Nersant tem novo presidente executivo e direcção sofre primeira baixa
Luís Ferreira é a escolha de Domingos Chambel para presidente executivo da Nersant.
João Lucas, um dos vice-presidentes, pediu demissão. O presidente estará a financiar a associação com dinheiro emprestado da sua conta pessoal por recusar o modelo de gestão que herdou de Maria Salomé Rafael. Dois anos e meio depois de tomar posse, para um mandato de dois anos, Chambel só agora vai apresentar o novo organograma e uma proposta de financiamento da associação.
Luís Ferreira, professor reformado, que em 2010 foi eleito director da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), um pólo do Instituto Politécnico de Tomar, é o novo presidente executivo da Nersant em substituição de António Campos. Luís Ferreira já passou a casa dos 70 anos e a sua experiência como gestor é desconhecida. Luís Ferreira foi apresentado aos funcionários na última segunda-feira e irá trabalhar a recibos verdes com um vencimento que rondará os cinco mil euros. No dia da apresentação do novo presidente executivo soube-se que a direcção sofreu a primeira baixa com a saída de João Lucas, que era um dos três vice-presidentes. João Lucas era considerado homem de confiança de Domingos Chambel, mas na carta de demissão acusa o líder de não ter uma linha de actuação para o presente e o futuro da associação. João Lucas seria, em princípio, o último a bater com a porta, daí que a sua saída possa estar ligada a outras razões que O MIRANTE não conseguiu apurar.
Domingos Chambel reuniu de emergência com a sua direcção duas vezes nos últimos dias, para discutir a saída de João Lucas da direcção, mas também o pedido de demissão de Patrícia Amorim, a principal responsável pela gestão da Startup de Santarém. A funcionária despediu-se e já não estará a trabalhar. Patrícia Amorim, tal como António Campos, era uma das funcionárias mais antigas da associação e daquelas que “também vestia a camisola”, como foi salientado pelo dirigente que nos fez chegar a informação. Sónia Roque, responsável pelo núcleo da Nersant de Ourém, outra das funcionárias mais antigas, também terá apresentado uma carta de rescisão do seu contrato de trabalho.
Domingos Chambel já estará a financiar desde Dezembro, com o seu próprio dinheiro, o dia-a-dia da tesouraria da associação, segundo garantiram a O MIRANTE funcionários que admitem que só assim é que têm conseguido receber os ordenados a tempo e horas. Domingos Chambel não concorda com o modelo de gestão que herdou de Maria Salomé Rafael e tem-se recusado nestes último dois anos e meio a pedir financiamentos aos bancos.
No dia do fecho desta edição, fonte da Nersant confidenciou a O MIRANTE que Domingos Chambel só agora se prepara para apresentar um novo organograma e um manual de financiamento para a associação. Aparentemente esteve à espera da saída de António Campos, que rescindiu o seu contrato de trabalho com justa causa, para fazer nos últimos meses de mandato aquilo que não fez em cerca de dois anos e meio que leva como líder da associação. Como O MIRANTE já escreveu noutros artigos, Chambel considera que o director-executivo era o rosto das duas presidências anteriores, e por isso fez tudo para lhe complicar a vida, acabando por prejudicar a actividade da associação e obrigar António Campos a pedir a rescisão do seu contrato de trabalho que durava há cerca de 27 anos.
Recorde-se que a Nersant tem um património superior a dez milhões de euros e já no tempo de José Eduardo Carvalho a associação tinha uma gestão profissional que, agora, parece estar a ser posta em causa por Domingos Chambel e restantes membros directivos.