Opinião | 02-12-2024 13:27

Aviões: Alverca está debaixo de um inferno

Aviões: Alverca está debaixo de um inferno

Aproveito para informar: ontem, domingo, dia 1 de Dezembro de 2024, a passagem dos aviões sobre Alverca do Ribatejo foi alucinante, uma verdadeira loucura, um pesadelo. Desde madrugada, não houve um pequenino intervalo. Arrisco a afirmar que as passagens foram de minuto a minuto, incessantemente. Hoje (são 9 horas da manhã) já cá os temos, ininterruptamente, desde as 5 da madrugada! Será que vamos aguentar?!

Em quase toda a comunicação social se anuncia que os horários dos voos dos aviões foram, «finalmente», estipulados pelo Governo, abrangendo a zona sul do concelho de Vila Franca de Xira: cessam à meia-noite e recomeçam às cinco da manhã!
Quer isto dizer, que a população residente nas zonas afectadas pelo barulho infernal e nocivo dos aviões, conta apenas com CINCO horas de descanso (durante as horas de sono, pela madrugada), retiradas às vinte e quatro horas que perfazem o total das horas de um dia inteiro.
A pergunta surge, como é natural: e as restantes dezanove horas que completam um dia na sua totalidade?! Os nossos governantes que respondam. Será sua intenção manter essas dezanove horas, diáriariamente, preenchidas com a impune imposição dos voos constantes, quase de minuto a minuto, a transformar a vida de cada um (que devia ser tranquila e normal), no inferno em que se tornou residir na cidade de Alverca do Ribatejo e localidades em redor?!
De que terá servido o encontro do presidente da Câmara de V.F. de Xira com o ministro das Infraeestruturas Miguel Pinto Luz? As promessas em que se acreditou, que viria a registar-se a esperada mudança, estão à vista. Diria, mesmo, sem margem de erro, que o problema se agravou. Dia a dia, torna-se mais difícil e insuportável viver esta situação e ninguém nos ouve. O sobressalto constante e atroador da passagem de um avião atrás do outro, com toda a carga de malefícios para as populações, imprópria, perturbadora, abusiva, lesiva, a fazer dos nossos dias um tormento, tem de ter um fim. Não se pode menosprezar e abusar das populações e dos seus direitos, sem respeito, sem mérito nem critério. Se o ministro não soube resolver a questão (os interesses económicos falam sempre mais alto do que a saúde e o bem-estar das populações), que as nossas palavras, o nosso apelo, cheguem ao Primeiro Ministro!
Do presidente da Câmara, parece que nada mais há a esperar. Não vem resposta. Terá pensado, talvez, ter feito o que devia ser a sua obrigação. Mas não chega, De braços cruzados não se vai a parte alguma (por vezes nem com eles bem descruzados, como é o caso!). É preciso insistir. Exigir. No próximo dia 16 fará 7 meses que se vive nesta angústia, nesta sensação de que somos uns coitadinhos que temos de suportar esta ditadura que nos é imposta.
Senhores governantes, se ocupam os vossos lugares é para governar e atender o povo e não para fazer do povo um mandarete que se curve às vossas vontades e abusos. Abusos que envergonham um país que se diz democrático. Não nos obriguem a desejar outras orientações políticas, ou a pensar que o 25 de Abril nunca existiu, que foi um sonho. A cada dia que passa, continua a longa espera pela solução que desejamos e cresce a indignação, o desagrado, a dúvida. E a exaustão também.
Acresce dizer que, anunciados ou não pelo Governo, os horários propalados pelos órgãos de comunicação social, nem sequer são verdadeiros. A prova está, que no dia 27 de Novembro último, passou por Alverca do Ribatejo um avião eram 4 horas e 30 minutos da madrugada, logo seguido de um outro eram 4 horas e 40 minutos!
A esta problemática, juntou-se a «voz» da «Associação Ambientalista 0». Com uma certa graça, «exigem que o voo dos aviões se faça até à meia-noite e tenha início às cinco horas da manhã»!!! Uma espécie de «chover no molhado» ou uma cassete do Governo? Parece...
Senhores ambientalistas a vossa ajuda continua a ser nula, Essa «exigência» de horários, é uma cópia do que foi decidido pelo Governo (aliás, falsa como afirmei nas linhas acima).
Não pensaram que nem toda a gente se deita à meia-noite, nem se levanta às cinco horas da madrugada?! Há quem se deite entre as vinte e uma e as vinte e duas horas, principalmente as crianças e os jovens estudantes, que terão de deitar-se cedo, devido ao início das aulas pela manhã, e os idosos, em certos lares de Alverca do Ribatejo, que, absurdamente, vão para a cama às vinte horas?
Tal como não há quem tenha necessidade de levantar-se quando o galo canta! Às cinco horas da manhã, será uma minoria, devido, certamente, aos trabalhos que desempenham.
Na circunstância, acho oportuno acrescentar, que os especialistas recomendam em média 8 horas de sono, sem interrupções, por ser durante o sono que o organismo exerce as principais funções restauradoras do corpo. Durante essas horas, é possível repor energias e regular o metabolismo, fatores essenciais para manter o corpo e a mente saudáveis.
Tendo em conta a importância de uma boa noite de sono (que há muito anda arredio das camas de Alverca do Ribatejo e localidades em redor), o Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, recomenda também que devemos dormir de sete a oito horas – embora o ideal fosse dormir nove horas por noite.
Fica a pergunta: será com o horário proposto pelo Governo, de os aviões circularem até à meia noite e voltarem a circular às cinco horas da manhã, que vamos ao encontro destas acauteladas sugestões?
Senhores Ambientalistas 0: os horários que «exigem» só beneficiam a NAV e em nada ajudam a resolver o problema. Um tal horário só faria sentido se voltássemos aos antigos corredores aéreos, antes de 16 de Maio passado. Se os antigos voos vierem a ser retomados, qualquer horário será aceitável. Reclamações? Só se vierem do Estuário do Tejo, da lezíria de Loures ou do Mouchão da Póvoa!
Aproveito para informar: ontem, domingo, dia 1 de Dezembro, a passagem dos aviões sobre Alverca do Ribatejo foi alucinante, uma verdadeira loucura, um pesadelo. Desde madrugada, não houve um pequenino intervalo. Arrisco a afirmar que as passagens foram de minuto a minuto, incessantemente. Hoje (são 9 horas da manhã) já cá os temos, ininterruptamente, desde as 5 da madrugada! Será que vamos aguentar?!

Soledade Martinho Costa
(Escritora e jornalista residente em Alverca do Ribatejo)

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