A reacção do executivo da câmara de Torres Novas à reportagem publicada na edição da semana passada de O MIRANTE , sobre a existência naquela cidade de uma residência de estudantes que custou duzentos mil contos do nosso rico dinheirinho e que nunca foi utilizada, foi rápida e esclarecedora. Vinte minutos antes das duas da tarde, poucas horas depois do jornal chegar às bancas, chegava um fax à nossa redacção, dando-nos 48 horas para explicarmos como tinhamos obtido fotos do interior do edifício. A sublinhar a intimidação, uma ameaça. “Considerando que foi devassada uma propriedade privada”, a Câmara reserva-se “a participar os presentes factos ao Ministério Público para efeitos de procedimento criminal”.O tom prepotente do ofício, assinado pelo vereador Pedro Lobo Antunes, é demonstrativo da maneira como é encarada a liberdade de imprensa pela maioria socialista que governa o município. Em vez de explicar, como é seu dever, porque sustenta uma situação de “monumental desperdício”, para utilizar uma expressão feliz do vereador da CDU, Carlos Tomé, tenta inverter os papéis. O edifício tem sido devassado ao longo dos tempos. Como contamos na reportagem, há pessoas que lá dormem e outras que já levaram do seu interior diversos materiais. A PSP já por diversas vezes chamou a atenção da autarquia para a existência de sinais claros dessa devassa, mas os vereadores da maioria nunca ligaram. Agora, que O MIRANTE mostrou aquilo que não queriam ver revelado, a devassa já lhes interessa. Uma tentativa de retaliação no melhor estilo.