A empresária que tomou as rédeas do negócio familiar e o levou para novas paragens
Frederica Barros é administradora da Politejo, empresa de soluções termoplásticas para redes de infraestruturas, sediada em Azambuja, e que está presente em três continentes com dez unidades fabris. O seu espírito empreendedor levou-a a expandir a empresa para dois novos países continuando o legado do seu pai, fundador da Politejo. O foco e a perseverança são valores que têm acompanhado a empresária pelo mundo dos negócios.
O percurso de Frederica Barros como empresária começou a ser desenhado cedo. O ponto de partida deu-se muito antes de ir estudar Gestão para a universidade. O pai recrutava-a nos períodos de Verão para substituir funcionários que entravam de férias. Tinha 14 anos e passar os dias a trabalhar enquanto os amigos se divertiam não era propriamente o seu programa de eleição. Valia-lhe, como incentivo, o envelope com uma quantia monetária que recebia pelas funções até concluir a licenciatura. A Politejo, empresa fundada pelos seus pais, Ana Maria e João Barros, em 1978, e que hoje é líder nacional no fabrico de tubos e acessórios termoplásticos foi o seu primeiro emprego, onde cresceu, se fez líder e empresária.
Assim que acabou os estudos o pai incentivou-a a montar uma unidade fabril em Espanha para que pudesse dominar o negócio desde a edificação da fábrica, selecção de recursos humanos, à produção e venda do produto final. “Uma panóplia de experiências” que adquiriu e que lhe deu as ferramentas certas para conseguir chegar ao topo sendo empresária em três continentes e cinco países: Portugal, Espanha, Angola, Moçambique e Brasil e um universo de dez fábricas.
Frederica Barros é um exemplo de liderança no feminino, de perseverança e resiliência que tem levado a Politejo a bom porto num crescimento seguro e sustentado. O maior investimento da empresa, a construção da unidade fabril no Brasil envolvendo 12 milhões de euros, ocorreu quando o seu pai estava numa situação de doença terminal. Na mesma altura avançou com a instalação de uma unidade em Angola, montada em seis meses. As histórias de coragem da Politejo só foram possíveis com o apoio e trabalho da equipa que teve “a coragem” de acreditar nas suas decisões.
Administradora da Politejo há oito anos, recusa a ideia de que não é possível conciliar a vida profissional com a vida familiar, embora nem sempre seja fácil. Quando foi mãe pela terceira vez montou um quarto na sede da empresa, que a própria pintou, para estar perto da bebé. Reconhece que não foi, nem é, a mãe sempre presente, mas que se esforça para compensar as ausências passando tempo de qualidade com os filhos. Afinal, ser mulher é fazer “um jogo de cintura” apertado para conseguir chegar a todas as frentes, mas nunca o género foi para esta empresária sentido como um entrave para a progressão do negócio.
Surpreendem-na pela negativa os dados de que as mulheres continuam a ser uma minoria nos cargos de liderança das empresas portuguesas e orgulha-a o facto de na Politejo boa parte desses postos serem ocupados por mulheres, que chegaram aos cargos por mérito próprio. Frederica Barros não crê na ideia de que todos podem ser líderes só porque a família onde nasceram é dona de uma empresa. “Um líder deve ser nomeado por ter competências para o cargo” e tem de ser uma pessoa “inspiradora, que zela pelo exemplo, acompanha equipas e que é um facilitador e um incentivador”.
Crescimento, sustentabilidade e exploração de novos mercados
Frederica Barros é a administradora que está em todas as frentes: faz visitas regulares às fábricas, analisa desvios, toma medidas para que não se quebrem objectivos, estuda mercados e pensa novos investimentos. O próximo, que vai acontecer já no próximo ano, será a abertura de uma segunda unidade industrial no nordeste do Brasil, região que está com investimentos elevados para o abastecimento de água e implementação de saneamento básico, ou seja, uma janela de oportunidade para uma empresa que fornece os produtos necessários para esse tipo de empreitadas. Em simultâneo, a administradora está a estudar a possibilidade de investimento no mercado mexicano.
O grupo Politejo conta com 400 trabalhadores, 150 dos quais nas unidades instaladas em Portugal. Além do desafio de encontrar e formar novas equipas à medida que abrem novas unidades e do aumento da capacidade de produção, Frederica Barros tem dado atenção à sustentabilidade e ao meio ambiente, preocupações que o seu pai lhe transmitiu quando a levava pela mão a apanhar desperdícios de outras fábricas da região para reutilizarem no fabrico de produtos Politejo. Afinal, no mercado das soluções termoplásticas para o abastecimento de água, saneamento e agricultura, onde se quer desperdício zero, “sustentabilidade é a palavra de ordem”. A linha de produção Politejo labora com um sistema de águas fechado, ou seja, é sempre a mesma, sem desperdícios.
Enquanto empresária e administradora da Politejo, a maior preocupação de Frederica Barros é continuar a levar avante o legado que o seu pai lhe deixou guiando a empresa pelo caminho do crescimento sustentável e apostando no desenvolvimento das suas equipas, que são o motor para o sucesso desta empresa que se quer “familiar, mas com gestão profissional”.