Um supermercado para imigrantes de Leste
Loja “Ieve” abre no Cartaxo
Salmão, cavala e arenque fumado, ovas de bacalhau, conservas de tomate e pepino, trigo sarraceno e sumos com sabor a ervas aromáticas são alguns dos produtos comercializados no supermercado “Leve”, no Cartaxo, criado especialmente para os imigrantes da Europa de leste.
A loja, que abriu no início do mês na Travessa do Comendador, no centro da cidade do Cartaxo, é a primeira do género a surgir no distrito de Santarém. “É uma forma de ajudar os imigrantes a matar as saudades do seu país”, revela Manuel Amaro Duarte, proprietário do supermercado que funciona em regime de franchising.Os hábitos alimentares dos milhares de imigrantes de leste que nos últimos anos se fixaram um pouco por todo o distrito de Santarém são diferentes dos portugueses. Os clientes ucranianos procuram muito os peixes, as carnes fumadas, os produtos congelados e enlatados. Na loja estão também à venda iogurtes, gelados, maionese e natas de sabores diferentes. Uma parte significativa das prateleiras é ocupada com garrafas de vodka, cerveja, sumos de pêra e ervas aromáticas. Não faltam também os bombons, bolachas e chás. Há cerca de um mês e meio Manuel Duarte decidiu avançar com o negócio. Depois de rebentar a crise dos nitrofuranos, que prejudicou os comerciantes que se dedicavam à venda de churrasco, Manuel Duarte não ficou de braços cruzados e procurou uma segunda oportunidade de negócio.A ideia inicial era criar uma loja do imigrante que oferecesse os produtos mais familiares de brasileiros, africanos e de cidadãos de leste, mas percebeu que muitos desses géneros já estavam facilmente disponíveis nas grandes superfícies.O comerciante foi informar-se à embaixada da Ucrânia para saber se teriam importadores de produtos de leste até que descobriu a marca “Leve”, que tem várias lojas no país com o mesmo nome.Todos os produtos são importados de Leste pela empresa mãe “Leve” que fornece o supermercado. Até aqui muitos dos imigrantes a residir no concelho tinham que deslocar-se a uma loja de Lisboa para comprar alguns ingredientes muito utilizados na comunidade ucraniana. É o caso do trigo sarraceno que é usado como arroz na culinária ucraniana. Mesmo antes de abrir o inovador estabelecimento comercial Manuel Duarte já tinha como clientes da sua churrasqueira alguns imigrantes de leste. Uma carteira de clientes que continua a manter para o novo estabelecimento, que inclui duas das suas funcionárias da churrasqueira.Os imigrantes têm normalmente pouco poder de compra. Muitos alimentos são comprados nas cadeias de supermercados com preços mais baixos. “Os produtos mais típicos vão depois procurá-los ao supermercado”, esclarece.Na loja os clientes podem deixar sugestões sobre produtos que gostariam de ver comercializados no estabelecimento. A loja está aberta toda a semana, com excepção da segunda-feira, entre as 15h00 e as 21h30. Aos sábados, domingos e feriados funciona a partir das 9h00.Os novos produtos já atraíram também clientes portugueses que procuram a loja para conhecer novos sabores dos chás, gelados e iogurtes.Mas porque nem só de pão vive o homem o supermercado tem também à disposição livros e Cd’s na língua mãe dos imigrantes, para que ao nível cultural também se possam sentir em casa. Na loja os imigrantes podem levar um livro emprestado deixando uma caução.Um livro para ler em três dias custa um euro. “São pessoas que estão habituadas a ler muito”, justifica o empresário.
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