado – e o do futebol não é o mesmo. O futsal está acima de muitos outros desportos e somos uns felizardos por isso. Temos apoios proporcionais ao que geramos em termos de mercado. As transmissões dos jogos de futsal na TV também vieram dar um grande contributo à modalidade.
A Póvoa de Santa Iria tem um volume muito grande de pessoas. A falta de estacionamento afecta a cidade e, cada vez mais, com as novas construções, adensa-se. Há consciência das autoridades e os moradores denunciam, mas esse é um dos maiores problemas. Tem havido um trabalho importante de preservação dos espaços comuns. A resposta da câmara, quando há pedidos dos moradores, tem sido mais ou menos rápida. Não tenho grandes razões de queixa da cidade.
Gosto de política e de saber o estado geral do país. Infelizmente, não tenho tempo para as notícias mais locais, mas dou a minha opinião e contribuo nas redes sociais. Estou nos grupos de Facebook e Instagram da Póvoa de Santa. Iria e uso as redes sociais como ferramenta.

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