Três Dimensões | 29-10-2025 21:00

“O Ribatejo tem condições para ser a região de referência nacional nos negócios” 

“O Ribatejo tem condições para ser a região de referência nacional nos negócios” 
TRÊS DIMENSÕES
Luís Mata é o rosto da LM Auto em Santarém, situada na Rua 31 de Janeiro, junto ao Convento de São Francisco - foto O MIRANTE

Luís Miguel Mata, 51 anos, é gerente do stand de automóveis LM Auto em Santarém. Nasceu em Angola, filho de militar, mas cresceu em Santarém, cidade onde fez o curso de oficiais de Cavalaria e construiu a sua vida.

A carreira militar marcou-o profundamente, incutindo-lhe valores de disciplina, seriedade e respeito. Determinado e activo, não suporta a inércia e acredita que o sucesso se conquista com trabalho e adaptação. Após experiências em várias áreas - das vendas à segurança e comunicações - seguiu o gosto pelos automóveis e fundou a LM Auto em 2020, empresa que gere com rigor e honestidade, priorizando relações de confiança. Valoriza Santarém e o Ribatejo como região com grande potencial económico, defendendo a sua união política e estratégica.

Nasci em Angola em Agosto de 1974. O meu pai era militar e nasci por lá enquanto ele estava numa comissão de serviço. Regressámos ao continente em Novembro de 74. Portanto, em boa verdade, praticamente não conheço a minha terra de nascença. É um dos meus objectivos de vida, ir à cidade onde nasci. Espero ter oportunidade de o concretizar. Uns anos mais tarde, fruto da actividade do meu pai, que foi colocado na extinta Escola Prática de Cavalaria, a minha família radicou-se aqui em Santarém. Aos 18 anos decidi seguir a carreira militar e entrar em Cavalaria. Era um gosto que tinha e quis seguir as pisadas do meu pai. Costumava dizer que a Cavalaria não era melhor nem era pior que os outros ramos militares, era diferente. E como também quis ser diferente fui para Cavalaria (risos). Fiz em Santarém o curso de formação de oficiais.
A carreira militar foi muito importante para me incutir valores de vida sérios e frontais. Foram pilares muito importantes para a minha vida. Ao longo da minha vida em casa não se vivia num regime ditatorial, mas existiam regras e normas que tinham de ser cumpridas. A dada altura quis fazer mais da minha vida e comecei a trabalhar na Delta Cafés no departamento comercial de Santarém, onde fui vendedor. No princípio senti muitas dificuldades porque vinha habituado a regras claras, com tudo no seu devido lugar, para de repente ser colocado numa selva (risos). Foi uma adaptação que apesar de difícil valeu a pena. Adaptei-me para sobreviver. A pessoa não deve ficar parada e encostada à espera que as coisas venham ter com ela. Irrita-me profundamente quando isso acontece. Eu nem nas férias consigo estar parado e quieto.
Ao fim de um ano de Delta Cafés, tive um convite para ingressar numa empresa de segurança privada e aceitei o desafio. Depois ainda passei pela área das comunicações, na altura da Optimus, do grupo Sonae. Quando era pequeno sonhava ser advogado. Gostava de ter conseguido integrar o Ministério Público e ser procurador, por exemplo, para fazer valer a lei. Embora seja sempre muito subjectivo falar de justiça.
O gosto pelos automóveis começou há alguns anos. O meu sogro e o irmão eram proprietários de uma empresa de comércio de automóveis, que era o J. Carlos e Irmão, que ainda hoje é uma empresa que está no mercado. Foi aí que começou o bichinho dos automóveis, porque eles tinham stands e oficinas e eu ia com eles para a oficina, para o stand e a leilões comprar automóveis. Comecei a alimentar este gosto. No Verão de 2020 decidi abrir a LM Auto porque queria ter o meu próprio negócio. Sou um empresário que nunca dá um passo maior que a perna. Comecei com dois ou três carros e fomos sempre crescendo a empresa. Hoje temos perto de trinta automóveis em exposição.
Tirei a carta de condução aos 18 anos e o meu primeiro carro foi um Peugeot 309GL. Embora pessoalmente me marque mais o carro que comprei em 1998, um Peugeot 206 XS, que comprei sem nunca o ter visto ao vivo. Vi num catálogo, gostei e comprei. Hoje, se pudesse, gostava de adquirir aquele carro porque me deixou marcas. E sei que ele ainda circula e foi vendido para a zona de Torres Novas.
Vou até onde posso ir no crescimento da empresa que quero que seja sustentado. É um negócio como qualquer outro, com os seus riscos. Todos os automóveis que vendemos vão com garantia e apostamos numa relação de proximidade com os clientes. Temos oficina própria mas também trabalhamos e temos outras oficinas na cidade para onde canalizamos o trabalho, se necessário. É uma forma de dinamizar também a economia local.
Gosto que o cliente saia descansado. Os nossos carros são sempre verificados e revisionados antes de serem entregues. Temos aqui carros para todas as bolsas. A minha preocupação é comprar carros com baixa quilometragem. Justifica muito mais comprar um carro com cinco ou seis anos e poucos quilómetros do que um semi-novo com 90 ou 100 mil quilómetros. A escolha mais sensata é o carro usado. Compramos um carro novo e ao fim de umas horas ele já vale menos uns milhares de euros. E ultimamente os carros usados até têm valorizado mais que os novos.
Santarém é uma boa cidade para fazer negócios e está em transformação e crescimento. Se as forças políticas se conseguirem unir para concretizar os projectos que estão anunciados, então será efectivamente uma boa cidade para acolher muitos negócios. Somos uma região com muito potencial. O Ribatejo tem condições para ser a região de referência nacional nos negócios. Temos tudo aqui: uma boa rede ferroviária e viária e estamos no centro do país. Temos das melhores condições a nível europeu para sermos o principal entreposto mercantil do país.
A honestidade é um dos meus valores de vida fundamentais da qual não abdico. Abomino a hipocrisia. Sou teimoso, perfeccionista e gosto que tudo esteja certinho. Quando assumo um compromisso com o cliente gosto de cumpri-lo haja o que houver. Uma coisa é uma situação acontecer esporadicamente e termos de nos adaptar. Outra coisa é ser regra. E quando algo desagradável se torna regra, aí já é falta de respeito.

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