Especiais | 30-11-2023 11:00

O jovem viciado em trabalho que revigorou o sector das paletes

O jovem viciado em trabalho que revigorou o sector das paletes
Jovem Empresário 
João Limão assumiu o comando da J. Limão Lda aos 19 anos quando o pai lhe passou a empresa tendo crescido ao longo dos anos no sector de gestão de paletes

Aos 33 anos João Limão conseguiu afirmar-se no sector de gestão de paletes e orgulha-se de ter feito crescer um negócio que começou praticamente do zero aos 19 anos de idade. O pai deixou-lhe a empresa só com um funcionário e hoje dá emprego a 25 pessoas. A empresa, que muito contribuiu para o rejuvenescimento do sector, desenvolveu-se também devido ao facto de o empresário ser viciado em trabalho. João Limão considera-se um empresário persistente e para ele nada é impossível até ser feito.

João Limão estava a terminar o ensino secundário quando o pai, sargento na força aérea, quis reformar-se e deixar o pequeno negócio de recuperação e revenda de paletes. Na altura a empresa tinha apenas um funcionário, e operava em Alcochete, mas João Limão decidiu agarrar a oportunidade. Em vez de ir para a faculdade, em 2010, assumiu sozinho o comando da empresa quando pouco ou nada percebia de gestão e num sector em que os restantes empresários desta área tinham mais de 50 anos.
Na altura o sector das paletes estava estagnado a nível nacional, mas a persistência e novas ideias do jovem empresário deram um abanão no mercado. Inexperiente, João Limão teve de provar o seu valor ao longo do tempo e conquistar um mercado já consolidado. Decidiu apostar na inovação e fazer diferente. Mudou procedimentos internos, apostou na modernização e aumentou o número de funcionários. Quando agarrou o negócio movia duas mil paletes por mês e hoje a empresa movimenta duas mil paletes por dia.
Até aos 25 anos o empresário encontrou muitas portas fechadas. As instituições bancárias não concediam empréstimos, dado o pouco historial da empresa, a inexistência de bens e a juventude do dono. Entre 2017 e 2018 a J.Limão, Lda solidificou-se e entrou para o mercado a trabalhar directamente com o cliente final. Até aí as paletes eram recuperadas mas encaminhadas para um revendedor. Passo a passo as instalações da empresa foram sempre crescendo, à medida que o volume de negócio também crescia.
Hoje a J.Limão é um grupo empresarial com vários serviços, tem 25 funcionários e 35% dos clientes são do mercado internacional e 65% do mercado nacional. Vendem para Espanha, Europa Ocidental e conquistaram um parceiro alemão. As paletes usadas são compradas, recuperadas e vendidas. Mas João Limão, depois de avaliar o mercado, começou a recuperar as paletes dos clientes fora de Portugal. Ou seja, uma palete exportada e que antes não regressava, agora é recuperada.
A empresa apostou em marketing e publicidade e a altura da pandemia acabou por trazer benefícios. Por causa da Covid-19 muitas empresas tiveram falhas de matéria-prima e quando os clientes foram ao mercado encontraram solução na J.Limão. O empresário pretende aumentar as instalações no Porto Alto, concelho de Benavente, para poder manipular mais paletes. O futuro poderá passar pela industrialização de alguns processos o que traria mais qualidade para os operadores e aumento da produção. O ano de 2022 foi o melhor para a empresa em termos de facturação apesar do aumento de quase 300% das matérias-primas. Este ano o volume de negócios desceu, mas os funcionários manipulam o dobro das paletes quando comparado com o período homólogo.

Nada é impossível até ser feito

João Limão define-se como um empresário persistente que procura encontrar soluções para todos os problemas. Para o empresário nada é impossível até começar a ser feito. Pegou na empresa sem rede para aparar as quedas, sem alguém para lhe fazer o trabalho difícil. Diz que quando o pai lhe entregou a empresa não lhe disse como pescar, mas deu-lhe a cana para praticar. Viciado em trabalho, chegava a passar entre 16 a 18 horas na empresa, entre os 20 e os 28 anos. Todo o progresso que conseguiu atribui às horas que passou a pensar e a trabalhar.
Quando os colaboradores do armazém têm problemas o gestor ajuda-os a pensar e a encontrar uma saída. O seu percurso profissional foi acompanhado desde sempre pela esposa, Maria Fonseca, que trabalha no escritório, e também pela sua equipa, o pilar mais difícil de construir. Têm estado com ele no desenvolvimento da empresa. Todos os investimentos que fez na empresa foram à medida da carteira. Mas cometeu erros por falta de formação académica e correu riscos por desconhecimento do funcionamento do mercado. João Limão conta que derrapou em algumas tomadas de decisão, mas sem queixumes diz que isso faz parte do seu percurso.
A formação que tem foi adquirida com experiência profissional, mas assim que tiver disponibilidade pretende tirar um MBA de gestão empresarial. Desde que foi pai mudou a forma de pensar. Admira a esposa, que esteve sempre ao seu lado, e ambos olham para as horas passadas a trabalhar como um esforço que compensou. Com uma filha de três anos gostava de dar continuidade à empresa, tal como o pai fez consigo. Como jovem empresário João Limão considera que a carga fiscal é muito elevada no país o que condiciona o aumento da mão-de-obra. Com mais idade, mais experiência, mais conhecimentos, o empresário está mais confiante para conquistar qualquer cliente, por mais exigente que seja, também porque confia plenamente na equipa que gere.

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