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Gases poluentes não são importantes na compra de automóvel

Informação está disponível nos stands do distrito mas ninguém lhe liga

Quem compra carro novo quer saber do preço, do consumo, dos extras, dos descontos mas não liga nenhuma aos níveis de poluição que vai produzir quando andar com a viatura na estrada. Isso mesmo foi confirmado por O MIRANTE junto de alguns stands de automóveis do distrito, um ano depois da entrada em vigor de legislação que obriga à disponibilização dessa informação aos consumidores.

Ninguém liga aos níveis de emissão de gases poluentes na hora de comprar carro novo. Nos concessionários das principais marcas de automóveis no distrito a informação sobre os níveis de poluição das viaturas está afixado, como é obrigatório por lei, de há um ano a esta parte, mas os clientes só querem saber dos preços, níveis de consumo e descontos... o ambiente pouco importa.No stand da Opel em Santarém, por exemplo, cada carro tem colado em zona visível a poluição que provoca quando circula mas até agora só uma pessoa pediu informações sobre o assunto. E só o fez porque profissionalmente estava ligada à área do ambiente. “Talvez só 2 por cento dos clientes ligue a isto. Mas ninguém escolhe o carro atendendo à maior ou menor poluição que provoca”, explica Ricardo Brites, chefe de vendas da Sousa S.A. que pertence ao Grupo Sousa Lima e que representa, para além da Opel, as marcas Peugeot, Toyota e Fiat. “As pessoas olham mais para o papel por curiosidade. Perguntam para que serve, mas depois não se interessam mais”, explica Fernando Pena da A. Ferreira em Abrantes. Uma posição secundada por Ricardo Brites e Frederico Roque da Roques, concessionário Renault em Santarém. Para Fernando Pena é tudo uma questão de mentalidade. “As pessoas não estão sensibilizadas para as questões ambientais. Infelizmente e pelo que vejo muitas nem sequer olham para o papel com os parâmetros das emissões poluentes que estão afixadas”, reforça o director comercial da A. Ferreira, concessionário da Rover, Seat, Mitsubishi e Suzuki. A afixação dos níveis de emissão de gases nos diferentes modelos de viaturas é obrigatória por lei mas acaba por não ter efeitos práticos devido ao desinteresse dos consumidores. No entanto Fernando Pena defende que a situação se mantenha. “Isto acaba por ser uma forma de ir alertando as pessoas”. E água mole em pedra dura... Para Frederico Roque ainda vão passar alguns anos até que as pessoas comecem a equacionar, na altura de comprar carro, para além do preço, as questões da poluição. “Quem adquire um carro devia saber o quanto está a contribuir para a degradação do ambiente. E isso, pelo menos em termos de informação, é importante”, diz o director comercial da Roques. No stand da Roques o papel informativo está colado no vidro da viatura do lado do condutor. Nele está uma grelha com a marca e modelo do carro, a cilindrada e transmissão, o combustível usado, os consumos de combustível e a emissão de gases poluentes. Para o caso de um Renault Twingo com 1.149 centímetros cúbicos de cilindrada e 16 válvulas a emissão de gases, nomeadamente dióxido de carbono, é de 140 gramas por quilómetro. Isto para um carro a gasolina que gasta 5,9 litros aos 100 quilómetros. No mesmo folheto é dito que “estará disponível gratuitamente em todos os postos de venda um guia sobre a economia de combustível e as emissões de CO2 (dióxido de carbono)”. Alerta-se ainda para o facto de o tipo de condução afectar o consumo de combustível e as emissões poluentes e que o CO2 é o principal gás com efeito de estufa responsável pelo aquecimento do planeta. Apesar dos consumidores não ligarem a este tipo de informação, a Inspecção-Geral das Actividades Económicas tem estado atenta ao cumprimento da legislação. No distrito de Santarém até ao momento ainda não foram levantados processos de contra-ordenação por incumprimento da obrigação de informar os consumidores. No entanto, quem não cumprir esta obrigação incorre em multas que vão desde os 498 euros a 3.740 euros, no caso de pessoas singulares, e de 2.493 euros a 44.891 euros no caso de se tratar de pessoas colectivas.

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