Se quer ter as sarjetas limpas junto à sua moradia, na Rua da Besteira, nos arredores de Santarém, Manuel Guterres Nogueira tem de se agarrar à enchada e tratar do assunto porque já desistiu de esperar pelos funcionários da câmara. “Se há sarjetas limpas é porque eu faço esse trabalho, porque da câmara ninguém o faz”. Foi para dizer isso mesmo alto e em bom som que o munícipe aguentou estoicamente mais de sete horas na última reunião do executivo da Câmara Municipal de Santarém para, no final, já passava das dez da noite e no período destinado ao público, denunciar cara a cara aos políticos essa e outras situações que o afectam e à população da zona da Besteira.Aproveitando o tempo de antena, o cidadão queixou-se do “estado lastimável” em que se encontra a Rua da Besteira, recheada de buracos e crateras, alegadamente provocados ou acentuados pelo trânsito de camiões de uma empresa construtora que tem ali um estaleiro. Uma situação que diz já ter denunciado por carta tanto à câmara como à Junta de Freguesia de São Salvador sem quaisquer resultados práticos.Tal como a questão da urbanização do Bairro Trigoso, que Manuel Nogueira afirma ter sido “votada ao ostracismo” devido ao jogo do empurra que dura há mais de uma década entre a câmara e o loteador sem que nenhuma das partes assuma o arranjo dos arruamentos dessa zona de moradias. Um assunto que aliás foi tratado por MIRANTE em edições recentes. O mesmo morador considera que as garantias exigidas ao loteador (dois lotes) deviam ser accionadas pela câmara para assegurar a execução em condições das infraestruturas viárias. Já na Rua 19 de Março, Manuel Nogueira refere que o piso é bom, mas a via estreita e “sem defesa para os peões”, aludindo às dificuldades que existem sempre que dois carros têm que se cruzar.Pelo meio ficou também o alerta para o deslizamento de terras que ocorreu há algum tempo na Estrada Municipal 1582, que conduz a Vale de Lobos. Essa situação provocou a acumulação de terras na estrada que já terá causado alguns acidentes, entre os quais um em que o queixoso foi vítima.“O que pretendo é que se tenha um bocado de atenção para aquela zona”, explicou no final da sua exposição. Mas a única resposta que levou foi um “muito obrigado” do presidente da câmara, Rui Barreiro (PS).