Construir o novo aeroporto em sete anos é uma ilusão
O presidente da Associação Industrial Portuguesa, José Eduardo Carvalho, falou pela primeira vez em público sobre a localização do novo aeroporto e não escondeu o seu cepticismo quanto aos prazos apontados para a construção dessa infraestrutura no concelho de Benavente.
O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho, falou pela primeira vez em público sobre a localização do novo aeroporto e não escondeu o seu cepticismo quanto aos prazos apontados para a construção, bem como sobre as estimativas de passageiros, que considera exageradas. Sublinhando que a requalificação da Linha da Beira Alta já dura há 11 anos e ainda não acabou, questionou “como é possível acreditar que um aeroporto de raiz, com acessibilidades e nova ponte sobre o Tejo, pode ser estudado, planeado, licenciado urbanística e ambientalmente, construído e inaugurado em menos de sete anos?”, como “ilustres académicos e professores do Técnico defenderam”.
O dirigente da AIP disse mesmo que não acredita que ainda vá a tempo de apanhar um avião no futuro aeroporto Luís de Camões, tendo em conta o historial de planeamento e execução de grandes obras públicas no nosso país, recordando à plateia que já esteve no lançamento da primeira pedra do novo aeroporto na Ota e no Montijo. “Decerto que vai haver brevemente novo cerimonial em Alcochete e também espero lá estar”, afirmou com ironia durante uma conferência promovida em Santarém pela SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social.
José Eduardo Carvalho considera que a construção do novo aeroporto no concelho de Benavente vai ter reflexos mais acentuados sobre a economia nos eixos Alcochete/Montijo/Seixal/Barreiro e de Vendas Novas/Évora do que no eixo Benavente/Salvaterra de Magos/Almeirim. E deixou a questão no ar se a Companhia das Lezírias não irá transformar-se numa barreira e condicionar os fluxos de investimento e impedir que se estendam para norte. Na sua “análise empírica”, vincou José Eduardo Carvalho, o que lhe parece evidente é que na margem norte, o eixo Azambuja/Cartaxo/Santarém vai perder competitividade na atracção de fluxos de investimento, tanto mais que se vai confrontar com um “dique” provocado pela plataforma logística da Castanheira, “que não facilitará a passagem desses fluxos para norte”.