Templários Grupo Motard é o ponto de encontro para os amantes das motas em Tomar
O Templários Grupo Motard nasceu em Tomar em 2010. Começou com dez elementos e actualmente conta com cerca de 70 sócios. O grupo, que partilha o gosto pelas motas, reabilitou a antiga escola primária do Coito, transformando-a na sua sede. Reúnem-se todos os domingos numa tarde de grande animação, convívio e reencontros.
O Templários Grupo Motard é um grupo com história. Nasceu em 2010 na cidade de Tomar, pela mão de dez amigos que partilhavam o gosto pelas motas. Inicialmente juntavam-se em cafés e casas emprestadas até fazerem da antiga escola primária do Coito, em Tomar, a sua sede. Actualmente, o grupo conta com cerca de 70 sócios, sendo um dos principais grupos motards do concelho e da região. A animação está garantida nos encontros semanais que acontecem sempre nas tardes de domingo na sede da associação. Quem por lá passa diz que é um ponto de encontro onde se pode conversar, reencontrar amigos, jogar ou simplesmente desanuviar de uma semana de trabalho ou dos problemas do dia-a-dia.
O MIRANTE visitou a sede do Templários Grupo Motard numa tarde de domingo e falou com Manuel Pina, Aníbal Manuel e Aníbal Ferromau, três dos mais antigos elementos do grupo. Dentro da sede, sentados à mesa, começaram por recordar como surgiu a associação. “Andávamos de mota juntos e começámos a pensar que nos devíamos juntar e formar uma associação”, explicam. Começaram por pensar como é que devia ser o símbolo do grupo e decidiram que tinha que incluir a cruz dos templários.
Com sócios que vão desde os 26 aos 68 anos, não faltam actividades ao longo de todo o ano, como a concentração anual, o aniversário da sede, o aniversário do grupo ou participação em concentrações, inclusivamente em Espanha. Pela altura do Natal o grupo também tem a tradição de realizar uma angariação de fundos e bens para entregar a um centro de dia. No Dia de Todos os Santos também vão ao CIRE - Centro de Integração e Reabilitação de Tomar entregar presentes. A solidariedade é um dos focos do grupo. “A nossa ideia foi sempre essa e nós, os fundadores, sempre puxamos por isso”, sublinham.
Receber a antiga escola do Coito foi um processo complicado. Contam que foram umas cinco ou seis vezes à Câmara de Tomar para falar com a presidência: “diziam para termos calma porque havia muitas burocracias a seguir”, recordam. Quando chegaram à escola, há oito anos, o espaço estava muito degradado. “Estava tudo a cair, cheio de ratos, tivemos que reabilitar tudo”, garantem. Com a ajuda de todos conseguiram reabilitar a escola e dar-lhe uma nova vida, ainda aproveitaram um crucifixo centenário, muito tradicional nas escolas antigas, e uma salamandra. Agora, é o espaço ideal para os eventos anuais e encontros semanais, onde há snooker, matraquilhos, chinquilho e muita animação. Para o futuro querem criar uma cozinha num anexo localizado ao lado da escola.
Aos 10 anos já andava de mota
Manuel Pina, 68 anos, foi quem teve a ideia de criar o grupo. A sua paixão pelas motas começou em pequeno. Com apenas 10 anos já andava de mota. “Mas só andava ao pé da porta da minha casa, depois quando tirei a carta é que comecei a andar a sério”, explica. Nasceu em Lisboa, mas está a viver em Tomar desde os seis anos. Já esteve a trabalhar em Lisboa e em França. Está reformado, tendo exercido a sua vida profissional maioritariamente como pintor da construção civil. É casado há 44 anos e tem duas filhas que estão emigradas, uma na Suíça e outra no Luxemburgo.
Recentemente a sua vida levou um abanão. “A minha esposa sofreu um AVC misturado com uma embolia cerebral. Perde o equilíbrio quando vai a andar e agora tem andado pior. Tenho de passar muito tempo a cuidar dela”, conta. Este foi um dos motivos que levou Manuel Pina a deixar o cargo de presidente da associação, cargo que exerceu durante muitos anos.
Um bálsamo contra a doença e o stress
Tal como Manuel Pina, também Aníbal Manuel, 58 anos, está no grupo desde o início. Foi carteiro motorizado durante 30 anos. “Muito da minha paixão pelas motas começou aí”, afirma. Recorda que aos 14 anos já tirava a mota ao pai, às escondidas, e ia dar umas voltas. Aníbal Manuel é nascido e criado em Tomar e já está reformado por invalidez. “Tive um cancro nos intestinos há cinco anos, depois a coisa correu um bocado mal. Andei com saco durante uns tempos, depois chamaram-me a Santarém e disseram que tinha que me reformar devido à doença. Eu não queria, mas teve de ser”, explica.
Agora todos os anos tem de ser operado, mas afirma que o problema de saúde está “orientado”. Os seus dias são maioritariamente passados em casa: trata da horta, faz umas caminhadas e anda de mota. “É bom para apanhar ar, é uma liberdade enorme, não há palavras para descrever o que sinto a andar de mota”, sublinha.
Aníbal Ferromau, 61 anos, está no Templários Grupo Motard há 11 anos. A sua paixão pelas motas começou aos 18, quando tirou a carta. Confessa que já teve mais de 400 motas. Gosta de andar de mota todos os dias, não pode andar sempre porque a sua profissão não o permite. É pintor da construção civil por conta própria há 43 anos. “A andar de mota esqueço o trabalho e os stresses”, confessa.