“Tenho uma batalha diária: a minha farmácia prestar um bom serviço”
Diogo Alagoa é de Tomar, mas trabalha na Farmácia Avenida, em Ourém, há 10 anos. Licenciou-se em Ciências Farmacêuticas e começou logo a trabalhar na farmácia que foi fundada pelo pai. Aos 35 anos, assume-se realizado a nível profissional. Define-se como uma pessoa extrovertida, de relacionamentos fáceis e que gosta muito de trabalhar.
Sou farmacêutico, estou nesta farmácia desde 2015/2016. Nasci e cresci em Tomar. A farmácia é do meu pai, ele também é farmacêutico e começou por fundar uma farmácia em Rio de Couros, pois era natural de Freixianda. Mais tarde apareceu uma oportunidade para vir para a cidade de Ourém, onde adquiriu uma farmácia. Sempre tive algum gosto pela área. Quando fui para o curso de Ciências Farmacêuticas não tinha a certeza que queria ser farmacêutico comunitário. Quando acabei o curso ainda andei ali um ano a ver outras oportunidades, a tentar outras coisas, mas ao mesmo tempo já estava aqui a trabalhar. Fui ficando e neste momento tenho a certeza que tomei a opção certa.
Tive uma infância normal, fiz toda a minha escola em Tomar. Fui sempre estando ligado à farmácia do meu pai, ao fim-de-semana ia para lá com o meu irmão, não fazíamos nada de útil mas ficávamos lá. O gosto pela farmácia talvez tenha vindo daí. Recordo-me de sempre dizer que queria seguir a área da saúde, mas não tinha nenhuma ideia em concreto. Depois de acabar o 12º ano de escolaridade em Tomar fui para a universidade. Fiz licenciatura e mestrado em Coimbra, onde estive seis anos.
Depois da universidade vim trabalhar para a farmácia e não me arrependo. Adoro estar aqui, todo o contacto com as pessoas, todo o trabalho que fazemos com a população, os desafios que existem e que têm de ser geridos e que temos de ultrapassar, tanto os nossos internos como os desafios que o Estado apresenta, no acesso da população aos cuidados de saúde. Nós somos talvez dos cuidados de saúde mais primários, onde as pessoas se dirigem para resolver as situações. Isso dá-nos uma grande responsabilidade.
Esta farmácia já existe há mais de 50 anos. O meu pai continua a ser o director técnico. Agora tem estado mais afastado, mas continua a dar o nome. Nós oferecemos os serviços normais à população. Mais fora do comum, vamos investir numa máquina nova para produção individual de medicação. Há muitos clientes que já nos procuram nesse sentido, temos uma máquina semiautomática, mas queremos investir numa com maior capacidade, onde os utentes já levam as saquetas individualizadas com o seu nome e a refeição em que têm de a tomar, o que vai simplificar muito a vida aos utentes. Temos também um robô que faz a distribuição dos medicamentos e que nos poupa bastante tempo.
Nós conhecemos muitos utentes pelo nome. Ourém é um meio relativamente pequeno. Temos muitos clientes que conhecemos há largos anos e que obviamente confiam em nós. Enquanto farmacêutico, o que eu gosto mais é do contacto com os clientes, para mim é sempre mais agradável. Tentamos ajudar naquilo que podemos e da forma que podemos. Acho que é o mais gratificante nesta profissão. Por outro lado, tentamo-nos sempre afastar de diagnósticos ou de tudo o que carece de uma avaliação clínica. Só tentamos avaliar o problema. Se o problema precisa de orientação médica urgente somos os primeiros a dizer isso ao utente.
O meu pai passou-me muito o respeito pelo próximo. Não há diferenças no tratamento entre pessoas. Passou-me também a honestidade, tentar sempre apresentar a melhor opção terapêutica à pessoa. Depois há valores mais práticos da gestão: temos que ter alguma organização, saber lidar com os colaboradores, perceber que eles trabalham aqui mas também têm uma vida fora daqui. O equilíbrio entre a vida laboral e pessoal é uma grande preocupação nossa. Tudo o resto, acabamos por ser um negócio como os outros, pretendemos ganhar dinheiro, estar cá amanhã e inovar.
A farmácia tem consumido muito tempo da minha vida. Aproveito a maior parte dos tempos livres para socializar e estar com os meus amigos e família. Também gosto de fazer desporto. Acho que sou uma pessoa normal, que tem muito gosto pelo trabalho. Sou de relacionamentos fáceis. Diria que tenho também sentido moral e ético apurado, sou extrovertido embora também tenha as minhas inseguranças. Enquanto profissional, tenho uma batalha diária que é manter a farmácia aberta, continuar a inovar, continuar a prestar um bom serviço à população, quem sabe alguma vez expandir e ter outras farmácias. Em termos de ambições para a farmácia, gostaria que ela continuasse a crescer, que diversificássemos alguns serviços e que a população também os solicitasse e usasse.


