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Aeroporto em Pias Longas não entusiasma e tem muito para ser inviável
foto DR Aerodromo de Pias Longas foi inaugurado em 2016, depois de um processo de relocalização para não interferir com o parque eólico na zona

Aeroporto em Pias Longas não entusiasma e tem muito para ser inviável

Dono da pista nunca viu investidores, Governo não responde e terrenos são instáveis.

São poucos os que acreditam na ideia de instalar um aeroporto no aeródromo de Pias Longas, no concelho de Ourém junto ao limte com o de Torres Novas. Nem o presidente do Aero Clube de Pias Longas, Daniel Morgado, dono da pista actual, está entusiasmado com a intenção de investidores liderados por uma empresa brasileira, dizendo que vai esperar sentado.
A ideia tinha sido apresentada há um ano à Câmara de Ourém e passou despercebida, até que agora voltou à baila, quando foi apresentada ao presidente da Câmara de Torres Novas. Além de o presidente de Ourém, Luís Albuquerque (PSD), não mostrar grande entusiasmo, um anterior vereador socialista da mesma câmara, José Alho, que teve em mãos a alteração da pista, considera muito difícil que o aeroporto tenha asas para voar.
José Alho diz mesmo que a ideia “só pode ser uma brincadeira”, numa altura em que se discute a construção de um novo aeroporto para servir Lisboa. Prova disso é o facto de nem o presidente do Turismo do Centro ter ouvido falar do projecto. Pedro Machado, questionado por O MIRANTE, manifesta o seu apoio à opção de adaptação do actual aeroporto militar de Monte Real (Leiria). Pragmático, sublinha que este é o projecto mais maduro e o que está à frente em termos de viabilidade. Até o Governo não tem dado crédito ao assunto. A empresa anda há dois anos a pedir audiências para apresentar a intenção e nunca obteve resposta, segundo admite o próprio delegado da AESA – Aeroquip Europa S A em Portugal, João Folgado.

Uma localização com muitos contras
A ideia também esbarra em várias questões técnicas e ambientais. José Alho sublinha o facto de Pias Longas estar próximo do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, do qual já foi director, o que coloca logo à partida entraves ambientais. Já para não falar que é uma zona “cheia de algares e grutas”, uma delas a Gruta do Almonda, com terrenos instáveis em termos geológicos, explica Alho. Acresce o facto de a pista estar próxima de um parque eólico, o que para ultraleves serve, mas que limita as operações de aviões comerciais, sendo mesmo um factor de risco. A pista, em terra batida, já tinha sido desviada para permitir a instalação de aerogeradores.
As condições atmosféricas da zona também não são favoráveis, com nevoeiros e neblinas em muitos dias de Inverno, adverte o ex-autarca. O descrédito adensa-se porque nem sequer a entidade dona da pista sabe quem são os investidores, sabendo apenas que estiveram na Câmara de Ourém há um ano. “Não há nada de palpável, não há estudos de impacte ambiental, nunca vi documentos aprovados”, argumenta Daniel Morgado, admitindo que gostava que um projecto do género se tornasse realidade.
O delegado em Portugal da AESA – Aeroquip Europa S A, mentora da ideia, João Folgado, diz que a intenção é alargar a actual pista de 800 metros para quatro quilómetros, com capacidade para 160 voos diários. O alargamento da pista vai abranger o concelho de Torres Novas. Aponta que a proximidade a Fátima é “um ponto favorável e estratégico” para que o projecto totalmente privado, que envolve 17 entidades e com um investimento estimado de 200 milhões de euros, possa ser bem acolhido pelo Governo. A AESA é uma empresa de engenharia aeroportuária, considerada a maior da América do Sul, e tem sede em São Paulo (Brasil).

Pista esteve oito anos à espera de alteração do PDM

O Aero Club de Pias Longas passou por um processo de relocalização da pista para não interferir com a expansão do parque de energia eólica nas imediações. A situação obrigou a uma alteração ao Plano Director Municipal (PDM) e ao encerramento, em 2008, da antiga pista no Sobral, freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias. A autorização de instalação da pista chegou em 2013 e a licença da Autoridade Nacional de Aviação Civil no final de 2015. Só em 2016 o novo aeródromo foi inaugurado.

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