Três Dimensões | 16-05-2022 10:00

“Faz falta indústria e empregos em Salvaterra de Magos”

Miguel Brardo é um dos administradores da empresa familiar José, Eduardo e Miguel, Lda, em Muge, concelho de Salvaterra de Magos

Miguel Brardo tem 31 anos e é um dos administradores da empresa familiar José, Eduardo e Miguel Lda. Uma empresa de Muge que se dedica à venda de peças usadas e novas para máquinas agrícolas e industriais.

Miguel Brardo é o mais novo de três irmãos. Já competiu no estrangeiro, e em Portugal, em provas de taekwondo. Regressou aos treinos após o confinamento mas treina apenas para descomprimir depois de um dia de trabalho. Diz que o segredo do sucesso é trabalhar muito e estar sempre disponível para os clientes.

Nas férias escolares ia muitas vezes trabalhar para a empresa do meu pai. Nem sempre me apetecia porque naquela altura queria brincar. Vinha contrariado mas tinha que ser. Quando terminei o 12º ano trabalhei numa empresa na área de informática de gestão, em Lisboa. Quando essa empresa fechou vim trabalhar com o meu pai. Há mais de 10 anos. Sinto que este é o caminho certo e não me vejo a trabalhar noutra área.
Nem sempre é fácil trabalhar em família. Tem aspectos bons e outros menos bons. Dizemos tudo o que queremos, nem sempre da melhor maneira e talvez por isso discutamos mais. Mas também acho que resolvemos os problemas mais facilmente pelo facto de sermos família e nos conhecermos tão bem. Além do meu pai e eu trabalham aqui os meus dois irmãos mais velhos.
Vendemos peças usadas e novas para máquinas agrícolas e industriais. Quando mudamos as instalações para a Zona Industrial de Muge crescemos muito em termos de clientes. O nosso principal cliente é da área da agricultura. Não sentimos queda nas vendas com a pandemia. Trabalhamos sempre e como a agricultura nunca parou conseguimos não descer a nossa facturação.
Competi durante 15 anos como atleta de taekwondo. Comecei aos 16 anos. Fui com o meu primo assistir a um treino, gostei e comecei a treinar. Tornei-me federado e consegui alguns pódios em competições nacionais. Fui a muitas competições no estrangeiro. Não consegui nenhum pódio mas a competição é completamente diferente, com milhares de atletas.
O taekwondo ensina-nos a dominar o corpo, a mente e o espírito. É uma modalidade que ajuda a dominar a adrenalina. Quem pratica taekwondo quer tudo menos brigar na rua porque já estamos fartos de brigar no tapete (risos). Hoje em dia não sou federado nem vou a competições mas continuo a treinar para ajudar a descomprimir de um dia com muito trabalho. Todos os dias vou com o meu irmão do meio – eu sou o mais novo – correr pelo menos cinco quilómetros. Faz-nos bem.
Adorava conhecer a Rússia e os Estados Unidos da América. Vai ser difícil concretizar o desejo de conhecer a Rússia nos próximos tempos, mas gostava de conhecer Moscovo, sobretudo a cultura do país por ser tão diferente do nosso. Os EUA é pelo mesmo motivo: é muito diferente de Portugal e também é completamente diferente da Rússia e é isso que me entusiasma a conhecer. Fui a muitos países com o taekwondo mas nessas alturas não dava para passear. Mas quero voltar à Holanda porque, do pouco que vi, adorei.
Não gosto de cozinhar, no entanto, adoro comer. Tenho dificuldade em escolher só um prato preferido mas não resisto a salsichas à brás e a frango grelhado. No Verão gosto muito de caracóis e de todos os petiscos que se comem nessa altura. Vivo com a minha companheira há cerca de cinco anos e gostava de ser pai em breve. Acho que não vai mudar muita coisa na minha vida mas a minha companheira diz que sim. Ela quer muito que passe mais horas em casa do que no trabalho (risos). Às vezes exagero quando fico a trabalhar até às três da manhã e às oito da manhã já estou novamente na empresa.
Faz falta mais indústria e empregos no concelho de Salvaterra de Magos. Nós não temos que nos queixar do nosso negócio mas falta uma maior dinamização da Zona Industrial de Muge e de novas empresas por todo o concelho. Só assim é que se consegue melhorar e desenvolver a economia local e fazer com as pessoas fiquem por cá. Porque quando não há trabalho as pessoas saem à procura de melhores oportunidades.
A justiça não é igual para todos. Quem tem poder e dinheiro consegue levar os seus processos para a frente, porque tem capacidade financeira. As pessoas com menos dinheiro podem ter razão nas queixas e ter vontade de levar o seu caso a tribunal mas se não tem como pagar a um bom advogado e todas as custas de um processo desiste, o que torna, por vezes, a justiça injusta.
Tanto o voto eleitoral como o serviço militar deviam ser obrigatórios. As pessoas que não votam não se podem queixar depois de quem está no Governo ou nas câmaras. Quem cala consente e é o que acontece a quem não vota. Está a prejudicar o país. Tenho pena de não ter feito o serviço militar. Na altura não quis mas se fosse hoje teria ido e talvez ficasse lá. Acho que é importante o serviço militar e uma lição de vida.

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