Úteis | 18-08-2017 11:47

Uma breve história de O MIRANTE no 37º ano de publicação

Uma breve história de O MIRANTE no 37º ano de publicação

Da Chamusca para todo o Distrito de Santarém e parte significativa do Distrito de Lisboa.

O MIRANTE é um semanário regional com sede em Santarém que tem como área prioritária de cobertura noticiosa os vinte e um concelhos do Distrito de Santarém e os concelho de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Vila Franca de Xira no Distrito de Lisboa. Pontualmente trabalha em concelhos limítrofes da sua principal área de influência.

Para além de uma edição em papel de trinta mil exemplares semanais, oito mil dos quais são distribuídos com o Semanário Expresso, edita duas edições online. Uma que reproduz a edição em papel e uma segunda, alojada em www.omirante.pt, com actualizações permanentes. Está também no Facebook e Twitter. É o maior jornal regional de Portugal em termos de audiência, tanto em papel como na Web.

Especializado em informação regional de proximidade O MIRANTE tem feito todo o seu percurso em estreita ligação com cidadãos, empresas e instituições da sua área de abrangência.

A criação em 2005, dos prémios Personalidade do Ano, atribuídos anualmente a figuras públicas e instituições da região é um exemplo significativo dessa postura. O jornal existe e afirma-se por vontade de quem vive e trabalha na região e só uma região forte e dinâmica tem capacidade para ter um jornal assim.

Persistência, sentido crítico e crítica constante à mediocridade

A primeira edição de O MIRANTE saiu a 16 de Novembro de 1987, na Chamusca. Um mensário de 16 páginas, com uma tiragem de dois mil exemplares O jornal foi fundado por Joaquim António Emídio e a sua intenção foi romper com o que era a tradição e a prática editorial da imprensa regional.

O estilo pessoal do director, que até hoje tem conduzido o projecto, estava bem vincado no editorial do primeiro número. “Quem nos conhece sabe que somos persistentes. Que não voltamos as costas ao que se tornou difícil para nos pavonearmos ou enchermos o peito com o demasiado fácil. Que não fazemos o elogio da mediocridade”. E a terminar: “A partir de agora vamos fazer e dizer como o poeta (António Machado): “Caminhante não há caminho/faz-se caminho ao andar”.

A imprensa regional era totalmente amadora, feita por curiosos, como mero passatempo, como ainda acontece hoje na maior parte dos casos. Todo o caminho de O MIRANTE fez-se caminhando. Ao romper com tudo o que existia foi necessário criar um novo modelo com novas práticas, tanto a nível editorial como comercial.

Quatro anos depois, em Abril de 1991, o mensário passa a quinzenário com vinte e quatro páginas. Preço de capa 60$00. Assinatura anual 600$00. Subiria para 1.000$00 em Novembro.

A composição deixara de ser feita, em Abril de 1989, pela empresa Sérgio Pedrosa para passar para a Digital Texto. Na mesma altura o jornal passa a ser impresso pela gráfica Almondina, abandonando a tipografia Madeira&Madeira.

Nesse ano, em Novembro, a edição comemorativa do segundo aniversário de O MIRANTE aparece com cor na primeira e últimas páginas. O cabeçalho assume o verde que manteve até agora.

A linha editorial reflecte cada vez mais a liberdade e a crítica, temperadas com o humor. Um ano antes, Novembro de 88, o precursor do que são hoje as secções “Cavaleiro Andante” e "Guarda-Rios" é editado pela primeira vez. Chama-se “Estrada do Meio”. O “Cavaleiro Andante” surgirá a 9 de Agosto de 1994 e o Guarda-Rios em 2003 após a decisão de editar edições diferenciadas, devido ao aumento da área de abrangência do jornal.

Antes do Cavaleiro Andante surge uma outra secção que se mantém até hoje. “O Cartoon da Notícia”, em Agosto de 94, para dar notícias fora do vulgar com recurso a um texto redigido de forma bem humorada e a uma ilustração de um desenhador.

O MIRANTE cor-de-rosa, em cujo cabeçalho se anuncia que as notícias ali publicadas "São falsas mas são boas", surge pela primeira vez Novembro do mesmo ano e passa a semanal em Novembro de 2003. A ironia, a mordacidade, a boa disposição são imagem de marca do jornal e conquistam inúmeros leitores que ficam surpreendidos com a ousadia e coragem editorial do novo projecto editorial.

Cedo se percebe que o crescimento de O MIRANTE passa pelo alargamento da sua área de intervenção. À informação sobre a Chamusca começa por juntar-se informação sobre concelhos vizinhos. Golegã, Entroncamento, Torres Novas, Alpiarça, Almeirim.

Na altura, tal como hoje, eram raros os jornais com uma abrangência maior que a de um único concelho. Havia e continua a haver muitos jornais apenas locais. Os leitores sabiam alguma coisa do que se passava no seu concelho mas não sabiam nada do que se passava nos concelhos limítrofes. O MIRANTE rompe com isso e consegue ligar, através da informação, toda a região. A paginação deixa de ser feita por concelhos e assume a tradicional divisão em sociedade, política, desporto, economia, etc.

Em 30 de Novembro de 1991 surgem na ficha técnica os nomes dos primeiros jornalistas. É o início da profissionalização do projecto que até esse momento, por falta de recursos, apenas contara com colaboradores não remunerados. O risco assumido foi fundamental para a consolidação de O MIRANTE.

O fundador e director Joaquim António Emídio delega a responsabilidade da chefia da redacção num jornalista, a 10 de Novembro de 1992. A profissionalização estende-se a todos os sectores do jornal e são criadas hierarquias em cada uma delas. A prática do recurso a colaboradores não remunerados e correspondentes, é extinta ao fim dos primeiros cinco anos de publicação e são criados espaços próprios para acolher a participação dos leitores como O MIRANTE dos Leitores, secção sem limite de espaço, que tem posição de destaque nas páginas iniciais.

Em 20 de Julho de 1993 O MIRANTE começa a ser impresso na gráfica Coraze, em Oliveira de Azeméis. Procuram-se novas soluções a nível gráfico e em termos de custos. Pouco tempo depois passa também a ser composto na redacção, por um gráfico contratado para o efeito. É uma conquista importante. O jornal passa a controlar directamente a maquetagem e paginação. A flexibilidade aumenta e com ela a operacionalidade.

As autárquicas de 1993 foram um grande teste para a redacção e para o sector gráfico. O MIRANTE Entrevista os candidatos de todos os partidos nos concelhos de Alpiarça, Almeirim, Chamusca, Entroncamento, Golegã e Torres Novas. Faz reportagens em todas as freguesias da Chamusca. E a 13 de Dezembro sai para a rua uma edição especial com os resultados eleitorais e um vasto conjunto de reportagens feitas em todos aqueles concelhos.

Em Março do ano seguinte, 1994, o jornal passa a ser impresso em Lisboa, na gráfica Mirandela. O envio é feito através de uma linha telefónica REDIS que era uma novidade a nível tecnológico. O MIRANTE foi o primeiro cliente da PT na região para a montagem de uma linha de transmissão de dados e esteve sempre na primeira linha da adesão às novas tecnologias.

Após a falência da gráfica Mirandela o jornal vê-se obrigado, por incapacidade das máquinas das gráficas a que recorre posteriormente, a limitar o número máximo de páginas a 64. Uma limitação inultrapassável uma vez que o jornal é impresso nas maiores gráficas do país. Depois de uma passagem pela Grafedisport, a administração optou por passar a imprimir o jornal em Espanha, na Lusoibérica, sendo a distribuição assegurada pela empresa VASP com o envio para os assinantes através dos CTT.

Da Chamusca para todo o Distrito de Santarém e parte significativa do Distrito de Lisboa

Em Setembro de 1995 o jornal muda-se da Chamusca para Santarém e passa a semanário. A primeira sede fica no Beco do Feleijo, nº3, 1º. O crescimento do jornal fá-lo mudar de instalações mais duas vezes. Primeiro para o Beco dos Agulheiros (uma casa com história por ter pertencido à família do historiador Joaquim Veríssimo Serrão) e para o nº 22 da rua 31 de Janeiro (Antigo colégio Braamcamp Freire) onde ainda se encontra.

Antes da ida para Santarém chegou a ser equacionada a ida para Almeirim (onde, mais tarde o jornal chegou a ter uma delegação) ou para Torres Novas mas cedo se percebeu que tais soluções não eram viáveis. O discurso político da descentralização nunca passou de discurso e O MIRANTE foi para Santarém porque não podia remar sozinho contra a maré.

Santarém foi a grande prova de fogo e a porta para uma expansão sustentada. A cidade recebeu o jornal de braços abertos como já tinha acontecido antes nos locais onde O MIRANTE tinha ousado entrar. Leitores, comerciantes, autarcas fizeram do jornal o seu jornal, reconhecendo-lhe um papel fundamental no panorama da informação da região.

A cobertura da campanha eleitoral para as legislativas de 1995 é um marco em termos editoriais. Os jornalistas percorrem todo o distrito. O MIRANTE alarga a sua influência e passa a ser um verdadeiro jornal regional.

Apesar da divisão administrativa do Distrito de Santarém, nas sub-regiões, Médio Tejo e Lezíria do Tejo, decidida por motivações políticas O MIRANTE manteve de tal forma o distrito ligado em termos informativos que são frequentes as tomadas de posição de políticos locais, defendendo o regresso à anterior divisão administrativa.

Novas secções vão-se impondo edição atrás de edição. “Agora falo eu”, vê a luz do dia a 9 de Agosto de 1994. “As Palavras da Lei” em Novembro do mesmo ano. E mais tarde surge “Profissionalmente Falando” e a secção de opinião crítica escrita em tom irónico, “E-mails do Outro Mundo”.

Cria-se um suplemento de economia, que se revelará essencial para mostrar o trabalho de empresas e empresários. O desporto ganha espaço. A tiragem continua a subir. Assim como o número de páginas. 40, 48, 56, 64, 72, 80. Mais tarde, em Diversificam-se as iniciativas editoriais. Revistas temáticas, edição de livros.

Em Abril de 2000 O MIRANTE compra o Jornal do Vale do Tejo para fazer a cobertura dos concelhos de Salvaterra de Magos, Benavente e Coruche. Mais tarde a área de acção do jornal alarga-se aos concelhos de Azambuja e Vila Franca de Xira.

Em Setembro de 2003 funde os dois jornais dando origem à edição O MIRANTE Vale do Tejo que se junta às já existentes edições O MIRANTE Médio Tejo e O MIRANTE Lezíria do Tejo. A fusão dá outra visibilidade ao jornal e faz subir a tiragem aos 35 mil exemplares. O MIRANTE abre uma delegação em Vila Franca de Xira e afirma-se como o maior jornal regional português e um dos maiores jornais nacionais, situação confirmada pelas auditorias às tiragens feita pela Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens e pelos estudos de audiência da empresa Marktest.

Nesse ano, em Novembro, o primeiro Bareme Imprensa Regional da Marktest confirma O MIRANTE como o maior semanário regional do País. Oitenta mil leitores maiores de 15 anos contactam em média cada edição. A circulação média, segundo dados da Associação Portuguesa de Controlo de Tiragem desse ano, é de 31.857 exemplares.

Em 2024, O MIRANTE, concretiza o alargamento da sua cobertura noticiosa aos concelhos de Alenquer e Arruda dos Vinhos, onde já trabalhava pontualmente, passando a cobrir, no Distrito de Lisboa, um território com mais de 250 mil habitantes.

E a caravana passa

Alguns jornais locais do Distrito de Santarém, (uns já extintos e outros em situação de grande debilidade) convencem o então Secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho (PS) a tentar travar o crescimento de O MIRANTE com o argumento de que disso dependia a sua continuidade.

Sensível a tais argumentos, o governante aceita distorcer a livre concorrência e assina a Portaria nº 225/2001, de 19 de Março, que fixa um preço mínimo de assinatura para os jornais que queiram beneficiar dos apoios do Estado à Imprensa Regional.

O diploma, feito única e exclusivamente para O MIRANTE uma vez que era o único a nível nacional a praticar preços baixos de assinatura, obrigou o jornal, que apenas cobrava 1.000$00 de assinatura anual, optando por suportar os custos de produção com recurso à publicidade, a aumentar a mesma para 2.500$00, penalizando os leitores.

Apesar desse ataque O MIRANTE continuou a crescer em número de assinantes e de anunciantes, enquanto os jornais que tinham lutado pela aplicação do preço mínimo continuavam a definhar.

O MIRANTE online

Segundo dados da Google, O MIRANTE online tem uma média mensal de 635.000 visualizações, vindas de um universo de 543.000 utilizadores, a maioria dos quais têm entre 18 e 34 anos. A maioria dos leitores online são do sexo masculino (54,15%) e a maioria dos acessos (63%) são feitos através de dispositivos móveis. As notícias mais lidas são de Sociedade e Cultura. No Facebook O MIRANTE tem quase 110.000 likes, o que gera uma propagação semanal a rondar o meio milhão de pessoas.

As cidades onde mais se lê O MIRANTE são por esta ordem Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Leiria, Entroncamento, Alverca, Montijo e Tomar. A nível internacional por países O MIRANTE é mais lido também por esta ordem em Brasil, França, Estados Unidos da América, Suíça e Reino Unido.

A presença na Web teve início em Novembro de 2002 quando O MIRANTE passou a disponibilizar a quase totalidade dos conteúdos da edição semanal através de um site colocado no endereço www.omirante.pt.

A novidade foi o facto de tal edição ficar acessível às quartas-feiras a partir das 13h00 permitindo aos assinantes e a outros leitores da edição em papel um primeiro contacto com os conteúdos do jornal, antes da distribuição da edição em papel.

A 13 de Outubro de 2004 é disponibilizado no mesmo endereço electrónico uma edição com actualizações permanentes dando resposta a uma crescente necessidade de informação regional diária. A edição semanal continuaria a ser disponibilizada online num outro site criado para o efeito.

A irreverência, exigência, inovação de O MIRANTE agitaram o mundo editorial online a nível da imprensa regional como já tinha acontecido com o papel. O dinamismo editorial, a produção de centenas de vídeos informativos e de galerias de fotos deu ainda maior visibilidade ao jornal. A empresa inicialmente contratada para disponibilizar as edições na internet, D. Digital, foi confrontada com desafios que nunca lhe tinham sido colocados e foi obrigada a crescer e a modernizar-se.

O MIRANTE torna-se um caso de estudo. O investigador da área do ciberjornalismo, Pedro Jerónimo, passa um longo período na redacção do jornal a observar a sua feitura e a recolher material que utiliza na edição do livro "Ciberjornalismo de proximidade - Redações, Jornalistas e Notícias online" - Labcom 2015 - http://www.labcom-ifp.ubi.pt/livro/203

A 28 de Abril de 2016 O MIRANTE, passa a ter novos sites graças a uma parceria com o grupo Impresa, proprietário do Expresso, Visão e SIC podendo ser mais facilmente visto em qualquer suporte electrónico. As fotos têm maior resolução; os vídeos estão numa nova plataforma que permite uma visualização mais rápida e com melhor qualidade e a página de cada notícia está pensada para facilitar a partilha nas redes sociais.

As presença de O MIRANTE na Web não implicou qualquer abrandamento no investimento feito na edição em papel dado o interesse que anunciantes e leitores continuam a manifestar por aquele suporte.

Empresa sai da Chamusca ao fim de 28 anos

Em Dezembro de 2015 é anunciado que O MIRANTE deixa de pertencer à sociedade "Joaquim António Emídio e Maria de Fátima Emídio", com sede na Chamusca, passando para a posse da empresa Valedotejo - Comunicação Social Ldª, com sede em Santarém.

A alteração impôs-se por uma questão de agilização a nível empresarial. Um dos grandes feitos do jornal foi conseguir ser o jornal de cada lugar, aldeia, freguesia e concelho da sua área de abrangência.

A mais grave tentativa de silenciar um jornal no Portugal democrático

Ao longo da sua existência O MIRANTE sofreu diversos ataques com o objectivo do seu silenciamento e mesmo da sua liquidação, devido à sua postura de independência.

O mais grave, a nível judicial, remonta a 2010, tendo a sua conclusão ocorrido sete anos mais tarde e dando origem a um livro da autoria do jornalista Orlando Raimundo, com o título O Processo - Tentativas de Condicionamento da Informação em Portugal (Rosmaninho Editora de Arte, 2018).

Durante o tempo em que decorreu a acção judicial, o jornal foi alvo de uma invasão policial da redacção; de uma proibição de publicação de notícias e de um pedido de indemnização que chegou aos 27 milhões de euros.

O autor do livro, que consultou16.778 páginas do Processo reunidas em 38 volumes, resume assim o caso:

"O Tribunal de Santarém julgou mal por duas vezes um caso que remonta a Janeiro de 2010 e que é protagonizado pelo advogado José de Oliveira Domingos que se considerou ofendido por uma notícia em que exigiu cerca de meio milhão de euros de honorários à Câmara de Santarém.

O advogado conseguiu fazer dar seguimento a uma providência cautelar acompanhada de um processo judicial que acabou no Supremo Tribunal de Justiça sete anos depois com a absolvição de O MIRANTE e do director geral, Joaquim António Emídio.

O caso atingiu contornos dignos de um texto Kafkiano dos tempos modernos que, caso houvesse alguma imprevidência da Justiça, como aconteceu no início do processo, a indemnização a pagar por O MIRANTE podia ultrapassar os 27 milhões de euros.", escreve Orlando Raimundo.

Um jornal "Rijonal"

Francisco Teixeira da Mota, advogado especialista em liberdade de expressão e direito da comunicação social, fez referência ao caso, a 5 de Outubro de 2018, na sua coluna "Escrever Direito", no jornal Público.

Como o título "O Mirante: um jornal rijonal", apresenta o caso como um exemplo dos "desvarios" da nossa Justiça e aos processos movidos, como "sinistros".

"Os processos, para além de sinistros na sua essência por objectivamente visarem silenciar um órgão de informação e impedir a livre circulação de informação legítima e de interesse público, tiveram peripécias e acidentes processuais muito lamentáveis mas, graças a Deus, pouco usuais nos nossos tribunais.", pode ler-se a certa altura do texto.

E o advogado, que se tem batido pela liberdade de expressão em Portugal, faz inclusivamente humor quando se refere à parte em que o jornal foi invadido pela judiciária.

"Incomodado e até indignado com as notícias que o jornal publicara sobre uma acção judicial que movera contra a Câmara Municipal de Santarém reclamando o pagamento de avultados honorários e, posteriormente, com um editorial com o título “O habilidoso do Oliveira Domingos”, este advogado recorreu às mais variadas armas do arsenal processual. Primeiro, apresentou uma queixa-crime que – embora tenha vindo a ser arquivada – originou um momento triste da nossa vida judicial com uma invasão da redacção de O MIRANTE por dois inspectores da Polícia Judiciária com mandado de busca e apreensão à procura das armas do crime. Não levaram nada porque nada havia para levar e porque, felizmente, não pertenciam à Polícia Judiciária Militar, senão teriam aparecido armas e munições em profusão.".

Francisco Teixeira da Mota lembra que o jornal foi alvo de censura prévia ao ser proibido de, durante os sete anos que decorreu o processo, ter sido obrigado pelo tribunal a "abster-se de editar, publicar, republicar, divulgar, distribuir ou difundir por qualquer meio e formato, texto, imagens ou registos áudio” que se referissem, directa ou indirectamente, ao advogado em causa", com a ameaça do pagamento de milhares de euros em caso de incumprimento.

"E, claro, porque a imprensa em geral, e a regional em particular, nada em dinheiro, a pagar milhares e milhares de euros por cada dia que algumas das condenações não fosse cumprida. Uma festa, sem a dignidade dos autos de fé inquisitoriais ou das queimas nazis de livros, mas mesmo assim digna de registo.", refere.

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